A história da menina de capuz vermelho que foi parar na barriga do lobo mau remonta ao século XVII. Assim como acontece com outros contos de fadas, fazia parte dos contos de tradição oral, e foi registrada por escrito pela primeira vez pelo francês Charles Perrault, em 1697. Essa primeira versão de Chapeuzinho Vermelho tem um tom moralizante, alertando as mocinhas que “todos sabem que esses lobos tão bondosos/ São de todos eles os mais perigosos”.
Os irmãos Grimm também têm sua versão do conto, que tem direito a um segundo encontro entre Chapeuzinho e o lobo. Mas dessa vez, mais esperta, a menina leva a melhor - e o lobo acaba morrendo afogado em um cocho cheio da água onde a avó havia cozinhado salsinhas.
Vários autores contemporâneos continuam a se debruçar sobre o conto, criando versões capazes de inverter a perspectiva, inocentar o lobo e até trazer uma ressignificação do feminino através da jornada de crescimento da menina. Fizemos uma seleção de livros que contam e recontam a história de Chapeuzinho Vermelho, com abordagens para todos os gostos. Confira:
Loba (Pequena Zahar, 2023), de Roberta Malta e Paula Schiavon
Com pouquíssimas frases e ilustrações potentes e delicadas, Chapeuzinho Vermelho ganha novos contornos a partir de uma ressignificação do feminino. Nesta história, a floresta, em vez de ser um lugar de perigos e medo, é um campo de exploração e de liberdade. Já a casa da menina não é mais abrigo e lhe parece pequena demais. Com um diálogo afiado e poético entre texto e imagens, acompanhamos a jornada de uma menina na busca por seu lugar no mundo, que encontra a força em sua faceta mais selvagem. Nãoà toa, essa obra foi selecionada para o catálogo White Ravens 2024.
Este é o lobo (Pequena Zahar, 2020), de Alexandre Rampazo
O que há por trás dos olhos amarelos? Dos pêlos densos? Do focinho afilado? Neste livro ilustrado, em que não apenas Chapeuzinho Vermelho dá as caras, como também a vovó, o caçador e os três porquinhos, somos confrontados com a grande solidão do lobo. Talvez ele só esteja esperando uma brecha - ou um convite - para poder se aproximar.
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Chapeuzinhos coloridos (Companhia das Letrinhas, 2023), de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta com ilustrações de Marilia Pirillo
Neste livro, seis Chapeuzinhos diferentes - nenhuma delas de chapéu vermelho! - protagonizam uma versão possível e inédita do conto. E se a Chapeuzinho é que fosse a malvada da história? E se seu grande sonho fosse ser famosa? E se a mãe dela tivesse um caso com o caçador? A cada conto um novo desfecho possível - porém pouco previsível.
Chapeuzinho redondo (Brinque-Book, 2012), de Geoffroy de Pennart
Nesta atualização bem moderninha do conto, Chapeuzinho Vermelho não usa uma capa, mas um chapéu redondinho. Ela também não é assim tão ingênua como se pensava… O lobo, em compensação, não é malvado como se espera.
A verdadeira história de chapeuzinho vermelho (Brinque-Book, 2008), de Agnese Baruzzi com ilustrações de Sandro Natalini
Imagine só: o Lobo escreve para Chapeuzinho Vermelho, pedindo que ela mostre como ele pode ser um lobo melhor. A menina fica animada! E o Lobo realmente consegue se tornar uma melhor versão dele mesmo. Só que quando isso acontece, o ex-malvado começa a desfrutar de certo prestígio... E aí é Chapeuzinho Vermelho quem se morde de ciúmes! Aonde será que essa história vai parar?
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