O TESOURO DA RUA 18 Doralice e Miguelinho moravam na rua 18, rua de casas pequenas, casas de porta e janela, uma grudada na outra; casas tão frágeis, tão leves que dava até pra assustar: se um vento forte soprasse levava tudo pro ar. No começo, que tristeza, quando mudaram pra lá, despejados da favela, a rua nem nome tinha. Numa placa de madeira, um número e olhe lá! Não havia nada plantado naqueles palmos de terra em frente de cada casa. Quem primeiro teve a ideia de fazer um jardinzinho para alegrar os seus olhos foi a mãe de Doralice, dona Rosa, lavadeira. Ela ganhara umas mudas de margaridas e lírios de seu Joaquim, jardineiro na casa em que trabalhava. - Quem vai querer me ajudar a cavoucar esta terra? Falava com Doralice, falava com Miguelinho, amigo de Doralice, filho de dona Violeta, vizinha da casa ao lado. - Vam'bora! - exclamaram eles, entusiasmados, contentes. - Vai ser uma brincadeira! Pode deixar, é pra já! Vá tranquila pro trabalho - disseram a dona Rosa -, quando voltar de tardinha o serviço vai estar feito: chão cavado, terra fofa e os canteiros pra plantar.