
Odilon Moraes: “Vivemos a época de ouro do livro ilustrado”
Um dos maiores pesquisadores do livro infantil e ilustrado, além de autor e ilustrador premiado, fala sobre os últimos - e o que espera dos próximos - 30 anos de literatura infantil
O livro Uma letra puxa a outra, feito por Kiko Farkas e José Paulo Paes, em 1992, primeiro ano de vida da Companhia da Letrinhas, acabou virando um clássico do catálogo, despertando o interesse de diferentes gerações ao longo de três décadas. Quantas crianças já foram alfabetizadas de maneira divertida e lúdica, com ajuda das coloridas páginas? Uma obra de trinta anos que ganhou os prêmios FNLIJ, em 1992, e Jabuti, em 1993, continua fazendo sucesso com o mesmo vigor. Prova de que as boas obras não envelhecem!
Quando crio imagens para algum texto ou poema, procuro pensar na interpretação mais maluca e impossível.
(Kiko Farkas)
Na sequência, em 1993, a dupla fez Um número depois do outro. Desta vez, no lugar do alfabeto, vieram a contagem e os números. Quem foi que disse que a matemática e a apresentação das crianças ao mundo dos numerais precisa ser chata? A obra mostra exatamente o contrário!
Para Kiko, que, na época, era estreante no mundo da literatura infantil, o segredo está aí: podemos e devemos conversar com as crianças sobre vários assuntos e de maneiras diferentes. As últimas três décadas viram essa transformação. “Houve uma libertação dos temas e tratamentos tradicionais”, afirma. Confira a entrevista exclusiva do autor ao Blog da Letrinhas:
*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais.
Kiko Farkas - O primeiro livro, Uma letra puxa a outra, foi também meu primeiro livro infantil. À época, fui visitar Helio de Almeida, que era diretor de arte da Companhia, e mostrar meu portfólio. Ele viu, ali, uma possibilidade e sugeriu que eu fizesse uma tentativa. Minha relação com o desenho era mais como uma ferramenta de raciocínio e para alguns trabalhos isolados. Esse trabalho foi importante porque, a partir desse livro, o desenho passou para um patamar mais importante na minha carreira.
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Acho que houve uma libertação dos temas e tratamentos tradicionais. O mundo subjetivo e riquíssimo das crianças pode ser abordado de mil maneiras. Sem dúvida, a qualidade dos livros infantis melhorou demais nesse período e acredito que o cuidado gráfico e editorial da Letrinhas foi fundamental nesse processo.
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A coisa mais incrível que rolou depois do primeiro e do segundo livro foi descobrir o universo incrível das crianças. Fui a escolas e, até hoje, guardo alguns desenhos produzidos pelos pequenos a partir da leitura dos livros. Quando crio imagens para algum texto ou poema, procuro pensar na interpretação mais maluca e impossível.
Acredito que, nesses tempos e, talvez, daqui para frente, o lugar da literatura infantil seja aquele onde a fantasia impera. Não a fantasia dos super-heróis ou de ficção científica, mas o lugar dentro da imaginação de cada um, desse universo particular que temos dentro de nós - e que é riquíssimo. Outro dia li que a imaginação é oriunda da magia.
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Um dos maiores pesquisadores do livro infantil e ilustrado, além de autor e ilustrador premiado, fala sobre os últimos - e o que espera dos próximos - 30 anos de literatura infantil
O autor começou a escrever poesia para os pequenos na década de 1990, quando a Companhia das Letrinhas nasceu. Desde então, foram vários livros, muitos deles sobre os animais e a importância de cuidar do meio ambiente
A escritora, que borda, junto das irmãs, as ilustrações do irmão, Demóstenes, faz parte da história e representa uma premiada inovação e criatividade, que transcende as páginas dos livros