Baseado em extensa pesquisa de campo na periferia de São Paulo, este livro traz a mais original e elucidativa interpretação sobre a facção que vem desafiando o Brasil.
Baseado em extensa pesquisa de campo na periferia de São Paulo, este livro traz a mais original e elucidativa interpretação sobre a facção que vem desafiando o Brasil.
Em Irmãos, o sociólogo Gabriel Feltran oferece uma interpretação alternativa àquelas que vêm ocupando o debate público brasileiro e que buscam comparar o PCC com outras organizações criminosas como os comandos cariocas, as gangues prisionais americanas ou as máfias italianas, russas ou orientais. Para o autor, o modo de organização do PCC tem mais a ver com as irmandades secretas, funcionando como uma maçonaria do crime -- uma rede de apoio mútuo, pautada por um conjunto de valores considerados justos, em que ninguém deve atravessar os negócios nem a honra do outro irmão.
Feltran percorre os momentos cruciais da história da facção: sua criação em Taubaté; a megarrebelião de 2001; a revolução interna de 2002, em que a visão igualitarista de Marcola ganhou força contra o projeto de terror público sob a liderança personalista de Geleião; as revoltas de 2006, que horrorizaram a classe média; as violentas disputas entre facções a partir de 2017.
Irmãos apresenta um país em que o crime conquistou efetiva hegemonia política para partes significativas da população. Nele, o PCC emerge como uma entre outras instâncias de geração de renda, de acesso à justiça ou proteção, de ordenamento social, de apoio em caso de necessidade, de pertencimento e identificação, desafiando o projeto de uma comunidade nacional integrada, promessa que que a redemocratização não logrou entregar.
"Irmãos é um livro excelente, que nos ajuda a compreender o PCC como algo que transcende o que já se sabe do 'mundo do crime'. Absolutamente indispensável." - Michel Misse