Livros para soltar as bruxas e pegar os sacis

29/10/2020

É Dia das Bruxas ou Dia do Saci? Talvez, nesta época do ano, os sacis estejam soltos por aí, revirando umas abóboras e depenando umas vassouras. Para celebrar todas as criaturas que fazem coisas sobrenaturais e dão aquele medinho, o Blog preparou uma lista com sugestões de livros de terror e assombração especialmente para personagens assustadores – ou nem tanto. Tem opções de leitura para cucas, mulas sem cabeça, zumbis, bruxas, lobos e crianças também.

LEIA MAIS: Quem tem medo dos contos de fada?

Ilustração de Axel Scheffler para Carona na vassoura

Mas como começou essa história toda?

A festa do Halloween, que é muito popular no Estados Unidos, também é celebrada na Europa, onde teve sua origem. Era um ritual ancestral do povo celta, que celebrava a passagem das estações da luz para a escuridão, ou seja, do verão para o inverno no hemisfério norte, e ocorria por volta de 1 de novembro. As fantasias serviam para afastar os espíritos malignos, uma vez que, segundo a crença celta, a divisão entre o mundo dos vivos e o dos mortos ficava mais frágil nesse dia.

O catolicismo tentou assimilar a prática pagã e estabeleceu que 1 de novembro seria o Dia de Todos os Santos - ou All Saints' Day, que posteriormente virou All Hallows' Day. A véspera - 31 de outubro - ficou conhecida como All Hallows' Eve (a véspera do dia de todos os santos). Com os primeiros colonizadores, seguiu para a América do Norte e adquiriu as características da festa que se conhece hoje.

LEIA MAIS: Contos para rir, chorar e sentir medo

Como a data começou a se popularizar no Brasil, principalmente nos centros urbanos, um movimento reivindicou a data para o nosso pregador-de-sustos-mor. Em 2003, houve projetos de lei municipais e estaduais em São Paulo para estabelecer o Dia do Saci em 31 de outubro e a data ganhou espaço.

Por isso, vamos começar nossa lista com uma bruxa bem brasileira.

A Cuca ilustrada pela Lole, em O Saci, do Lobato

Para a Cuca: Quem matou o Saci?

A Cuca toca o terror na turma do Sítio do Picapau Amarelo. A “bicha”, que é meio bruxa e meio monstro e tem “cara de jacaré e garras nos dedos como os gaviões” (O Saci, Letrinhas), só dorme uma noite a cada sete anos! Pode até ser muito má, mas deve estar sempre esgotada. Então, que tal uma boa história para ler antes de dormir? Tipo, Quem matou o Saci?, da Brinque-Book, um suspense que investiga a morte do personagem do dia, outra figurinha carimbada do sítio. Esperamos que não tenha sido a própria Cuca!

 


 

 

Ilustração de Marjolaine Leray para Mula sem cabeça: a origem, da Letrinhas

 

Para a mula sem cabeça: Nas águas do rio Negro

Outra personagem bem medonha é a mula sem cabeça, que, na verdade, é uma moça de 18 anos chamada Isoldinha. A pobre é castigada com a maldição de virar mula por ter beijado o padre da cidade (Mula sem cabeça: a origem, Letrinhas). Para quebrar o feitiço, só se encontrar alguém bem corajoso que consiga tirar o freio de ferro de sua cabeça invisível. Difícil. Mas que tal um médico que se perde na região amazônica e talvez até já tenha topado com ela? Por isso, indicamos Nas águas do rio Negro, da Letrinhas, para a Isoldinha. O narrador é o tal médico, que, zanzando pela floresta, encontra vários personagens do nosso folclore. De repente ela bola um plano para que ele possa ajudá-la, finalmente!

 


Mortina, ilustrada por Barbara Cantini

Para a Mortina: Coelho 13º e o Olho que Tudo Vê

Para a menina zumbi mais fofa de que se tem notícia - e que fez seus primeiros amigos humanos bem num dia de Halloween -, a dica é Coelho 13º e o Olho que Tudo Vê, da Letrinhas. A Mortina pode se identificar com a história de Coelho: um menino também diferente, que queria fazer amigos e vivia num casarão decrépito com o tio Rupert e a tia Annaconda. Porém, o lar de Coelho era o decadente hotel da família, bem menos agradável que o Palacete Decrépito. Tia Annaconda também poderia tranquilamente ser chamada de bruxa, de tão cruel com o sobrinho e, portanto, bem diferente da Tia Fafá Lecida. Um suspense com vibe de terror, assim como o personagem principal, que é bem fofo, na verdade.

 


O lobo de Alexandre Rampazo

Para o Lobinho: Este é o lobo

A dica para o Lobinho, de Lobinho na escola da enganação, é Este é o lobo, da Pequena Zahar. Por se comportar muito bem, o filhote é enviado a uma escola especializada em formar lobos bem maus. Lá ele aprende tudo que precisa para virar o mau-caráter que todos esperam que ele seja. Acreditamos que ele vai gostar de conhecer uma história de lobo diferente, e de saber que nem todos precisam seguir os mesmos e assustadores caminhos trilhados por seus antepassados lobos. Libertador, não?

 


 

Detalhe da capa de Bruxa, bruxa

Para a Zoé: Bruxa, bruxa, venha à minha festa

A dica final vai para a Zoé, de A estranha Madame Mizu, da Letrinhas. A pobre menina passa bastante tempo sozinha em casa porque os pais trabalham demais. Ela tem certeza de que sua vizinha de cima, a Madame Mizu, é uma bruxa e quer devorá-la. Sugerimos que ela leia Bruxa, bruxa, venha à minha festa, da Brinque-Book. Assim, ela pode conhecer a experiência de outra menina, que tanto não tem medo de bruxa que até resolve chamá-la para uma festa em casa – além de outros personagens atemorizantes. Quem sabe a Zoé não se anima a chamar a Mizu para um chá? No mínimo, ela teria a companhia do livro, que é sempre uma ideia boa. 

Leia mais:

+ Histórias de assombração cultivadas em família

+ Quem aqui está com medo?

+ A carpintaria da Morte

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog