
Renato Gama: ‘Letramento racial na infância significa cuidar do futuro’
Músico e ativista contra o racismo, o compositor Renato Gama transforma canção "Neguinha, sim" em livro para celebrar negritudes ancestrais com as crianças
Na capa, duas irmãs e um livro. Virando as primeiras páginas um fio ou uma linha branca segue “puxado” pelas imagens destas duas irmãs em situações diversas. Vemos a mãe diante da máquina de costura... será que é de lá que sai esse fio? Tudo bem cotidiano: o brincar, a companhia mútua, a imaginação, a tradição, o afeto familiar. Estas duas meninas são negras, bem como sua mãe, bem como uma ancestralidade desenhada por Waldete Tristão (em palavras) e por Rodrigo Andrade (em imagens) e esta história, aparentemente simples, “de memória”, se torna um elemento concreto para o imaginário de infâncias brasileiras negras e não negras. É nossa história-Brasil ali em O Quintal das Irmãs (Pequena Zahar, 2024) ao lado de outras tantas possíveis que precisam estar em nossas estantes.
Objetos e lembranças que reconstróem a infância de uma geração são resgatados com uma poética singular em O quintal das irmãs (Pequena Zahar, 2024)
Para livros como estes circularem com mais vigor no Brasil foi preciso muita luta. Hoje, sabemos melhor que falar do passado, do presente ou do futuro do Brasil sem falar dos povos negros e indígenas soa anacrônico, antiquado, beira o absurdo. Mas foi preciso aprovar duas leis para tornar o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena parte obrigatória no currículo básico da educação nacional, segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases, que define e regulariza a organização da educação brasileira com base nos princípios da Constituição). A primeira, a Lei 10.639, em 2003; a segunda, em Lei 11.645, em 2008, que alterou a primeira, afirmando que: “Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras”.
Apesar dos avanços consideráveis, ainda existem muitas dificuldades a serem superadas, para que se coloque em prática, de fato, a educação antirracista no país. “Hoje, ainda vemos movimentos em algumas escolas, sobretudo privadas, tentando implementar isso como se fosse uma novidade”, observa a educadora e autora Waldete Tristão, que também é ativista pela infância e pela educação das relações raciais. “A legislação tem 22 anos de existência e existem jovens com 30 anos, mais ou menos, que nunca tiveram acesso a nenhum desses conteúdos no percurso escolar”, aponta.
O que falta? Como, afinal, garantir que isso se torne uma realidade? Ainda é longo o caminho a ser percorrido para que todos os alunos saiam da escola, compreendendo, de forma minimamente justa e honesta, a importância desse assunto, e como ele se entrelaça com todos os outros na construção da nossa identidade. Embora tortuosa e repleta de obstáculos, é uma estrada possível de ser trilhada. O professor tem um papel fundamental nessa missão, mas a jornada deve ser feita em conjunto: com alunos, diretores, coordenadores pedagógicos de várias áreas, famílias, poder público e com a comunidade.
Não dá para negar que a lei foi uma enorme conquista para a luta antirracista no Brasil e tem contribuído intensamente para diversas mudanças positivas em escolas públicas e particulares que reverberam nas universidades e no mercado editorial nas últimas duas décadas. Contudo, por enquanto, não é possível afirmar que todas as escolas e todos os professores estão preparados para incorporar para uma educação que acolha a diversidade étnico-racial, ou de forma adequada, no chão da sala de aula e na formação dos alunos de diferentes faixas etárias. Os educadores também estão em seu letramento racial.
O dia 21 de março é o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial e nada é mais efetivo contra a discriminação do que o conhecimento. A escola é um dos lugares de maior potência para alavancar uma transformação nesse sentido. Para a educadora Ananda Luz, mestre em relações étnico-raciais, especialista em educação e em livros para as infâncias e curadora literária, o compromisso com a construção e implementação de uma educação antirracista efetiva é essencial e não beneficia apenas a população negra, mas traz vantagens para todos. “Só podemos combater o racismo se convocarmos todas as pessoas envolvidas nessas relações raciais”, afirma.
Um currículo antirracista é o lugar para se construir identidade para as crianças negras, que não tinham uma, mas também para que as crianças brancas acessem outras identidades possíveis e positivas, que não sejam só a delas, que já foi, durante muito tempo, único símbolo de beleza e de potência”, Ananda Luz, mestre em relações étnico-raciais, especialista em educação e em livros para as infâncias e curadora literária
Ananda aponta ainda que, ao ter contato com a história e com a cultura africana, afro-brasileira e indígena, todas as crianças têm a possibilidade de contato com a história de seu país - que acaba também sendo a história delas mesmas.
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A própria Lei 10.639 desencadeou uma engrenagem que vem mexendo bastante com a educação e todas as suas ramificações. A partir do momento em que a história e a cultura dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas passou a integrar os currículos, obrigatoriamente, tornou-se inegociável, por exemplo, que uma sala de aula de educação infantil só possua bonecas brancas e loiras. Isso se expandiu para o ambiente todo escolar, aumentou a demanda por brinquedos com representatividade diversas, movimentou um pensamento de um mercado de produtos para crianças. O livro, qual gênero for, entra nesta conta e também tem papel fundamental na construção deste dia a dia, dando às mãos as muitas subjetividades de leitoras e leitores desde a primeiríssima infância.
Tayó é uma menina forte e orgulhosa da sua cabeleira crespa em Tayó em quadrinhos (Companhia das Letrinhas, 2021)
Os gestores e professores passaram a ter um respaldo para defender projetos, pedir formação para as equipes, expandir acervos de livros, criar protocolos. Uma coisa puxa a outra. “Com a lei, as ações, dentro de planejamentos e projetos escolares que falam sobre as histórias e culturas africanas e afro-brasileiras, tornaram-se obrigatórias, o que é um grande ganho”, avalia Ananda. Assim, a educação antirracista deixa de ser um ativismo de professores militantes, negros, antirracistas; e vira uma ação de todos. Além disso, a oferta de cursos e especializações para professores, voltadas para o tema, também foi ampliada, assim como as pesquisas e a produção de documentos.
A partir deste ganho de perspectiva, os educadores são provocados a entender e pensar o mundo de forma mais aberta. “Quem são os grandes pensadores negros? Quais são os pensadores descendentes de africanos no Brasil? Quem são os filósofos negros? Ou será que só tem filósofo na Europa? A partir daí, vamos trazendo outras histórias, outros vieses outras abordagens críticas, saindo daquela forma única, euro-centrada, de perceber e pesquisar o mundo, de se relacionar com ele”, reflete Ananda.
Para Waldete Tristão, só é possível pensar em uma educação mais inclusiva e democrática, quando existe esse comprometimento com a superação do eurocentrismo nos currículos. “Especialmente em estratégias de combate ao racismo e à discriminação, valorizando toda essa diversidade que compõe a população brasileira”, aponta a educadora e escritora.
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Com o ensino desse tipo de conteúdo respaldado pelas diretrizes nacionais, foi urgente repensar o material didático, os livros e as apostilas. “A lei escancara o que não era trabalhado em sala de aula. Há um racismo estrutural e institucional, que precisa ser revertido. É importante olhar para as potências da história e da cultura africana e afro-brasileira. Embora seja necessário saber o que houve de violência, não devemos nos pautar só nela”, diz Ananda. “Ao olhar para os currículos escolares, lá na história do Brasil-Colônia, depois da libertação dos escravizados, não se falava mais dos negros na sociedade. Desaparecíamos. É como se tivéssemos só a história da escravidão a ser contada, mas é preciso saber que existem histórias antes e depois desse processo, que são ideais para se pensar o Brasil”, completa. Por muito tempo, as crianças negras tiveram negadas as oportunidades de conhecer devidamente sua ancestralidade e admirá-la, assim como o direito e o estímulo de enxergar seu potencial no futuro.
Os livros de literatura feitos por autores e ilustradores negros, com personagens negros e histórias sobre a cultura africana e afro-brasileira também movimentaram o mercado editorial, ganhando mais espaço. Não que não existissem antes. Ananda Luz lembra que, desde o século 19, destacando Maria Firmina dos Reis e Machado de Assis. “Na literatura infantil, nos anos 1980, temos o ilustrador Maurício Veneza e Inaldete Pinheiro. Nos anos 1990, vem Heloísa Pires de Lima e Sonia Rosa. Histórias da Preta (Companhia das Letrinhas, 1998), de Heloísa Pires de Lima, é um clássico e está no catálogo até hoje, segue adotado pelas escolas”, aponta a pesquisadora Ananda. “A discussão contemporânea nos convoca a pensar a sociedade hoje, com outras camadas”, explica. Hoje, Heloísa, Sonia Rosa, Kiusam de Oliveira, Madu Costa, Carol Fernandes, Ana Fátima, Fernanda Rodrigues, Isabela Santos, Otávio Júnior, Caio Zero e outras e outros artistas escrevem em textos e imagens sobre muitos assuntos e nos mostram que há muito a dizer. Do outro lado, as crianças que acessam expandem o que as antigas gerações ficaram tão restritas.
Segundo ela, é inegável o aumento significativo das produções nos últimos anos, dando espaço tanto para os autores que já estavam por aí, como para a chegada de novos nomes, tanto autores das palavras quanto das imagens. “De muitas maneiras, essa literatura faz ecoar as vozes, as experiências e todas as cosmopercepções de pessoas negras que vivem no Brasil”, aponta a especialista. Experiências que, por muito tempo, foram invisibilizadas.
Muitos livros surgiram, sim, sobretudo após o advento da lei, mas é preciso ter uma visão crítica e afinada. “Isso não quer dizer que todos esses livros atendem à demanda com qualidade”, ressalta Waldete. Para ela, alguns textos, imagens e personagens negras deixam bastante a desejar. E não estamos apenas falando de algum julgamento a partir do literário ou da arte. Ananda Luz lembra que vivemos em uma sociedade estruturalmente racista e que essa literatura é produzida por pessoas inseridas neste contexto.
É bem possível que algumas obras tragam impressões racistas do mundo. Por isso, é fundamental uma curadoria atenta. É preciso que os professores estejam atentos não somente ao texto, mas também às entrelinhas e às imagens, para saber se vai ferir a humanidade de alguma criança. O livro pode ser um lugar de potência, mas pode ser também um lugar de opressão”, Ananda Luz, mestre em relações étnico-raciais, especialista em educação e em livros para as infâncias e curadora literária
O ilustrador Rodrigo Andrade, que assina a autoria de O quintal das irmãs com Waldete Tristão, também ressalta essa necessidade de curadoria e atenção com os estereótipos. Em entrevista ao Blog da Letrinhas, ele conta, inclusive, que já chegou a recusar convites de ilustração, por causa disso. “Já rejeitei por não concordar com a abordagem, com a forma estética ou com as descrições dos personagens, que, na maioria das vezes, não eram construções de autores negros”, relata. Eram situações que pretendiam explorar este nicho de mercado, com a compreensão de que essas histórias estão em alta, mas de uma forma rotulada. “Só ia reproduzir ainda mais esses estereótipos negativos, dos quais não precisamos mais”, diz ele.
“Acho que ainda existe uma necessidade de uma curadoria, de um olhar para peneirar essas reproduções de imagens que precisamos desconstruir de uma forma muito rápida dentro do nosso país, para podermos trazer para essas novas gerações bases imagéticas das temáticas raciais voltadas a personagens negros, às suas ancestralidades, às suas histórias, mas de uma forma positiva”, analisa o artista.
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Leis, materiais, brinquedos, livros didáticos, literatura... o professor é uma figura central nisso tudo. Um dos pontos chave para que a educação antirracista seja incorporada para além do “cumprir tabela” é ter professores comprometidos com a tarefa de tornar realidade essa forma de ensinar para a vida, para um novo mundo possível. “Essa educação só se dá nesse compromisso cotidiano com a construção dessa sociedade antirracista”, diz Ananda. Para isso, é indispensável o investimento do poder público em uma formação que não seja apenas pontual, mas contínua. Os dilemas e desafios estão aí, surgindo a todo o momento. “Os professores precisam ter a possibilidade de acessar os conhecimentos e compartilhar possibilidades de oferecer uma educação para a diversidade”, avalia Ananda.
Além disso, para a educadora Ananda, escuta, acolhimento e afeto são pilares fundamentais para que a educação se torne uma prática constante e para que ela se integre à sala de aula, não apenas por meio do conteúdo, mas também pelas experiências e pela convivência nos espaços. E isso serve para alunos de todas as faixas etárias, da Educação Infantil ao Ensino Médio, segundo ela. “O professor que, de fato, se importa com a sua sala de aula, com todos os estudantes que estão nela, e transforma este espaço em um território de afetividade, é capaz de escutar efetivamente a sua sala. E aí conseguir desenvolver diálogos, pensar em como estruturar o pedagógico na sala de aula a partir da história de vida e das percepções que envolvem esse lugar e essas pessoas que estão ali”, orienta. A educação não é compartimentada, assim como, sabemos, estas ações podem reverberar nas famílias e ampliar a mudança para a sociedade como um todo.
Ananda lembrou ainda dos princípios da educadora e ativista Azoílda Loreto da Trindade, que faleceu em 2015, em cujos estudos ela constantemente se apoia para elaborar essa construção de uma educação antirracista. Azoílda, uma intelectual negra, organizou o que chamou de Valores Civilizatórios Afro-brasileiros. Entre esses valores, estão a oralidade, a circularidade, a energia vital (axé), a ludicidade, a memória, a ancestralidade, o cooperativismo/comunitarismo, a musicalidade, a corporeidade e a religiosidade. “São valores que estão presentes no corpo de cada estudante negro na sala de aula”, explica Ananda. Estar ali, presente e atento, com uma escuta ativa é percebê-los o tempo todo. A pesquisadora explica que estes valores se constituíram nas pessoas que vieram pela diáspora forçada e precisaram reconstruir formas e modos de vida depois de serem violentamente retirados de seus próprios territórios. “Essas pessoas reconstruíram suas histórias e seus modos de vida trazendo apenas no corpo a memória do que viviam por lá”, afirma. “Todos esses valores constituem pessoas foram retiradas de seus territórios no continente africano para serem escravizadas, ficaram longe de suas casas, mas que resistiram e construíram a possibilidade de uma bela existência”, detalha. “Não dá para falar da cultura e da história brasileira sem falar da população negra, que tem suas dores, mas sua beleza também. É importante mostrar isso para as crianças, convidando-as a ver essa potência, que nunca foi apresentada a elas, em vez de só se verem na subalternidade”, completa.
Com o fortalecimento e o enraizamento da educação antirracista nos currículos escolares, o ideal é que isso se torne não um esforço ou um acontecimento pontual – e sim uma constante. Rodrigo Andrade sonha com o dia em que personagens negros possam estar em todos os lugares, contando diversos tipos de histórias, além das temáticas de ancestralidade, de construção imagética. “As infâncias negras têm de estar em todos os lugares, para que todas as outras crianças também vejam esses personagens e essas histórias em outros lugares, normalizando, assim, a presença negra na sociedade e na vida como um todo”, defende. “É preciso mostrar que as nossas existências são inteiras, complexas e estão aí o tempo todo. Com isso, é preciso reverter esse apagamento que, de uma forma muito sutil, não mostra que muitas das coisas que vivemos neste país vêm da origem das pessoas negras. Através disso, mostramos que o cotidiano de todo mundo tem um pouquinho de nós e que nós estamos no cotidiano de todo mundo também”, completa.
Memórias cheias de afeto em Os dengos da moringa de voinha (Brinque-Book, 2023)
Ele lembra também de um episódio marcante, que viveu com crianças, em uma visita a uma escola pública - um vislumbre desta sociedade mais igualitária. “Na ocasião, havia alunos de várias etnias e crianças que não eram negras me procuravam para dizer o quanto se identificavam com o personagem do livro”, lembra. Bento, o protagonista do livro O Que Mamãe Não Sabe... (Editora Caixote, 2023), é um menino negro. “Foi uma das maiores alegrias. É muito mágico ver crianças não negras identificando-se com um menino negro e vendo-o como herói, como uma possibilidade de existência. Isso mostra que livros de autoria negra, com ilustrações de personagens negros como protagonistas, não são só para crianças negras, mas são para todas as infâncias”, acrescenta.
Waldete Tristão também teve uma vivência importante, em uma escola que visitou para falar de O quintal das irmãs no Recife (PE). No caso dela, uma menina negra, com cerca de 9 anos, se aproximou e perguntou se também poderia ser escritora. “Na verdade, escutei aquela pergunta como uma afirmação. Ela me viu como uma possibilidade. Poder dizer que, sim, ela poderia ser escritora e o que mais quisesse me tocou bastante”, afirma.
A luta do povo negro resultou em grandes conquistas, mas é preciso muito mais para que meninas e meninos negros possam ter a certeza – sem nem questionar – de que podem tornar-se Waldetes, Rodrigos, Anandas e – e essas irmãs nos quintais, e Preta, e a neta amada de Voinha (Os Dengos na Moringa de Voinha, Ana Fátima e Fernanda Rodrigues, Brinque-Book, 2023), Raquel Trindade (Meu nome é Raquel Trindade, mas pode me chamar de rainha Kambinda, de Sonia Rosa e Barbara Quintino, Pequena Zahar, 2023), a menina que colhe amoras com o pai (Amoras, Emicida e Aldo Fabrini, Companhia das Letrinhas, 2028) e Tayó e Kayodê (Tayó em Quadrinhos, de Kiusam de Oliveira e Amora Moreira, Companhia das Letrinhas, 2021) e tantos outros personagens vivos nos livros. E, principalmente, que possam se tornar eles mesmos.
(texto: Vanessa Lima e Cristiane Rogerio)
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Embora o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana seja obrigatório, não é realidade nas escolas. A literatura pode ser um caminho, e tem ampliado o espaço a autores negros