Por que ler com bebês? Descubra aqui e ainda conheça 7 livros para eles!

23/07/2020
A partir de quando ler para bebês? Por que é importante esse momento para crianças tão pequenas? Será que elas entendem alguma coisa do que estamos lendo? Que livros escolher para os muito pequenos? Se essas são suas dúvidas também, vamos abordar aqui temas que vão te interessar:
  • Começamos contando por que é importante ler para os bebês e do que eles gostam mais!
  • Depois, trazemos três dicas de como ler para eles. Spoiler de uma delas: não se importe se seu pequeno vai entender a história! ;-)
  • E, além disso, indicamos sete obras na medida para animar o bebê leitor e um post que ajuda a pensar critérios d escolha dos livros para essa faixa etária.

Nada melhor que histórias, amor, colo e diversão! Imagem: A árvore de bebês, de Sophie Blackall

Ler: afeto e vínculo

Desde mais ou menos o quinto mês de gestação, um feto já é capaz de perceber as ondas sonoras emitidas pela voz da mãe ou do pai. Mais que isso: ele consegue sentir o afeto através dessas ondas e, assim, se inicia um processo de vinculação profunda, olha que bonito! É por isso que a especialista e mediadora de leitura Edi Fonseca diz que as mães e pais já podem ler para seus filhos e filhas desde antes de nascer, o famoso ler "para a barriga" :-) A leitura pode mexer com partes importantes do cérebro do bebê e ainda acalma o pequeno, que reconhece o timbre acolhedor da mãe.

Colo

Para Edi Fonseca, estar junto com os pequenos, com a atenção focada neles e na história para eles, lendo naquele timbre de voz amoroso e acolhedor que eles conhecem e amam, compartilhando emoções da leitura é uma espécie de banho de afeto.

Leitura compartilhada é foco no bebê, na criança pequena, um momento em que estamos disponíveis. Imagem: O livro de Lívio, de Hrefna Bragadottir

As palavras que abraçam, o ritmo, estar pertinho, rindo junto, se assustando junto, lendo daquele jeito especial que seus filhos adoram... puxa, quer presente maior que esse? Pense nesse momento como um colo simbólico -- e às vezes literal. Filhos e filhas costumam adorar um colinho na hora da leitura, né não?

Pequenos artistas

Olha só que bacana: A primeira infância é considerada uma das fases mais privilegiadas da vida para tomar contato com as artes e se apropriar delas, pois a forma com que observamos o mundo quando somos bem pequenos é muito mais definida pela experiência e pelo sentir (usando o campo do sensível e das emoções) do que pela racionalidade. É como se primeiro experimentássemos e sentíssemos para, depois, tentar entender e categorizar -- ou racionalizar. As linguagens como a escrita, a matemática, as ciências estão mais no campo da racionalidade. Já as linguagens artísticas ficam mais no do sensível.

Arte é expressão e forma de conhecer a vida. Imagem: Uma família é uma família é uma família, de Sarah O'Leary (texto) e Qin Leng (imagens)

Daí que quanto mais cedo as crianças têm contato com manifestações artísticas, melhor se desenvolvem emocionalmente e, depois, intelectualmente quando chegar a hora de alfabetizar, por exemplo.

Bebês amam palavras e ritmos

Tem outra coisa muito interessante que os especialistas costumam falar sobre os bebês e que, às vezes, a gente nem imagina: bebês são ótimos "leitores" de poesia. Incrível, né? Sabe por quê? Porque poesia é palavra, som, ritmo, brincadeira. Tudo o que um bebê adora. Os pequenos recém-chegados têm um grande desafio, que é entender nossa linguagem, por isso, tudo o que tem a ver com ela os encanta e interessa. Já o ritmo faz parte da vida deles desde sempre. Havia ritmo na barriga, há ritmo na vida e no dia a dia (hora para comer e dormir, hora do sol, hora da fruta da tarde e assim por diante). Assim, eles se sentem confortáveis no ritmo e muito interessados nos sons que produzimos ao falar, na sonoridade das palavras, nas repetições (que os ajudam a categorizar, entender e antecipar...). Contos de repetição, de acumulação, textos rimados -- além dos poemas -- são, por isso, gêneros textuais bem indicados para bebês e crianças pequenas. Livro-imagem e aqueles que tratam os medos com humor (os repletos de monstros, por exemplo) também são boas pedidas. Animou para ler com os pequenos -- e desde muito pequenos? Então olha essas dicas:

3 dicas para ler com eles

Como os bebês "leem"? Aqui, separamos algumas dicas que podem ajudar você na hora de ler para o pequeno.

1-) Não se importe se seu filho "entende" a história

O momento compartilhado, que cria vínculos para a vida toda, é muito mais importante do que a compreensão racional do bebê sobre as palavras e histórias. O que vale é o brincar com as palavras, sentir o ritmo, ouvir o som na voz acolhedora dos adultos que são a referência de afeto do seu filho. As crianças muito pequenas estão atentas ao carinho e dedicação e é isso o que desejam. “O livro não é nada. Se fica lá parado, é um objeto decorativo. Quem vai dar sentido [ao livro] é a relação. Juntos, estamos apreciando as mesmas coisas, estamos olhando para a mesma ilustração, estamos pensando na mesma história.”, contou Edi Fonseca, numa conversa que concedeu para a gente em 2018. 

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2-) Leia exatamente como está no texto

Às vezes, diante de uma palavra menos usual ou de uma construção mais complexa, não resistimos à tentação de trocar por opções mais simples. Edi Fonseca recomenda ler exatamente como está no livro. É justamente a “música diferente” dessas palavras “difíceis” um dos encantos da leitura para os pequenos. A ponto, lembra ela, de os bebês as guardarem de cor e chamarem a atenção dos adultos quando não leem “direitinho”.

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3-) Deixe que ande e se movimente

Bebês “leem com o corpo”, ou seja, não ficam necessariamente parados ouvindo. Têm uma atenção muito focada, mas mais difusa e mais corporal. O que não quer dizer que, ao sair andando por aí enquanto o adulto lê, não estejam gostando ou prestando atenção. Portanto, siga a leitura, procure encontrar o ritmo que mais agrada ao pequeno ouvinte e deixe que ele manifeste o prazer da leitura movimentando-se, com o corpo.

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Dúvidas na hora de montar a biblioteca do bebê aí de casa? Indicamos na sequência sete livros super bacanas, ótimos para ler com os pequenos. E esse post aqui embaixo traz dicas valiosas sobre critérios de escolha das obras que você apresenta para seu / sua filho /a: https://blog.brinquebook.com.br/5-dicas-de/5-dicas-de-como-escolher-e-ler-livros-para-bebes-e-criancas-pequenas/

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7 livros para ler com bebês e crianças pequenas

Rimas, poesia, contos de acumulação, livro-imagem, brincadeiras com as palavras, ilustrações instigadoras e histórias com as quais os pequenos possam se identificar são alguns critérios para escolher uma boa obra para os bebês. Olha só a nossa lista:

1-) Abrapracabra

Na história, dona cabra caminhava perto de sua casa quando encontrou uma lâmpada encantada. “Pense uma palavra mágica, mas cuidado ao falar, um desejo imaginado ela irá realizar”, disse o gênio. “Abrapracabra!”, gritou o bicho! Uma grande aventura se inicia. >>POR QUE LER: Rimado e feito em quadras, como um repente, esse livro ganha um ritmo divertido na voz de um mediador afetuoso. Do premiado ilustrador Fernando Vilela, já foi indicado entre os 30 Melhores Livros da revista Crescer e também aparece nesta lista de A Taba, que indica obras para ler para bebês e pequenos leitores. --"

Sempre tive vontade de fazer histórias fantásticas com personagens que atravessam portais e se transportam para outros lugares. Isso sempre me fascinou. Usei isso para explorar o recurso do livro-objeto, do livro interativo

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Fernando Vilela

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2-) Bruxa, bruxa, venha à minha festa

Autor: Arden Druce Ilustradora: Pat Ludlow Tradutora: Gilda de Aquino Temas: Leitor personagem / História cumulativa ou repetitiva / Bruxas / Seres fantásticos / Brincadeiras / Dia das Bruxas / Halloween (31 de Outubro) Faixa Etária: A partir de 2 anos Uma garota pede que toda sorte de seres assustadores compareça à sua festa. E lá vão: bruxa, gato, espantalho, coruja, árvore, duende, dragão, pirata, tubarão, cobra, unicórnio, fantasma, babuíno, lobo e, epa!, Chapeuzinho Vermelho >>POR QUE LER: Esse clássico, um dos mais amados pelos leitores da Brinque-Book, é um divertido conto de repetição. O começo da conversa entre narrador e convidados é sempre o mesmo. Além disso, as ilustrações hiper realistas e assustadoras divertem - sim! - as crianças. Quer coisa melhor que elaborar seus medos rindo no colo da mãe? ;-) Assista à contação que a Marina Bastos fez desse livro, só dar play aqui embaixo: [embed]https://youtu.be/Eh1h6azqmIw[/embed]

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3-) Carona na vassoura

Autora: Julia Donaldson Ilustrador: Axel Scheffler Tradutora: Gilda de Aquino Temas: Poesia / Rima / Animais / Bruxas / Dia das Bruxas / Halloween (31 de Outubro) / Amizade / Solidariedade Faixa Etária: A partir de 3 anos
Uma bruxa com o coração grande demais para sua vassoura. Uma aventura em que a amizade é a mais poderosa bruxaria. Será que essa vassoura é igual coração de mãe, onde sempre cabe mais um? >>POR QUE LER: Da premiadíssima dupla Julia Donaldson e Axel Scheffler (autores também de obras como O grúfalo), esse conto de acumulação é uma divertida história sobre uma bruxa tão simpática quanto atrapalhada. Rimada, a obra foi premiada pela revista Crescer. Ah, essa história acabou virando filme: um curta de animação indicado ao Oscar, que você pode ver com as crianças aqui embaixo (mesmo em inglês, dá pra acompanhar sem dificuldade): [embed]https://youtu.be/9mrWA0uIbL8[/embed]

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4-) Bom dia, Marcos

Autora: Marie-Louise Gay Ilustradora: Marie-Louise Gay Tradutora: Gilda de Aquino Temas: Conto / Humanos / Cotidiano / Relacionamento familiar Faixa Etária: A partir de 2 anos O irmão caçula de Estela, Marcos, já está acordado e não quer a ajuda da irmã mais velha para se arrumar. Estela concorda que ele se vista sozinho. Mas puxa, a cabeça de Marcos parece que cresceu durante a noite! A camiseta não sai de jeito nenhum! "Estela, socorro!". >>POR QUE LER: Várias vezes premiado em seu país de origem, o Canadá, o livro recebeu aqui o selo Acervo básico, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Tem texto divertido, que retrata com fidelidade o universo infantil. Repare principalmente nas ilustrações, que é onde acontece o mais irreverente da história -- os pequenos certamente vão se divertir com elas.

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5-) Eu te amo também

Autor: Stephen Michael King Ilustrador: Stephen Michael King Tradutora: Gilda de Aquino Temas: Amizade / Amor / Animais / Dia do Amigo e Internacional da Amizade / Dia dos Avôs e Avós / Aniversário / Dia dos Pais / Dia das Mães Faixa etária: a partir de 2 anos Quatro animais amigos brincam na natureza, seja num dia ensolarado, numa tarde de ventania ou numa noite escura. Independente do clima, eles sabem que o realmente importa é a amizade e o amor que sentem um pelo outro! >>POR QUE LER: Com delicadas ilustrações em aquarela, o livro do premiado Stephen Michael King é afeto e mais afeto em cada página. Fala de amor e amizade em texto curto e imagens poderosas. Os pequenos entendem o recado ;-) Aqui embaixo, dando o play, você pode assistir à contação de Marina Bastos [embed]https://youtu.be/L-oZNExulCY[/embed]

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6-) Vai embora, grande monstro verde!

Autor: Ed Emberley Ilustrador: Ed Emberley Tradutora: Gilda de Aquino Temas: Ética / Conto / Seres fantásticos / Imaginação / Cores / Formas / Medo Faixa Etária: A partir de 2 anos
O que é que tem um nariz azul esverdeado, dentes brancos afiados e grandes olhos amarelos? É O Grande Monstro Verde! Mas, não fique assustado. Dê uma olhada neste livro cheio de recortes e veja ele se transformar diante dos seus olhos. >>POR QUE LER: Nesta obra, o medo comum das crianças -- o  monstro -- vai sendo construído aos poucos pelas páginas recortadas, na medida do interesse dos pequenos. Além de um jogo de recortes, há um jogo de palavras, que os pequenos amam. Ah, assim como o monstro surge, ele pode sumir! ;-)

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7-) O guarda-chuva

Ilustradores: Dieter Schubert, Ingrid Schubert Temas: Aventura / Livro de imagem / Animais / Imaginação / Geografia Faixa Etária: A partir de 2 anos Um cachorro encontra um guarda-chuva vermelho. Uma rajada de vento começa a soprar, e ele é levado para as nuvens. Logo, inicia uma viagem com muitas aventuras, repleta de emoções. Tudo isso contado sem uma única palavra! >>POR QUE LER: Os pequenos são muito bons em "ler" imagens, especialmente se oferecemos a eles ilustrações de qualidade, que não subestimam a capacidade deles com cores e formas infantilizadas e estereotipadas. A arte dos Schubert, que assinam esse livro, é um convite vibrante, cheio de nuances, a uma narrativa visual. Ganhador do selo Altamente Recomendável, da Fundação Nacional de Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

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E você? Como e o que lê para os bebês por aí?    
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