"Era uma vez uma voz. Um fiozinho à-toa. Fiapo de voz. Voz de mulher. Doce e mansa. De rezar, ninar criança, muitas histórias contar." Através dessa voz, Ana Maria Machado narra passagens de clássicos da literatura mundial, desde a mitologia grega até o folclore brasileiro, todas sobre mulheres, fios, linhas e bordados.
"Era uma vez uma voz. Um fiozinho à-toa. Fiapo de voz. Voz de mulher. Doce e mansa. De rezar, ninar criança, muitas histórias contar." Através dessa voz, Ana Maria Machado narra passagens de clássicos da literatura mundial, desde a mitologia grega até o folclore brasileiro, todas sobre mulheres, fios, linhas e bordados.
Um fio de voz conta pedaços de histórias, muitas delas antigas. Cada noite uma nova, sempre sobre o mesmo tema: são "montes de histórias de mulheres e fiapos, fios e linhas de todo tipo, ponto a ponto se tecendo e virando novas tramas". Penélope tece um tapete de dia e desfaz à noite, enquanto espera pela volta de Odisseu; a princesa Ariadne empresta um fio para que Teseu saia do labirinto onde vivia o Minotauro; uma princesa sobe na torre de um de seus castelos, encontra uma velha fiando e, maravilhada, toca no fuso para então cair em sono profundo; uma camponesa, trancada pelo rei em um quarto e obrigada a transformar toda a palha em ouro, recebe a ajuda de um anãozinho chamado Rumpelstiltskin, que em troca quer o futuro filho dela; Aracne é desafiada pela deusa Minerva, consegue provar ser melhor tecelã e por isso é transformada em uma aranha...
De ponto em ponto, num texto extremamente sensível e ilustrado com bordados, Ana Maria Machado reúne clássicos da literatura para tecer a história de uma mulher que passou a vida entoando "E a velha a fiar" na beira do rio, onde lavava roupa de manhã, indo à igreja à tarde e contando histórias de noite. Até que um dia ela resolve mudar e bordar uma outra história, para criar um mundo novo.
Ana Maria Machado nasceu no Rio de Janeiro, em 1941. É escritora e tradutora, escreveu mais de cem livros para crianças, publicados em dezessete países, e também obras para adultos. Em 2000, recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen e, em 2001, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.