5 elementos para potencializar a imaginação das crianças

10/02/2022

Não há melhor palco

para um pensamento que dança

do que o lado de dentro

da cabeça das crianças

 

Assim começa o primeiro livro infantil de Emicida, Amoras, com um reconhecimento cheio de poesia da habilidade de criação natural das crianças. Afinal, elas veem o mundo pela primeira vez e criam formas novas de significar e comunicar suas experiências incipientes, que são ao mesmo tempo singelas e gigantescas. Assim, talvez a primeira coisa a se levar em conta quando falamos em desenvolver a imaginação das crianças seja a consciência de que elas já têm plena capacidade de criar e inventar.

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Aso experiências essenciais para a imaginação das crianças

Ilustração de Aldo Fabrini para o livro Amoras, de Emicida

Porém, elas pensam de maneira diferente dos adultos, por meio de sentimentos e imagens. É o que os estudiosos Kátia Tavares e Severino Antonio chamam de pensamento mitopoético: uma forma de pensar em que todas as coisas têm vida, falam e podem se transformar em tudo. Essa atividade criadora se desenvolve, de acordo com os autores do livro A poética da infância (Editora Passarinho, 2019), no brincar de fazer de conta.

Então, para que uma criança potencialize a sua imaginação e sua habilidade criadora, é preciso que, em primeiro lugar, ela possa brincar. Quanto mais livres para brincar, melhor. A pesquisadora e especialista em leitura na primeira infância María Emilia López, no livro Um mundo aberto: cultura e primeira infância (Solisluna Editora, 2018), amplia esse escopo, dizendo que a “primeira infância é a etapa da vida em que se aprende a simbolizar, e simbolizar é a base da experiência de pensamento. Sem brincar, sem cantar, sem ler ou ouvir histórias ficcionais é difícil enriquecer a capacidade de pensar”.

Abaixo, listamos algumas atividades essenciais e indissociáveis para que as crianças exercitem a criação e a imaginação e sigam inventando novas formas de viver e se relacionar!

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1) Brincar

De acordo com Kátia Tavares e Severino Antonio, “brincar é atividade vital, que educa espontaneamente a sensibilidade, a inteligência, a imaginação”. Assim, nesse território/espaço do brincar, a criança exercita, de maneira espontânea, a fantasia, a experimentação, o “criar e recriar sentido”.

Para a antropóloga Adriana Friedmann, no livro A vez e a voz das crianças (Panda Book, 2020) no “brincar há sempre uma história que é contada”, que revela temperamentos, possibilidades e potenciais dos que dela participam. As “brincadeiras são chaves para o desenvolvimento integral de potenciais aprendizagens” e “sementes de possibilidades criativas”, nas palavras de Adriana, além de favorecer a cura física e psíquica, incentivando a construção da autonomia e da autoestima.

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Quais são as experiências essenciais para potencializar a imaginação das crianças?

Ilustração de Dudu e a caixa, de Stela Loducca

 

2) Fazer de conta

Ao mesmo tempo, o fazer de conta “desenvolve a capacidade de interpretação simbólica” e, de acordo com os autores, “a atividade simbólica é vital para a imaginação e para o pensamento criativo, não só na infância, mas em todas as idades”.

 

3) Natureza

Depois de dois anos de pandemia, ficou ainda mais evidente a necessidade das crianças de estar e brincar na natureza. A natureza contribui para a saúde mental, física e emocional dos pequenos, além de proporcionar a descoberta de formas, cores, tons, aromas e sons e instigar a curiosidade, o que direciona sua potência pesquisadora. Adriana Friedmann argumenta que oferecer às crianças “contato com a natureza, espaços variados, diversos materiais e repertórios lúdicos” proporciona o desenvolvimento do “germe criativo dos seres humanos, oportunidades de se expressarem, possibilidades de gestar vidas mais dignas e significativas”.

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Brincar, fazer de conta, ter contato com a natureza, com as artes e os livros são essenciais para a imaginação das crianças

Ilustração de Eu tenho direito de ser criança, da Pequena Zahar

 

4) Arte

María Emilia López defende que as crianças, assim como os artistas, são amigas das musas, que seriam seu próprio impulso de ser: as “musas, tão próximas da brincadeira das crianças e de sua relação com os contos, as histórias, a criação”.

Para ela, além de artistas, as crianças alimentam seu impulso criador por meio do contato com a arte. “Essas experiências vão nutrindo seu imaginário e, ao mesmo tempo, permitem que ele ensaie os modos de construir ideias e metáforas, e, consequentemente, desenvolva a imaginação”, explica.

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Ilustração de Eu tenho direito de ser criança, da Pequena Zahar

 

5) Livros

Eles não poderiam ficar de fora! Com sua forma artística única de apresentar as palavras, os livros infantis e ilustrados enriquecem a sensibilidade, as linguagens e o imaginário da criança. Adriana Friedmann defende que a “diversidade de conteúdos e repertórios que existem na literatura infantil abre o universo da imaginação, da fantasia, dos contos populares, das histórias e narrativas criadas por adultos que já têm essa capacidade de colocar-se no lugar das crianças”. Além da qualidade estética, eles oferecem “toda sorte de temas que podem apoiar as crianças nas suas emoções, curiosidades e levá-las a explorar dimensões desconhecidas”, completa Adriana.

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