Prêmio Oceanos 2024: Conheça os semifinalistas publicados pela Companhia das Letras

23/08/2024

A Companhia das Letras tem seis livros na lista de semifinalistas do prêmio Oceanos 2024 (Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa), divulgada nesta sexta-feira (23/08).

Criado em 2003 –  inicialmente com o nome de prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, transformando-se no Prêmio Oceanos em 2015, quando a Portugal Telecom deixou de operar no Brasil –, o prêmio Oceanos busca premiar os melhores livros de literatura (divididos na categoria prosa e/ou dramaturgia e de poesia) escritos em língua portuguesa. Segundo o balanço de inscrições desta edição, a premiação contou com inscrições de escritores de 15 nacionalidades: Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Espanha, Guiné-Bissau, Índia, Itália, Moçambique, Palestina, Portugal, São Tomé e Príncipe e Uruguai.

A Companhia parabeniza todos os indicados!

Abaixo, saiba mais sobre nossos seis títulos semifinalistas do prêmio:

Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk 

Categoria: Prosa

Um romance aterrador sobre as consequências perversas da intolerância e da doutrinação religiosa (Capa: Alceu Chiesorin Nunes)

Um crime choca os moradores de uma pequena cidade no interior do Brasil: uma mulher é queimada viva, em um ritual motivado por razões religiosas, a fim de purificar a vítima e endireitá-la para o "caminho do bem". A violência parece ter se tornado parte da paisagem: desde que uma comunidade evangélica se instalou na região, episódios do tipo se tornaram cada vez mais comuns. Cabe então ao leitor juntar fragmentos, seguir as pistas e acompanhar os rastros de uma mulher que tenta organizar a narrativa desse trágico acontecimento – enquanto ela mesma tenta lidar com seus próprios traumas e a ausência de um grande amigo.

Gambé, Fred Di Giacomo Rocha 

Categoria: Prosa

Uma estória pensada nos termos de um Mano Brown e contada no espírito de Guimarães Rosa (Capa: Alceu Chiesorin Nunes)

Houve um tempo em que a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), atendia pelo nome de "Batalhão de Caçadores Tobias de Aguiar". Não eram animais o que caçavam.

Gambé integra essa corporação, é nosso homem na estrada. Seu destacamento aterrorizava os sertões de São Paulo na virada para o século XX, tempo vivo do pós-abolição e de invenção da República. Ordem e progresso eram o lema. Modernidade. A função na polícia nesse arranjo era simples: manter o povo manso e longe de rebeldias.

Gambé não nasceu pra isso. Como haver-se então com essa vida? Encontrar refrigério ou redenção? Sim, ele é polícia-caçador. Mas aprecia reconhecer suas cisões, os vários eus que carrega em si. E mesmo sabendo que não é inteiro, almeja ser íntegro. É essa sua saga e seu desafio – que é também o de cada um de nós.

Mata doce, Luciany Aparecida 

Categoria: Prosa

Um romance épico, delicado e poderoso (Capa: Ale Kalko)

Maria Teresa vive com suas mães num casarão antigo, cheio de histórias de seus antepassados, de frente para um lajedo de pedra. Pelo peitoril, corre um roseiral, apenas com rosas brancas, e, no caminho diante da casa, passam personagens memoráveis: Mané da Gaita, músico e vendedor de doce, e sua cadela Chula; Lai, ex-prostituta e sua madrinha; os gêmeos Cícero e Antônio, filhos do dono da venda; Toni de Maximiliana, vaqueiro matador de gado, filho da sacerdotisa Mãe Maximiliana dos Santos; e Zezito, único filho homem de Luzia, e por quem Maria Teresa se apaixona e planeja se casar.

Ao experimentar o vestido de noiva num sábado de festa, um dia antes do casamento, uma tragédia envolvendo um fazendeiro violento e arbitrário atinge Maria Teresa e muda sua vida para sempre. Narrando o drama que se torna central, ela vai pouco a pouco desvelando ao leitor os sentimentos mais profundos dos que habitam Mata Doce. Surgem então, numa delicada costura narrativa, antigas rixas familiares, segredos do passado, sentimentos clandestinos e muitos mistérios.

Meu irmão, eu mesmo, João Silvério Trevisan 

Categoria: Prosa

Com uma narrativa poderosa e expressiva, Meu irmão, eu mesmo já nasce um livro fundamental de nossa literatura (Capa: Claudia Espínola de Carvalho)

Em 1992, João Silvério Trevisan descobriu-se infectado pelo vírus HIV, e acreditava que teria pouco tempo de vida. A tragédia, no entanto, atinge Cláudio, seu irmão mais novo. Vítima de um câncer linfático, ele falece aos 48 anos. Neste romance autobiográfico impactante, Trevisan aborda a intensa amizade entre ele e seu irmão, compondo um quadro de impressionante veracidade sobre a perda.

Com franqueza incomum, Trevisan fala do amor incondicional pelo irmão e da dor de compartilhar seus instantes finais. Revela muito de si, de sua vida intelectual e de suas relações amorosas. Como pano de fundo, aborda as lutas da comunidade LGBT nos anos 1990, suas conquistas e o pânico frente a uma doença então desconhecida.

Sempre Paris, de Rosa Freire D’Aguiar 

Categoria: Prosa

Bienvenue à Paris dos escritores, dos cafés e das transformações culturais (Capa: Violaine Cadinot)

Durante os anos 1970 e 1980, Rosa Freire d'Aguiar trabalhou como correspondente internacional em Paris. Os restaurantes mais badalados da época, a chegada do primeiro avião comercial supersônico, a devolução do deserto do Sinai ao Egito, tudo que dizia respeito a cultura e política internacional virava notícia, que era rapidamente despachada por telex para o Brasil. E, claro, as longas entrevistas, que marcaram a era de ouro das publicações impressas.

Com um texto saboroso, na melhor tradição do jornalismo literário, a autora reconstitui a atmosfera fervilhante que dominava a cidade – dos cafés e livrarias até os embates sociais e políticos que permeavam o dia a dia dos franceses.

Ninguém quis ver, Bruna Mitrano

Categoria: Poesia

Novo livro de Bruna Mitrano, revelação da poesia brasileira contemporânea (Capa: Kiko Farkas)

Com sensibilidade brutal e contundente, Ninguém quis ver aprofunda reflexões sobre a vida à margem, condição relacionada à desigualdade de gênero, mas também ao contexto geográfico e social.

Nascida na periferia do Rio de Janeiro, Bruna Mitrano faz parte de uma nova geração de autoras que têm reinventado a linguagem poética. Para a professora e crítica literária Heloisa Teixeira, que assina a orelha do volume, a poeta "consagra-se como uma das grandes revelações da poesia contemporânea e da poesia de mulheres, que veio com força para desafiar uma realidade que 'ninguém quer ver' e, assim, construir outro futuro".

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