Agora reunidos em volume único, os dois últimos livros de Zélia Gattai revivem saborosas memórias dos mais de cinquenta anos que ela compartilhou com Jorge Amado.
Agora reunidos em volume único, os dois últimos livros de Zélia Gattai revivem saborosas memórias dos mais de cinquenta anos que ela compartilhou com Jorge Amado.
A escrita de Zélia Gattai nunca se deixou guiar pelos protocolos literários, que pedem refinamento, estilo e sentido. Desenrolou-se, ao contrário, à margem da literatura. Fixada entre a ficção e a realidade, e fazendo de si mesma uma figura ficcional, Zélia usou a literatura como um mirante, do qual - protegida pelas armaduras do imaginário - pôde se debruçar, com leveza e liberdade, sobre o mundo real.
Mesmo quando editados em separado, nos formatos em que ela os escreveu, seus livros guardam elos secretos, que os transformam em um único livro. As fronteiras de gênero e os cânones nunca interessaram a Zélia.
Daí que, reunidos agora em um só volume, Memorial do amor, de 2004, e Vacina de sapo, de 2005, apresentam uma súbita coerência, ainda que marcada pela incoerência. Os pontos de partida divergem. No primeiro livro, ela parte de recordações de sua vida amorosa com Jorge Amado. No segundo, de recordações esparsas, organizadas só pelo puro prazer de relatar.
Escritos quando Zélia já beirava os noventa anos, seus dois derradeiros livros de memórias foram inspirados "na saudade, no amor, na amizade e na generosidade", como afirma a filha Paloma Amado no prefácio a Memorial do amor. Mesmo diante da imensa dor da perda de Jorge Amado, seu companheiro de uma vida inteira, e de acompanhar vigilante seus últimos anos de vida, Zélia preserva a escrita doce, sensível e direta que sempre foram a marca de seus relatos.