Sabe o que significa a sigla #8M? É uma referência ao tema que marca o 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Além de comemorar importantes conquistas da data, esse é um momento para pensar no que ainda falta conquistar em termos de igualdade de direitos para mulheres e meninas.
Um bom começo? Olhar para o passado e (re) conhecer histórias de mulheres que fizeram a história, muitas delas esquecidas, desconhecidas, apagadas.
Mulheres que fizeram história
Trouxemos hoje algumas dessas mulheres e alguns dos livros onde encontra-las.
1) Maria Quitéria
Heroína da independência brasileira, a baiana Maria Quitéria lutou nas tropas do então imperador Pedro I contra os portugueses, embates que, na Bahia, duraram até julho de 1823.
Maria Quitéria, heroína da Independência do Brasil. Imagem: Era uma vez 20 (Escarlate), de Luciana Sandroni (texto), Natalia Calamari e Guilherme Karsten (ilustrações)
Como conta Luciana Sandroni em seu livro
Era uma vez 2o, que tem ilustrações de Natalia Calamari e Guilherme Karsten, Maria Quitéria fugiu de casa para se alistar no Exército do imperador. Cortou os cabelos e se juntou aos soldados vestindo a farda do cunhado.
Chegou a invadir sozinha uma trincheira inimiga e fez dois prisioneiros portugueses. Mesmo depois de descoberta, teve permissão para ficar na luta. Terminada a guerra, ganhou uma medalha da Ordem Imperial do Cruzeiro, de Dom Pedro I, e uma salário como soldado.
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2) Antonieta de Barros
Antonieta foi uma mulher à frente do seu tempo, por se tornar a primeira mulher negra deputada no Brasil. Eleita depois da aprovação do voto feminino no Brasil, em 1934, defendeu a Educação, tendo criado o Dia dos Professores.
Ela mesma uma educadora, lutou pelo direito das mulheres à educação. Certa vez escreveu:
"Há, contudo, uma grande lacuna em matéria de ensino: há falta de um ginásio em que a mulher possa conquistar os preparatórios, bilhete de ingresso para o estudo superior. O elemento feminino vê assim, fechados, diante de si, todos os grandes horizontes".
Antonieta de Barros, educadora, primeira mulher negra a se tornar deputada. Imagem: Era uma vez 20 (Escarlate), de Luciana Sandroni (texto), Natalia Calamari e Guilherme Karsten (ilustrações)
Hoje é lembrada em vários pontos de Florianópolis, onde nasceu: há ruas com o seu nome, um túnel, uma biblioteca, e o auditório da Assembleia Legislativa de Santa Catarina chama-se Deputada Antonieta de Barros.
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3) Bertha Lutz
Pioneira do feminismo no Brasil, a filha do cientista Adolfo Lutz nascida em 1892 também se formou em Ciências -- tornou-se uma importante bióloga, especialista em anfíbios.
Bertha Lutz se destacou no estudo de anfíbios, trouxe para o Brasil as ideias feministas da Europa e foi uma das representantes do Brasil na criação da ONU (Organização das Nações Unidas). Imagem: Era uma vez 20 (Escarlate), de Luciana Sandroni (texto), Natalia Calamari e Guilherme Karsten (ilustrações)
Estudou na Europa e, na volta, trouxe consigo muitas das ideias feministas que, no começo do século XX, estavam sacudindo o mundo europeu.
Lutou pelo voto feminino, que só foi aprovado em 1934. Foi suplente de deputado e, quando assumiu, defendeu igualdade salarial, licença-maternidade e o fim do trabalho infantil.
Ela também desempenhou papel fundamental na criação da ONU (Organização das Nações Unidas): foi uma das representantes brasileiras nas assembleias que, mais tarde, culminariam na fundação da organização.
Essa história é contada
em documentário que está em cartaz no canal pago HBO.
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4) Carmen Miranda
Carmen Miranda foi a brasileira mais famosa do mundo em seu tempo. Conquistou os quatro cantos do planeta cantando e dançando. Virou um dos maiores símbolos do nosso país. Até hoje, poucas pessoas são tão imitadas quanto ela.
Nascida em Portugal, veio para o Brasil com os pais ainda bebê, aos 10 meses. Seu nome de batismo é Maria do Carmo, mas o tio dela, Amaro, era fã de ópera e apelidou a menina de Carmen,
numa referência à obra homônima de Georges Bizet.
Ilustração de Graça Lima, também ilustradora do livro Carmen - a grande pequena notável (Companhia das Letrinhas), que assina em parceria com Heloisa Seixas e Julia Romeu (texto).
Em seu
Era uma vez 20, Luciana Sandroni conta que:
"Carmen conheceu o compositor Joubert de Carvalho por acaso, na loja de discos A Melodia.
O gerente dizia ao rapaz que a moça sempre ia à loja, e, de repente, ela apareceu: 'taí a nova cantora!'. Joubert perguntou: 'Posso compor uma música para vocêê'. E Carmen disse que sim, claro.
O compositor saiu da loja com a palavra "taí" na cabeça e, no dia seguinte, apareceu na Travessa do Comércio e cantou a música "Pra você gostar de mim", mas conhecida como "Taí". Carmen adorou e logo gravou. Foi o maior sucesso no carnaval de 1930".
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5) Lina Bo Bardi
Desde pequena, Lina queria ser grande. A italiana cresceu em Roma, cercada de arte clássica, museus. Adorava desenhar e não queria seguir o destino das mulheres de sua época.
Formou-se arquiteta e, depois da Segunda Guerra, veio para o Brasil com o marido, Pietro Maria Bardi, um galerista italiano.
Aqui, ela se apaixonou pela exuberância da nossa natureza, conheceu expoentes da arquitetura e assinou projetos icônicos, como o do Museu de Arte de São Paulo (MASP), o do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), o do Sesc Pompeia (na Zona Oeste de São Paulo, SP).
Contruiu
a casa de vidro, onde morou com o marido e onde hoje funciona o Instituto Lina Bo Bardi. Multiartista, ficou mundialmente conhecida por seu desenho de móveis e seu mobiliário segue sendo exposto e estudado mundo afora.
Em 2021, Lina vai receber
o Leão de Ouro especial pelo conjunto da obra na Bienal de Veneza.
"Se há um arquiteto que, melhor que qualquer outro, representa o tema da Bienal de Arquitetura de 2021 é Lina Bo Bardi. A sua carreira de projetista, editora, curadora e ativista nos lembra do papel do arquiteto como coordenador bem como, aspecto importante, criador de visões coletivas", declarou o curador Hashim Sarkis, segundo
reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Uma
análise publicada ontem no jornal Folha de S. Paulo pode nos dar uma ideia da importância de Lina e também deste reconhecimento: historicamente, as mulheres viveram apagamento também nesta área. Mesmo sendo a maioria, ganham menores salários e raramente são reconhecidas.
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