
Jornada Pedagógica: qual o papel da escola na formação do leitor?
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Qual é a função da literatura? Ela precisa servir para alguma coisa ou é um fim em si mesma?
E qual seria, então, o papel da literatura no ambiente escolar, com todos os seus desdobramentos? Como conectar os livros às pautas em discussão no mundo? Mas se a literatura é, por essência, ficção, qual é o compromisso com a realidade - e com a aprendizagem? Onde a literatura se posiciona diante de tantos anseios dos educadores? Diante de tantas demandas? A literatura serve para atender a essas demandas? Foram essas algumas das questões apontadas por educadores que dão o tom da Jornada Pedagógica 2024, que acontecem entre 8 e 11 de abril, com o tema: Literatura para quê? Entre arte e educação.
A Jornada pedagógica é um evento destinado a professores, coordenadores pedagógicos, diretores escolares e demais profissionais da educação com a missão de discutir questões ligadas à literatura na escola. A primeira edição aconteceu em 2021 e, este ano, a programação contempla grandes temas em discussão no Brasil e no mundo: de emergência climática a saúde mental e inclusão. Estão programados sete encontros, em um evento digital e gratuito, trazendo conceitos, debates, reflexões e diferentes perspectivas que interessam tanto a profissionais da educação pública quanto privada. Para participar, basta se inscrever pelo link: bit.ly/jornadacia2024
Este é o tema da primeira mesa da edição 2024 da Jornada Pedagógica, que dá o tom de toda a programação ao jogar luz sobre os territórios ocupados pela literatura e propor reflexões sobre seu propósito e as funções que lhe são atribuídas no contexto escolar. “A discussão sobre qual é o papel que a literatura deve ocupar na escola é uma tensão inerente. Como formar leitores de livros e de mundos?”, reflete Rafaela Deiab, Supervisora do Departamento de Educação da Companhia das Letras que vai mediar a primeira mesa do evento. Para ela, esses questionamentos se iniciam já na literatura infanto-juvenil e se acentuam nos últimos anos da Educação Básica, durante o Ensino Médio.
Se a literatura é a representação do mundo, não o retrato, em que medida ela serve como ferramenta para compreender o mundo real? Ao mesmo tempo em que o autor constrói uma ficção, ela pode nos conectar de alguma forma ao nosso próprio contexto? E de que forma essa experiência pode moldar e abrir possibilidades não apenas para a nossa formação escolar, mas humana?
Para Rafaela, “usamos a literatura e também a educação como pedra de toque - como a origem e a solução de todos os problemas”. Em outra palavras, assim como espera-se que a escola dê conta não só de ensinar as 13 disciplinas obrigatórias, como também de formar para a educação ambiental, para a cidadania, para mundo digital, também a literatura é alvo de altas expectativas. Acredita-se que por meio dela é possível formarmos cidadãos mais críticos, engajados, criativos, construir novas visões de mundo, além de trabalhar Gramática, História, Ciências...
“Muitas vezes os livros são escolhidos na escola para trabalhar determinados temas: saúde mental, meio ambiente, preconceitos. Mas o que a literatura pode dizer sobre eles que nenhum outro tipo de texto pode? O que repousa só na literatura?" provoca Rafaela. Essa é a pergunta disparadora para as discussões propostas por esta edição da Jornada Pedagógica.
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Ilustração de pum na escola: os livros estão presentes no dia a dia dos estudantes e algumas histórias retratam o próprio ambiente escolar
No segundo dia da programação, estão previstas duas mesas: Emergência climática na escola: entre literatura e não ficção, que vai abordar o papel dos livros na missão coletiva de reverter a tragédia climática há tempos anunciada, e Literatura e educação inclusiva. Débora Alves, editora da Companhia das Letrinhas, que vai mediar a segunda mesa, sabe dos desafios de abordar as diferentes formas de inclusão na escola, desde divergências neuropsíquicas a deficiência física, mas espera trazer “diferentes possibilidades de adaptabilidades e trabalhos adaptativos a partir do texto e da palavra” durante os debates.
Ela lembra que quando falamos de contexto escolar, estamos falando de diversidade - mesmo dentro da sala de aula. "Cada criança, cada educando é um mundo. Há uma diversidade, não existe uma fórmula para dar conta disso", reflete Débora. Como, então, pode a literatura lidar com esses tantos mundos que habitam uma mesma sala de aula?
O terceiro dia de programação traz, na primeira mesa, o papel nos clássicos na formação dos leitores e, na segunda, um tema que ganhou enorme importância dentro das escolas especialmente após a escalada de violência no ano passado: saúde mental. E o último dia se debruça sobre temáticas voltadas para a diversidade e a educação antirracista. Na primeira mesa, uma discussão sobre os 20 anos da lei 10.639, que tornou obrigatório nas redes de todo o país o ensino de história e cultura africana e afro-brasileirsa, e os 15 anos da lei 11.645, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio. A última mesa, que encerra a programação. propõe um debate sobre literatura e preconceito.
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