Publicados pela primeira vez em 1994 e quase completamente reescritos para esta nova edição, os sete contos de O livro dos lobos falam de um tempo - o nosso - em que as pessoas vivem enclausuradas no próprio pensamento.
Publicados pela primeira vez em 1994 e quase completamente reescritos para esta nova edição, os sete contos de O livro dos lobos falam de um tempo - o nosso - em que as pessoas vivem enclausuradas no próprio pensamento.
Mesmo sem referências específicas quanto à época e ao local em que transcorrem os contos deste livro, o leitor não tem dúvida: eles se passam no mundo em que ele próprio vive. Referem-se a indivíduos reais, que sofrem e fazem os outros sofrerem no confronto diário com perguntas e enigmas dos quais são o objeto, mas não os autores. E a atmosfera aparentemente fantástica em que se movem os personagens é, na verdade, uma tradução realista do sentimento de irrealidade em que vive esse mesmo leitor.
Oprimidos pelas exigências e pressões de um mundo em crise, os protagonistas de O livro dos lobos são incapazes de reconhecer a possibilidade de comunicar-se e de criar. Seu pensamento, confinado pela indiferença e a ambição que caracterizam o quadro social em que vivem, só pode dar voltas no mesmo lugar.
O que procura a adolescente que, numa viagem de férias, se embrenha sozinha em serras cada vez mais remotas e mais apartadas do modo de vida de seus pais? O que pretende um garoto órfão, residente num antigo seminário nas montanhas, ao se aproximar de um casal de lobos à noite e assimilar os seus hábitos? De onde vem o medo da jovem professora para quem os alunos são uma ameaça incontrolável? Não há respostas precisas para esses enigmas e perguntas: o importante é que sejam formulados.