Estudo sobre as relações entre as mulheres e a Igreja católica na era medieval, com ênfase no século XII. Nesse século a Igreja criou a confissão, sacramento que lhe permitiu reger a intimidade e pôr seu jugo sobre pensamentos e gestos que até então não se consideravam pecaminosos.
Estudo sobre as relações entre as mulheres e a Igreja católica na era medieval, com ênfase no século XII. Nesse século a Igreja criou a confissão, sacramento que lhe permitiu reger a intimidade e pôr seu jugo sobre pensamentos e gestos que até então não se consideravam pecaminosos.
No terceiro volume de sua trilogia Damas do século XII, o historiador francês Georges Duby - um dos coordenadores da Coleção História da Vida Privada - analisa as relações entre as mulheres e a Igreja católica na era medieval, com ênfase no século XII. Foi nesse século que a Igreja criou a confissão, sacramento que lhe permitiu reger a intimidade e, desse modo, pôr seu jugo sobre pensamentos e gestos que até então ninguém considerava pecaminosos. Paradoxalmente, os mesmos padres responsáveis pela reforma da moral desenvolveram toda uma literatura que celebra os vínculos extraconjugais.Besuntar o corpo inteiro de mel, rolar nua sobre um pano coberto de grãos de trigo, recolher os grãos e, girando a mó em sentido contrário ao do sol, moê-los com cuidado, de modo a obter farinha para um pão destinado ao marido - que, depois de comê-lo, perderá o vigor. Na Idade Média, um vasto repertório de sortilégios desse tipo deixava os homens apavorados, à mercê das mulheres. Avaras, levianas e ciumentas, protótipo da luxúria, elas transgrediam as leis do universo masculino, opondo-se aos planos de Deus. Considerava-se que a natureza da mulher a levava inevitavelmente a pecar. Era preciso, então, criar formas de trazê-la sob controle.Fino prosador, medievalista maravilhoso, Duby reconstitui com sagacidade e ironia esses tempos recuados e mostra o que eles ainda têm a nos dizer.