Introdução A Itália em suas grandezas Haveria, ao longo dos séculos, três evidentes e irrecusáveis grandezas da Itália: nos tempos longínquos de Roma; do início do século XII a meados do XIV, a primeira, a verdadeira Renascença, segundo Armando Sapori; e, por fim, a segunda Renascença, no sentido corrente e amplo da palavra, que se expandiu da metade do século XV até o início, ou melhor, até a metade do XVII. Mas talvez não tenha havido aí, do século XII ao XVII, um único e mesmo movimento? Mais tarde, nos séculos XIX e XX, situa-se, importante, porém discreta, como se estivesse perdida no zunzum factício da grande história, o imenso dispêndio humano que foi a emigração italiana para além dos mares, sem proveito muito brilhante para a península. Tal emigração, desde os anos finais do século XIX, ajudou, renovando-o essencialmente, o ímpeto humano das Américas, a portuguesa, a espanhola, a anglo-saxã. Esse não foi, em escala mundial, um trabalho de pouca monta. Simples começo? A questão permanece aberta. Sou daqueles que se espantam com o vigor atual da Itália, por seu ímpeto de vida ascendente, tanto na literatura quanto na arte ou no maravilhoso cinema. Mas ainda é muito cedo para julgar a longo prazo. E não esqueçamos, de qualquer modo, que a grandeza é uma medida muito particular, que não convém nem à Itália, nem à França de hoje. A Europa unida talvez pudesse almejá-la, pois ela só se funda, de direito, numa irradiação, numa primazia em relação a outrem. Trata-se aqui de uma evidente e necessária relatividade. Não resta dúvida, entretanto, de que o estudo das grandezas italianas, de 1450 a 1650, há de se esclarecer por uma comparação séria com essas outras experiências realizadas ao longo de uma história multissecular, por mais que sejam diferentes e afastadas umas das outras no tempo. Na verdade, o que se julgaria assim, a propósito da Itália, seria a grandeza em si, esse valor múltiplo, diverso, mais misterioso e complicado do que parece à primeira vista, ainda que tenhamos tantos exemplos modernos: a grandeza da Espanha no século XVI; da Holanda no século XVII; da Inglaterra e da França no século XVIII, e a seqüência que todos conhecem... Em tais grandezas, a força tem encontro marcado com o espírito, o poder com a cultura, em amálgamas que jamais são os mesmos e, contudo, permanecem comparáveis entre si. O vigor de uma sociedade, de uma economia, de uma civilização, de um Estado se resume e se esgota ao mesmo tempo. Com efeito, uma vez vencidos os prazos, a palavra inevitável do fim é sempre "decadência", palavra também complicada, tão complicada quanto cômoda. Ela parece selar tudo de súbito e no entanto!... A roda da história não cessa de girar em seguida. Quem ousaria dizer, com Gobineau: "Todas as sociedades humanas têm seu declínio e sua queda, todas, digo eu". É verdade, mas os Renascimentos permanecem possíveis. A DIALÉTICA DO FORA E DO DENTRO Deixemos tais perspectivas demasiado amplas. Bastará tê-las evocado para situar a particularidade de nosso estudo, de 1450 a 1650, numa luz mais justa. De saída, e isto é importante, teremos notado que essa grandeza não foi um episódio único. Então, como nos tempos da Roma Antiga, trata-se da irradiação de uma potência, da tomada ativa do Mediterrâneo, do mare internum [mar interior], por navegações, tráficos regulares, um capitalismo já ágil e conquistador, por feitorias solidamente enraizadas. Houve mesmo um Império genovês "à la fenícia", houve mesmo um Império veneziano - este chamado a estender-se (pois Chipre só será perdida em 1571 e Cândia em 1669), aquele desenraizado mais cedo, pois Caffa, essa outra Constantinopla, como se ousava dizer, foi perdida em 1475, e Chio em 1566. Houve até mesmo, em relação a Bizâncio e ao Islã e, mais claramente ainda, em relação ao Ocidente, uma supremacia de longo prazo em benefício das cidades e dos comerciantes da Itália. Houve também, a partir da Itália, emigrações contínuas. Mas, salvo exceções (penso nos soldados italianos, aos quais tantas vezes se recorreu, que estavam presentes em Mülhberg sob os estandartes do duque de Alba, em 1547, e em Lepanto, sob as ordens de d. João da Áustria, em 1571, que constituíram o coração do combativo exército de Alexandre Farnese nos Países Baixos e que ainda lutarão com tanta freqüência, no século XVII, a serviço do rei da Espanha, este sempre pronto, como se sabe, para conseguir homens, víveres e créditos, a pressionar despudoradamente a Sicília, Nápoles e o Ducado de Milão), salvo exceções, não foram, entretanto, em regra geral, emigrações maciças. Mais um punhado de homens, quase todos personagens de qualidade: engenheiros, operários especializados que levavam consigo o segredo de técnicas eruditas, comerciantes, principalmente eles, homens da Igreja e, já a esta altura, "tecnocratas" da política - de Concini a Mazarino e a Alberoni -, humanistas (professores ou não), enfim, artistas, musicistas, arquitetos, pintores, escultores, ourives, grupos de teatro, encenadores, mestres de dança, astrólogos... Essas emigrações brilhantes, de luxo na verdade, seriam por si sós, se precisássemos dela, a prova de uma preeminência, de longo prazo. Enfim, a nós se oferece uma irradiação complexa, sob o signo ao mesmo tempo da aventura, da cultura de múltiplas facetas e do dinheiro de inúmeras astúcias. A Itália desses dois séculos, na época da primeira modernidade, tem ao mesmo tempo um pouco da França de ontem e um pouco dos Estados Unidos de hoje. Glória material: é assim, muito tempo eficaz, a potência de Florença, ou de Veneza, de Milão, de Gênova, esta última talvez a mais curiosa de todas. Não se começa hoje a conhecer, ao menos entre historiadores especialistas, a maestria financeira tardia, mas fantástica, dos genoveses a partir da segunda metade do século XVI? Houve, grosso modo, de 1550 a 1650, tão brilhante quanto o "século dos Fugger", um "século dos banqueiros genoveses". Estes lograram durante muito tempo impor suas leis à riqueza da Europa, e portanto, para além da Europa, à riqueza do mundo. Glória do dinheiro, glória do espírito, esta nos seduz mais que aquela. Na exemplaridade de sua vida, a Itália dá, durante séculos, o espetáculo de seus êxitos intelectuais, de suas acrobacias, de suas novidades, de suas revoluções culturais sempre contraditórias: liberdade, depois ordem, progresso, depois ruptura, luz, depois crepúsculo. Na vasta cena, a iluminação não cessa de variar, a luz muda de cor: Renascimento, maneirismo, barroco, na totalidade, uma das mais brilhantes séries de espetáculos de inteligência desde que o mundo é mundo. A chama inventiva terá passado, na verdade, de uma cidade para a outra. Cada qual teve seu momento, tudo começando pelo primado "equilibrador" de Florença. Em seguida, o movimento se difunde um instante na Roma de Júlio II e de Leão X. Bem mais tarde, soará a hora de Veneza e de Bolonha. Enfim, tudo volta maciçamente a Roma, que, como um coração exigente e despótico, atrai para si a vida sangüínea da Itália e a atenção do mundo inteiro: trata-se de refazer, depois do Concílio de Trento, a civilização tradicional sob o signo do catolicismo triunfante, de torná-la de novo competitiva, dominante, de mudar sua estatura, seus modos de expressão. E, repentinamente, essa civilização recobre quase toda a Europa, a católica e, de viés, a protestante. Estranha prova de unidade de um universo dividido, talvez falsamente dividido contra si mesmo. Em termos de civilização, a Itália que investigaremos vai assim do Renascimento esboçado ao barroco triunfante. Trata-se, no mínimo, de uma dupla ou de uma tripla irradiação, talvez de uma só e mesma superioridade. Tudo isso, quaisquer que sejam as imagens ou as palavras às quais, na falta de algo melhor, recorre nosso raciocínio (difusão, irradiação, modelo, ensinamento, Luzes), desenha um único problema. É bastante evidente, mas, à análise, o problema logo se complica. Demasiadas referências, e demasiado frágeis; nenhuma conclusão clara o bastante, segura, peremptória. Cada fato, cada acontecimento foi estudado com minúcia por gerações de historiadores entusiastas, mas cada qual esclarece apenas um fragmento da cena, do imenso sistema onde se insere e se expande o excepcional destino da Itália. Esse destino é, de fato, prisioneiro de uma espécie de estrutura exterior, lenta em se transformar, embora, a longo prazo, transforme-se poderosamente. É preciso, continuamente, passar do detalhe ao conjunto. Mais exatamente, questionar a dialética do externo e interno, procurar uma só verdade unificante. Com efeito, essa cena exterior que atinge de longe a vida italiana não tem sentido algum se não a colocarmos em paralelo, a cada momento, com aquilo que se passa no interior da casa, no coração do sistema. As elucidações à margem são as melhores, dizem, como todo teste explicativo de um conjunto assim captado em seu limite. É possível, até provável, mas duas geometrias, duas realidades - o centro e a periferia - nos solicitam e precisam ser confrontadas. Suas oposições, seus acordos, mais ainda seus descompassos, são a própria razão do debate que gostaríamos de conduzir. Mas, através da enorme massa de história que se oferece a essa dupla pesagem, quantas dificuldades e quantos dilemas! Os litorais e os países do Islã e de Bizâncio reservaram à Itália apenas aventuras simples. Quanto ao Ocidente privilegiado, onde ela joga sua partida essencial, ele é múltiplo, despedaçado, de fragmentos diversos, trabalhado pelo ímpeto dos Estados territoriais. É um mundo contrastado e vigoroso, com originalidades poderosas, ocasião a cada momento, para historiadores nacionalistas, de defender ainda hoje os direitos de suas respectivas partes contra a proclamada primazia da Itália. Louis Courajod (1841-96), magnífico historiador da arte, localizava na França a própria origem do Renascimento, nada mais, nada menos! Essa guerra de plumas, uma guerra historiográfica, começa felizmente a desarmar-se. ULTRAPASSAR O ANEDÓTICO Essa massa de estudos e conhecimentos é afinal incômoda. Excesso de detalhes acumulados se apresentam, que importa ultrapassar, ponderar, reduzir a sua significação, quando a têm. Excesso de detalhes, isto é, de histórias miúdas, de acontecimentos, até mesmo notáveis, de biografias, até mesmo exemplares. Pois, habitualmente, são esses fatos, a granel, que fornecem uma erudição ativa, porém ainda fragmentária. Cada detalhe restitui a seu modo, mas somente por um instante, um espaço, um tempo que seria preciso dominar com precisão. Que se procurem os primeiros comerciantes italianos instalados em Languedoc, por exemplo, e estamos no próprio início das Cruzadas. Notar a presença de Petrarca em Avignon, quando de sua primeira estada em 1326 - Petrarca que fala com Cícero e Virgílio como se fossem interlocutores de carne e osso -, é assinalar os princípios de uma influência de que sairá, senão transformado, ao menos reforçado, o humanismo francês. Contemos os italianos que Carlos VIII leva consigo em seu rápido giro até Nápoles, e estaremos em 1495. Mas, entre eles, os talhadores de mármore de Carrara ou os revendedores genoveses são provavelmente mais ativos que os verdadeiros artistas, arquitetos ou escultores. Aliás, talvez se exagerem as maravilhas da "viagem à Itália"? Outros detalhes, quando Jacopo de' Barbari, filho de Veneza, encontra Albert Dürer, estamos sem dúvida em torno de 1490 (ilustração 1); ei-lo nomeado pintor imperial por Maximiliano da Áustria, a 8 de abril de 1500; em seguida, serve o duque de Saxe, o Eleitor de Brandemburgo, passa para Frankfurt am Oder, parte enfim para os Países Baixos junto de Margarida da Áustria, em 1510:4 é para que se conclua, a nossos olhos, o traçado decisivo desse eixo do Renascimento que, da Itália, junta-se ao outro pólo da Europa, os Países Baixos, onde cresce Carlos de Gand, o futuro Carlos V? Quando Leonardo da Vinci se instala, a pedido de Francisco I, no Castelo de Cloux, tendo em sua bagagem a Gioconda, o São João Batista e a Santa Ana, estamos em 1516, no limiar da França italianizada... Tudo isso é claro, bem conhecido, assinalável. Mas não será muito fácil situar no tempo e no espaço a forte influência de Maquiavel e de seus Discursos. Para além dos anos 1540 que vêem, depois da morte dele (1527), o impulso e a difusão de sua obra, não cessará de ser lido, relido e reinterpretado, ao sabor das leituras e aplicações. Na verdade, o que fornece a uns e outros o inquietante florentino é um instrumento, um meio de agir, de salvar a própria pele, uma certa "virtù", a força que leva ao poder, não importa qual. O espanhol Ginés de Sepúlveda definia a virtù como "a força ou a faculdade que permitem atingir não importa que finalidade que se tenha proposto" (Vis enim seu facultas insita ad finem qualemcumque propositum perveniendi, virtus solet appellari). Nós chamaríamos "razão de Estado" essa maneira de agir como se nada mais existisse além do interesse do príncipe. Mas não é Maquiavel que inventa a expressão fadada a tal sucesso; é, mais tarde, outro italiano, Giovanni della Casa, numa arenga a Carlos v, em 1547. Em todo caso, só a Itália, com suas formas políticas evoluídas, diversas, os acidentes e as lições interpretadas de sua história, podia elevar-se a tal sofisticação política, no limiar da primeira modernidade do mundo. E é certamente essa maturidade que explica a fortuna regular de tantos italianos notórios no plano político. De outro modo, como admitir que eles tenham, no estrangeiro, galgado tantas vezes os escalões do poder? Convém então deter-se, ainda que momentaneamente, na breve carreira de Concini, o marechal d'Ancre, esse Mazarino que não teve êxito - e nós nos achamos em 24 de abril de 1617, no dia de seu assassinato. Da mesma forma, as datas do êxito tão brilhante e inverossímil, até escandaloso, de Mazarino são referências que não podem ser negligenciadas. Quando ele desaparece, em 1661, soa o dobrar dos sinos das colônias mercantes italianas. É o fim da "Toscana francesa". Mas logo começará em outra parte, igualmente espantosa, a carreira de Alberoni (1664-1752), filho de um simples jardineiro de Parma que governou a Espanha de Filipe V e da inquieta e inquietante Elisabeta Farnese. Prova, se fosse preciso prová-lo, de que a península Ibérica, nesse início de século XVIII, permanece apesar de tudo aberta às influências e às aventuras vindas da Itália. Certamente, ainda seria preciso assinalar e mapear a difusão da própria língua italiana, elemento insistente de toda a cultura européia. Mas quem teria a paciência de reunir milhares de notas minúsculas, de imagens rápidas e, mesmo assim, significativas? Do modo mais natural do mundo, num determinado dia da primavera de 1536, Francisco I conversa em italiano com os embaixadores de Veneza; fala-lhes de sua satisfação em vê-los, de suas inquietações e rancores incessantemente renovados em relação a "César". É preciso que Henrique III compreenda o italiano, ele também, visto que, apaixonado por dissertações literárias, querendo apenas que, em sua mesa, nesse fim de ano de 1576, que ele crê pacífico, repitam-lhe à saciedade discussões políticas, de bom grado dá a palavra ao médico italiano da rainha mãe, Filippo Cavriana, homem de grande saber, que "diz sua parte" em sua própria língua. Também é preciso, e isto é mais sintomático ainda, que em Viena, em Londres e em Paris o público compreenda alguma coisa da commedia dell'arte que as trupes italianas representam e improvisam diante dele. É somente a partir de 1668 que se começarão a misturar algumas cenas em francês ao espetáculo italiano. No fim do século, ainda há uma mistura das duas línguas. Sem dúvida, os papéis são sempre os mesmos, estereotipados, e os gestos ajudam a entender as palavras, mas assim mesmo é preciso captá-las de tempos em tempos. Último detalhe que citaremos rápido: Madame de Sévigné, em 16 de julho de 1672, a caminho de Grignan, distrai-se na altura de Auxerre lendo a Eneida na tradução italiana versificada de Annibal Caro... Se nos entregássemos (e seria muito útil) a uma caça sistemática ao comerciante italiano em país estrangeiro, seria preciso, para ter sucesso, mobilizar todos os eruditos e todos os historiadores do mundo. Pois não cessamos, ao acaso de qualquer leitura ou pesquisa de arquivos, de descobrir esse estranho, tenaz e inteligente personagem, com freqüência detestado, sempre suspeito e indispensável. As coisas mais bonitas do mundo não estão em sua butique? Não dispõe ele de meios misteriosos? Uma simples folha de papel, uma pena e despacha dinheiro para longe e, milagre, permite a volta dele a suas mãos ou às mãos de quem demanda seus serviços contra honesta recompensa. Sim, espantoso personagem, cujas técnicas o privilegiam bem além do século XVI. Mesmo após 1650, seu reino não acabou, sua superioridade permanece intacta, por exemplo, na Europa do Leste e na Europa Central: assim, na Polônia, reencontramo-lo então, ativo, safo, freqüentando as feiras, vendendo ininterruptamente tecidos de Lucca, de Florença e de Milão, ou mesmo de Veneza - prova de que a indústria ainda gira nessas cidades célebres e de que o comércio italiano chega a subsistir nessa área atrasada da Europa Central e do Leste. Notem que essa expansão mercantil é também da arte e que os arquitetos, artistas e escritores italianos pululam na Europa Oriental dos séculos XVII e XVIII. Metastasio (1698-1782), chamado à corte de Viena em 1730, será seu poeta oficial até a morte. Para a Itália, o quadrante norte-nordeste de sua rosa-dos-ventos permanece por muito tempo uma abertura válida para fora. E, entretanto, nessas horas tardias, a história geral pensa que a Itália deixou de viver, ou ao menos de ocupar-se do vasto mundo! Esses milhares de detalhes, esses fenômenos de "ressonância", cujas ondas, no ir-e-vir, se misturam, interferem umas nas outras, aos encontrões; como chegar a traçar-lhes um quadro coerente? E, principalmente, como, a partir deles, arriscar um diagnóstico? Depreender uma história significativa dessa sucessão de imagens breves, às vezes simples jogos de espelhos? FAZER SUCESSIVOS RECORTES PARA EXPLICAR O CONJUNTO O melhor será sem dúvida, para tentar perceber o alcance, a natureza, a potência e a duração da irradiação italiana, fazer repetidos recortes no tempo, em datas mais ou menos afastadas umas das outras entre 1450 e 1650. Esses mapas sucessivos da Itália exterior, confrontados, esboçarão uma história da Itália fora da Itália, num espaço muito mais vasto que a península. A grandeza da Itália foi uma dimensão do mundo, é importante dizê-lo e até mesmo repeti-lo. Em seguida, será preciso analisar, decompor essas grandezas sucessivas. Obedeceram elas a um destino interior? São uma seqüência lógica? Ver-se-á que poder e cultura nem sempre se misturam em partes iguais, não se acompanham com regularidade, que a irradiação da Itália não está, de ponta a ponta, apenas sob o signo da difusão simples dos bens preciosos. E essa história presta testemunho, a um só tempo, sobre o destino particular da Itália nesses séculos da primeira modernidade e sobre outros casos em que se reconhecem grandezas de mesmo signo que a sua.