Foi com alegria que encerramos o ano de 2014 com a notícia de que relançaríamos toda a obra de Manoel de Barros. O novo ano começou com empolgação e muito trabalho. Manoel, ao longo de sua vida, publicou (além da prosa poética e dos infantis) dezessete livros de poesia — todos curtinhos, mas absolutamente essenciais e impactantes.
Esse mergulho inicial na obra do poeta nos fez (e ainda nos faz) refletir sobre como conduzir o processo de edição. Por onde começar? Como reeditar seus livros?
Como nunca houve uma coletânea dos poemas de Manoel, resolvemos que este seria um bom começo. Meu quintal é maior do que o mundo é a primeira antologia de sua obra. Para os que já são seus leitores e admiradores, este lançamento organiza e retoma cada fase de sua produção literária. Para aqueles que ainda não conhecem a força da poesia de Manoel, é um início, um guia, uma janela para o universo do poeta.
Mas é impossível falar da obra de Manoel de Barros e não pensar nas possibilidades que ela oferece ao trabalho de vocês, professores. Tratar da complexa natureza humana com a naturalidade das crianças é uma de suas características mais marcantes. Sua proximidade com a infância é tão genuína que os pequenos leitores e os jovens se identificam prontamente, e facilmente, com seus poemas. Uma escrita com tal carisma pode espalhar o gosto pela poesia — e pela literatura — entre nossos estudantes. Nesse sentido, estabelecer um diálogo cada vez mais próximo com vocês, que se dedicam a despertar nas novas gerações o amor pela leitura, é uma de nossas maiores e mais importantes aspirações.
Os poemas de Meu quintal é maior do que o mundo foram selecionados pela Martha Barros, filha do poeta. E o processo de seleção acabou se transformando num passeio afetivo — Martha ia lembrando-se das coisas que o pai gostava, das frases que costumava repetir, consultava suas anotações, e só aí pinçava um verso, um poema. E foi assim porque logo percebemos que não havia jeito de classificar ou amarrar a poesia de Manoel em blocos temáticos ou coisa parecida. Optamos, então, para o livro que marcaria a estreia do poeta na Alfaguara, por uma abordagem sentimental, quase memorialista.