Um Dia do Quadrinho Nacional

30/01/2017

Foto: Mariana Leme

Hoje: Davi Calil está preparando páginas de Kung Fu Ganja. Carlos Ferreira está escrevendo partes de três álbuns: Bocca, Zumbi: Guerreiro dos Palmares e Justine e Juliette. Felipe Nunes está roteirizando um projeto novo e preparando edições gringas de Dodô. Bruno Seelig está terminando roteiro da continuação de Blitzkrieg. José Aguiar está fazendo faxina antes de começar A macabra biblioteca do Dr. Lucchetti.

Hoje: Denny Chang trabalha em Rodízio Mil Grau e, mais tarde, na montagem de um documentário experimental. Ricardo Coimbra pensa na história que sai esta semana no blog. Laerte desenha a charge que sai amanhã na Folha de S. Paulo. Galvão Bertazzi ilustra para livros didáticos, pinta para uma exposição e faz mais um cartum da série Um Ano Inteiro. Raphael Salimena está desenhando a capa de sua primeira coletânea.

Hoje: Rafael Koff vai ao correio enviar seu último álbum financiado via Catarse. Julius Ckvalheiyro desenha sua contribuição para o livro em homenagem a Jack Kirby. Julia Bax trabalha em Nina & Tomas. Ryot inventa sua tira do dia. Spacca faz um cartum para ser animado em vídeo. Daniel Esteves está delineando duas histórias de ficção científica para parcerias com Alex Rodrigues e Luke Ross. Lucas Gehre faz mais uma Quadradinha, como toda segunda-feira.

Na terça-feira, Pedro Franz quer começar um projeto que envolve desenhar em ritmo exaustivo até acabar. Hoje, está no que chamou de “pré-jogo”. Eduardo Damasceno passa o dia colorindo duas histórias que se passam no universo de Quiral, enquanto Luis Felipe Garrocho está de folga, mas talvez mexa em páginas da versão portuguesa de Quiral. Eduardo Medeiros está pensando nas 140 páginas de Open Bar 2 até o meio do ano. Talles Rodrigues vai organizar os cronogramas para saber qual dos três projetos tem prioridade.

Agora: Brão Barbosa segue em sua nova HQ, baseada no relacionamento que teve com o avô materno. João Pinheiro, em roteiro sobre dois jovens de periferia nos anos 1990. João Montanaro, na ficção cientifica sobre um cara que usa um cubo pra criar qualquer coisa. Eduardo Ferigato, no infanto-juvenil sobre um porquinho-da-índia que quer fugir do viveiro e conhecer o mundo. Pacha Urbano, em eventos sobrenaturais que aconteceram numa cidade do interior da França no século XIX. George Schall, numa minissérie de suspense e realismo fantástico. Hiro Kawahara, na história de uma garota que tem uma doença incurável e não acredita que exista Deus, Céu ou Inferno e decide criar seu próprio mundo para ir depois de morrer. Aluísio Cervelle dos Santos, num pós-apocalipse anos 1980 onde o mundo que restou vive em arcas sob proteção de figuras que lembram mafiosos.

Hoje: Felipe Portugal vai resolver uns projetos paralelos de quadrinho que está fazendo com Diego Sanchez, escrever roteiros e provavelmente ler Joe Sacco. Paulo Crumbim vai trabalhar no roteiro da nova Quadrinhos A2. Felipe Parucci tem a meta de finalizar cinco páginas de Já Era. Rodrigo Rosa faz revisões na adaptação de Macunaíma. Pablo Casado começa roteiro de Mayara & Annabelle n. 4.

Hoje: Mike Deodato desenha a página 6 de Thanos n. 6 e, se sobrar tempo, a capa de Star Wars n. 30. Felipe Sobreiro colore Spread n. 20. Mateus Santolouco desenha Teenage Mutant Ninja Turtles n. 68. Eddy Barrows desenha uma história do Esquadrão Suicida. Marcelo Maiolo colore Justice League of America n. 1 e Detective Comics n. 954. Rod Reis colore páginas de Secret Empire. Daniel HDR desenha uma edição anual para a Dynamite Entertainment. Greg Tocchini desenha a edição 18 de Low.

Hoje: DW Ribatski dá o último tapa em Veículo e confere as cores que Gabriel Góes fez para Jesus Carlos (para esta semana, neste blog). Alcimar Frazão faz páginas da versão ilustrada de Sombras de Reis Barbudos, o livro de José J. Veiga. Alexandre S. Lourenço faz mais uma tira de Robô Esmaga e avança em Boxe. Juscelino Neco está adaptando “Herbert West – Reanimator”, o conto de H.P. Lovecraft.

Hoje: Magno Costa letreira Herança Becker, parceria com o irmão Marcelo Costa. Thiago Souto segue Labirinto. Marco Oliveira faz um quadrinho novo de Mute, ou quem sabe uma tira. Lobo segue em roteiro de HQ que será desenhada por Dalts. Wagner Willian está ou trabalhando em O Maestro, o Cuco e a Lenda ou saiu para tomar cerveja. Murilo Martins avança na HQ que tem que ficar pronta em maio, no roteiro para o final do ano e finaliza um job de direção de arte que paga as contas.

Hoje: Eduardo Schaal faz matte paintings para um longa-metragem de Marcos Dutra. Marília Bruno está trabalhando em coisas de seu estúdio de design enquanto escuta podcast e fica babando nas promoções de lojas e livrarias em homenagem ao Dia do Quadrinho Nacional. Daniel dos Santos cuida da assessoria de imprensa da Universidade Federal de Tocantins. Hector Lima gerencia uma startup de educação. Diego Gerlach dá aula de inglês. Tiago Elcerdo ilustra papel de parede e régua do crescimento para uma fábrica de mobiliário infantil. Mika Takahashi faz um desenho de encomenda com Princesa Kaguya. Débora Santos produz tirinhas para o aplicativo de um curso de inglês.

Janaína de Luna tinha que fechar o PDF de Billie Holday, reunir-se com Caeto, tocar o Tabloide de L.M. Melite, discutir andamento de dois livros com o coletivo Miolo Frito e provavelmente varar a madrugada com Pedro Cobiaco trabalhando em Diana. Raphael Fernandes vai fazer a seleção da coletânea Dracomics Shonen n. 2, ler roteiros de Imaginários em Quadrinhos n. 5 para entregar a desenhistas, avaliar roteiros de Periferia Cyberpunk, roteirizar uma história de Os Demônios da Goétia em Quadrinhos e espera comentários dos leitores-beta da nova HQ de Apagão.

Um quadrinista que quis manter-se anônimo comentou que, hoje, não fará nada de quadrinhos. "Até no meu emprego eu provavelmente não vou fazer nada. Mas isso não pode aparecer no texto, que vai que meu chefe lê." Rafael Coutinho trabalha em No Modo Avião, livro inspirado no disco do Lucas Santtana. Marcelo D’Salete continua fazendo sua HQ sobre Palmares. Vitor Cafaggi faz o roteiro da nova Graphic MSP e pretende enviá-lo à noite a Lu Cafaggi. Odyr Bernardi está fazendo preparações para seu retorno aos quadrinhos, “onde vou colocar minha pintura em uso na HQ, a sério, pela primeira vez”. Se tudo está correndo bem, André Diniz bota o ponto final nas quase 400 páginas (sem texto) da adaptação de O Idiota, de Dostoiévski.

Pela manhã, Fábio Moon escreveu parte de uma história. À tarde, tem que ler um roteiro e fazer anotações sobre layout. Às 19h, ele, Gabriel Bá e Rafael Coutinho têm bate-papo para celebrar o Dia do Quadrinho Nacional (na Tapera Taperá – Av. São Luís, 187, Loja 29, 2º andar, São Paulo). E, depois, sessão de autógrafos.

Cynthia Bonacossa, após quatro dias autografando Carabin et Caipirinha no Festival d’Angoulême, está curtindo a ressaca, olhando para o teto e não vai interagir com ninguém.

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Em 30 de janeiro de 1869, Angelo Agostini publicou As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte na revista Vida Fluminense, considerada primeira história em quadrinhos do Brasil. Em 1984, a data foi escolhida como Dia do Quadrinho Nacional. Todos os autores acima foram consultados quanto à provável agenda de hoje.

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Érico Assis é jornalista, tradutor e doutorando. É o editor convidado de O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015 (Editora Narval). Mora em Florianópolis e contribui mensalmente com o blog com textos sobre histórias em quadrinhos. Também escreve em seu site pessoal, A Pilha.

 

Érico Assis

Érico Assis é tradutor e jornalista. Mora em Pelotas e contribui mensalmente com o Blog com textos sobre histórias em quadrinhos. É autor de Balões de Pensamento (Balão Editorial), uma coletânea de textos lançados aqui no Blog. Traduziu para a Quadrinhos na Cia., entre outros, Minha coisa favorita é monstro e Sapiens. http://ericoassis.com.br/

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