Romance policial dos dias de hoje
O autor Milton Célio de Oliveira Filho, ele mesmo um grande leitor de romances policiais na juventude, como ele conta na entrevista a seguir, escreveu uma típica história deste gênero narrativo, trazendo elementos que estão inseridos no dia a dia dos leitores.Tráfico de animais
Um dos pontos centrais do romance é o tráfico de animais silvestres, um problema ambiental sério que o Brasil enfrenta e que não está fora do radar dos mais jovens. Pelo contrário, essa geração parece bastante antenada com essa temática e com as preocupações em torno do modo -- por vezes bem irresponsável -- com que lidamos com a natureza. Língua Portuguesa, Arte e Geografia em sala Temas envolvendo a adolescência, os relacionamentos e amizade, desafios da faixa etária e -- ainda mais -- a questão da natureza podem ser trabalhado de diversas formas com a turma. No Material de Apoio ao Professor, por exemplo, a especialista Clara de Cápua sugere atividades para disciplinas como Língua Portuguesa, Arte e Geografia. >>baixe aqui, é gratuito<<"Os animais também nasceram para ser livres"
Conversamos com o autor da obra, que compartilhou muito de sua inspiração, o que pode ajuda o seu trabalho com os jovens em sala. Veja os principais trechos abaixo: Blog da Brinque: De onde veio a inspiração para esse mistério de fôlego, envolvendo mata atlântica, pássaros, tráfico de animais? Milton Célio de Oliveira Filho: Eu nasci em Ubatuba, município do Litoral Norte de São Paulo, cercado pela exuberância da Serra do Mar e da Mata Atlântica. Assim, a natureza sempre esteve presente em meu cotidiano. Por isto, usei o tráfico de animais, lamentavelmente tão presente em nosso mundo, como pano de fundo para desenvolver a trama do livro. Quero assim dar uma pequena contribuição à consciência ecológica que vem ganhando espaço em nosso dia a dia. Tanto quanto o homem que sonha e luta pela liberdade desde os primórdios, os animais que habitam o planeta também nasceram para ser livres. Blog da Brinque: As gírias, preocupações e "códigos" dos pré-adolescentes estão bastante contemplados no livro. Como funciona, para você, esse processo de criação / pesquisa dos temas e modos de se relacionar das crianças na escola? Milton Célio: Sem abandonar a norma culta na construção da narrativa, eu recorro às gírias para dar maior credibilidade aos diálogos travados pelos personagens. Afinal, este fenômeno linguístico é um traço da identidade de grupos variados de jovens, entre eles os surfistas e os gamers, razão pela qual se torna impossível ignorá-lo. No processo de criação, fico atento ao público jovem que me rodeia, do modo como falam ao jeito como se comportam. O fato de ter lecionado durante longo período no Ensino Público, às voltas com centenas de garotos e garotas, também me ajudou a entender melhor este público. Blog da Brinque: Cíntia adora um código -- e eles aparecem ao longo do livro todo, convidando o leitor a decifrar também. Essa possibilidade de o leitor participar, como acontece em vários de seus outros livros, era uma ideia? Por quê? Milton Célio: Sou como Cíntia, e também adoro códigos e enigmas. O lado divertido é criá-los e desafiar os leitores e as leitoras a decifrá-los, tentando fazer com que se sintam parte da aventura. O fato de se inventor de jogos, sempre trabalhando com as empresas mais conhecidas deste meio, facilitou o trabalho de desenvolvê-los. Blog da Brinque: Este livro traz muitas situações cotidianas que as crianças vivem na escola, inclusive os chamados "estudos do meio", que são viagens pedagógicas da turma para estudar alguns temas in loco. De que forma você acha que essa identificação pode ajudar os professores e professoras a "trabalharem" o livro em sala? Milton Célio: Os estudos do meio são instrumentos que possibilitam unir a prática à teoria, levando os alunos e as alunas para diversos espaços alternativos. Neste sentido, a Mairiporã de “O Mistério do Colecionador” é a representação de um sem-número de lugares. Valem as perguntas: “E se a aventura de Cíntia, Julinha e Heitor tivesse transcorrido no Círculo Polar Ártico?” “Quem são os esquimós?” “Como eles se alimentam?” “O que Cíntia, Julinha e Heitor, na Floresta Amazônica, diriam das onças e das vitórias-régias?” Blog da Brinque: Em geral, a escola acaba sendo espaço privilegiado de formação de leitores, pois a leitura em casa ainda é um hábito restrito no Brasil. Como você vê a formação leitora e o papel da escola nesse contexto? Milton Célio: A escola é fundamental para as crianças adquirem o prazer com a leitura. Neste cenário, ela deve sair à procura da cumplicidade dos pais, que desempenham um papel singular na formação da criança. Neste processo, os pequenos leitores e as pequenas leitoras também devem ser lembrados, respeitando os seus gostos pessoais. Blog da Brinque: Como você se formou leitor? Qual foi o seu percurso com os livros? Milton Célio: Tive sorte! Meu pai era diretor de uma escola em São Paulo que dispunha de uma imensa biblioteca. Lá, ainda pequeno, eu tive acesso à coleção de Monteiro Lobato (li tudo). Na pré-adolescência, graças a um irmão mais velho, li Edgar Allan Poe; Arthur Conan Doyle (pai de Sherlock Holmes), Agatha Christie (criadora de Hercule Poirot)e Isaac Asimov, adquirindo o gosto por livros policiais e obras de ficção científica.. No colégio, graças ao incentivo dos professores, conheci “Laranja Mecânica”, “Admirável Mundo Novo”, “1984” e a “A Revolução dos Bichos”. Obras magníficas! Penso que o mundo seria melhor se todas as pessoas tivessem a oportunidade de conhecê-las. No percurso, li muitos gibis, entre eles, Calvin e Haroldo, um garoto de seis anos e seu tigre de pelúcia, um elogio à imaginação!///
E você? Como imagina trabalhar esses temas em sala?