Laurabeatriz é tão importante na história da Companhia das Letrinhas que a conexão começou antes mesmo do início da editora. Em 1991, um ano antes da fundação, ela ilustrou para a Companhia das Letras o livro Arca de Noé, de Vinícius de Moraes. Depois, já pela Letrinhas, em 1992, ilustrou a versão de Ruy Castro de Alice através do espelho, de Lewis Carroll. Em 1994, começou, dentro da casa, a parceria certeira com o poeta Lalau, com Bem-te-vi e outras histórias. Desde então, foram vários e vários trabalhos, sempre com muita delicadeza e imaginação. 

A Companhia das Letrinhas foi importantíssima para os ilustradores, que passaram a ser muito mais valorizados.
(Laurabeatriz, ilustradora)

Há décadas, Laurabeatriz reforça, de maneira poética, um assunto importantíssimo, sobretudo para as crianças, que vão herdar esse nosso mundo: a preocupação com o meio ambiente. A temática aparece, por exemplo, na Coleção Brasileirinhos, que é uma das preferidas da ilustradora e artista plástica. Aqui, a carioca radicada em São Paulo fala um pouco sobre o início da relação com a Companhia das Letrinhas e sobre as transformações vividas pelo mercado editorial infantil nos últimos 30 anos:

*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais. 

Como começou a sua relação com a Companhia das Letrinhas? Como foi fazer o primeiro livro e o que mais te marcou nesse processo?

Laurabeatriz - Na verdade, acompanhei bem de perto o nascimento da Companhia das Letrinhas. Meu marido, Helio de Almeida, artista gráfico, trabalhava na Companhia das Letras quando ainda ficava na Rua Tupi [no bairro Santa Cecília, em São Paulo]. O Arca de Noé, de Vinicius de Moraes, saiu pela Companhia das Letras, em 1991. O primeiro livro que ilustrei para a Companhia das Letrinhas foi o Alice através do espelho, de Lewis Carroll, recontado por Ruy Castro, em 1992. Foi o segundo da editora. Inclusive, foi a Letrinhas que criou a dupla Lalau e Laurabeatriz, em 1994, com o nosso primeiro livro, Bem-te-vi e outras poesias. Lalau enviou o texto para a editora e eu fui escolhida para ilustrar.

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O primeiro livro da dupla Lalau e Laurabeatriz, lançado em 1994

A Companhia das Letrinhas está completando 30 anos. Nessas três décadas, qual foi a transformação mais importante na literatura infantil, tanto em termos de texto como ilustração e produção gráfica, na sua avaliação, e por quê?

A Companhia das Letrinhas foi importantíssima para os ilustradores, que passaram a ser muito mais valorizados, recebendo direitos autorais. Nessas três décadas, a indústria gráfica evoluiu muito, e ficou mais fácil e mais acessível fazer livros. Um bom exemplo disso aconteceu em 1994, com o livro Bem-te-vi e outras poesias, parceria com o poeta Lalau. Tivemos de fazer metade do livro em preto e branco, para não aumentar os custos.

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Publicado em 1992, o livro é um reconto de Ruy Castro ilustrado por Laurabeatriz

Quais livros infantis foram mais importantes ou marcantes para você nesses últimos 30 anos? Dos publicados pela Letrinhas, qual você citaria?

Três livros muito marcantes para mim, que foram publicados pela Letrinhas, são: 1) Alice no país da maravilhas, com Ruy Castro, em 1992; 2) Bem-te-vi e outras poesias, em 1994, o primeiro da parceria Lalau e Laurabeatriz; 3) A Coleção Brasileirinhos, que começou na Cosac Naify e hoje está - muito feliz - na Companhia das Letrinhas. Acompanho a Companhia das Letrinhas com muito prazer e entusiasmo, como autora e como leitora. Sou fã!

Além dos livros, as crianças têm várias fontes de entretenimento, como telas, vídeos, streamings, games. Como acha que a literatura infantil será nos próximos 30 anos? Qual o grande desafio que autores e leitores terão?

O livro impresso, na minha opinião, é independente, tem vida própria. Não precisa de nenhum mecanismo para ser lido, apenas luz e óculos, se for o caso. Apesar da enorme concorrência dos eletrônicos, tenho certeza de que o livro impresso vai continuar sendo muito importante na vida das crianças. Parabéns para a Companhia das Letrinhas!

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