O amor e os conflitos envolvidos na relação entre irmãos

17/11/2023

Um irmão ou irmã pode ser completamente diferente de você. Ainda que tenham o mesmo pai, a mesma mãe - ou ambos - é possível que vocês não encontrem mais nada em comum. Mesmo compartilhando a mesma casa, sendo criados da mesma forma (será que os pais realmente tratam todos os filhos da mesma maneira?), pode ser que vocês detenham hábitos e rotinas distintos, que disputem atenção e espaço, que muitos conflitos apareçam. Ter irmão não é garantia de ter um amigo para a vida toda.

Mas isso também pode acontecer. Pode ser que você se seu irmão sejam, sim, grandes companheiros. Que haja parceria, afeto, cumplicidade, cuidado. E que esssa relação só vá se fortalecendo ao longo da vida.

Não há regra. O certo é que um irmão ou irmã é alguém com quem temos um ponto de partida em comum - ainda que os caminhos e destinos, mais tarde, possam nos levar por caminhos diferentes. Irmãos podem nos ensinar um bocado sobre o mundo, sobre compartilhar e sobre nós mesmos.

Ilustração de Maurice Sendak mostra Ida e sua irmã bebê, na obra Lá fora, logo ali

Ilustração de Maurice Sendak mostra Ada e sua irmã bebê, na obra Lá fora, logo alique toca no papel de cuidadora que o irmão mais velho normalmente exerce

O livro Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak, é a criação preferida do autor, que se tornou um nome célebre da literatura infantil com sua primeira obra: Onde vivem os monstros?. Lançado no Brasil pela Companhia das LetrinhasLá fora, logo ali conta justamente a história de uma menina corajosa, que tenta salvar sua irmã bebê, sequestrada por duendes medonhos. Entre os sentimentos que a movem nessa missão, estão o amor, o senso de responsabilidade e o instinto de proteção. Enquanto os pais não estão disponíveis, ela tem a certeza de que quem pode cuidar e resgatar a caçula é ela, que  não hesita em fazer o que estiver a seu alcance para conseguir. A obra faz referência à vivência de Sendak com sua própria irmã, que muitas vezes assumia o papal de cuidadora dele. Mas também se inspira em um caso que marcou a infância do autor: o sequestro do filho primogênito de um famoso aviador americano, Charles Lindbergh. O bebê desapareceu e foi encontrado morto, um fato chocante para o autor, que faz referência ao ocorrido em outras de suas obras.

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Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak

Lá fora, logo ali foi citado várias vezes como o preferido do autor, Maurice Sendak, e descreve a jornada fantástica de uma menina resgatando seu irmão

 

Partilha e conflitos: os impactos positivos de crescer com irmãos

A relação entre irmãos, pelo menos em boa parte dos casos, é sim, de vínculo e parceria. Diferente dos amigos, um irmão ou irmã é alguém que entende seus pais e a forma como vocês cresceram - o que inclui boas lembranças e, às vezes, traumas e dificuldades também. “A experiência de ter um irmão é um crescente aprendizado, ao longo do ciclo vital”, aponta a psicóloga Samarah Perszel de Freitas, professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). As vantagens, lembra ela, não ficam restritas ao desenvolvimento infantil, mas acontecem também na adolescência, na fase adulta ou até quando esses irmãos são idosos. “O irmão ensina. A função dele é justamente ser o primeiro ensaio social da criança”, diz ela. “É nesse sistema que ela vai aprender a compartilhar os brinquedos, a defender seu espaço, a cuidar do outro, a cuidar de si. É uma relação em que há muitos ganhos”, afirma. 

“Crescer com um irmão é ter um vínculo e uma possibilidade de aproximação e de compartilhamento que não se compara a mais nada na vida”, concorda a psicóloga Rita Calegari, do iCare Group. “Essa relação é extremamente importante no desenvolvimento porque, primeiro, os filhos aprendem a dividir o objeto de amor, que é o pai e mãe, o que, por si só, é um exercício fundamental do ponto de vista psicológico”, acrescenta. Além disso, ter irmãos estimula na criança um aprendizado mais rápido sobre o mundo, sobre o outro e sobre si mesma, e fornece uma coleção de memórias riquíssimas, que são para a vida toda. “Pode ser uma experiência muito positiva para o desenvolvimento”, diz a especialista. 

Mas atenção: isso não significa que os filhos únicos serão incompletos ou que ficarão para trás. São apenas maneiras diferentes de se desenvolver e conviver. “As crianças que não têm irmãos não necessariamente estão em desvantagem, especialmente porque elas podem crescer com primos, vizinhos e terão colegas na escola que, de certa forma, farão esse papel temporário ou até mais permanente, dependendo do caso, na vida delas”, pontua Rita. 

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Aprender a lidar com as diferenças faz parte do relacionamento entre irmãos

É importante lembrar que, para além dos momentos de cumplicidade e parceria, os conflitos também fazm parte do relacionamento fraterno. “Não necessariamente os irmãos vão se dar bem; não necessariamente esses irmãos, quando crescerem, serão amigos e vão conviver. O ideal, quando imaginamos essas relações fraternais, é de que assim seja, mas estamos cansados de ver à nossa volta irmãos que não se dão bem, irmãos que rivalizam, irmãos que não são companheiros”, aponta a psicóloga Rita.

Embora o ambiente, a educação, a estrutura familiar e a maneira dos pais de cuidarem desses irmãos, de serem referência para eles e de ensiná-los a lidar com possíveis conflitos sejam pontos que influenciam e ajudam a moldar essas relações, sempre há acontecimentos que não são previstos e muito menos controláveis. 

Na relação entre irmãos, os atritos são normais e até esperados. E mais: quando bem manejados, até esses conflitos podem ser vistos como benefícios. “Isso existe na vida”, afirma Samarah. “Por mais que morem na mesma casa e tenham o mesmo pai e a mesma mãe, os irmãos têm personalidades diferentes e refletem o que acontece no mundo. As pessoas são diversas, únicas, então, naturalmente, vão ter divergências. Aprender a lidar com isso com o seu irmão é um ensaio importante para lidar,  depois, com as pessoas que são diferentes de você fora do círculo familiar”, explica.

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Na infância, segundo a especialista, as brigas podem até ser mais intensas porque, em tese, as crianças têm menos recursos para lidar com as diferenças e ainda estão aprendendo. “Porém, ao longo da vida, a tendência é ter uma aproximação, por exemplo, na vida adulta, quando, mais tarde, for necessário compartilhar os cuidados com os pais e administrar outras questões de família. Na velhice, os irmãos tendem as ser boas companhias uns para os outros”, diz a professora. Para ela, ter um irmão é ter uma fonte de aprendizagem inesgotável para o resto da vida. “O irmão torna o outro melhor, porque ele lapida o relacionamento e o desenvolvimento das habilidades sociais”, afirma.

Valorizar a individualidade sem comparar: qual é o papel dos pais na relação entre irmãos

A relação entre irmãos está entre as primeiras que as crianças vão experimentar pela vida e, assim como todas as outras, também será permeada por emoções que vão desde as mais bonitas, como o amor, o carinho, a cumplicidade e a empatia, até aquelas que todo mundo gostaria de varrer para debaixo do tapete: raiva, decepção, ciúme. E está tudo bem! Aos poucos - e com a ajuda dos adultos que os cercam -, as crianças vão aprendendo a reconhecer e a lidar com tudo isso da melhor forma possível. 

Como adulto, qual a melhor forma de ser um apoio saudável, enquanto esses irmãos aprendem a conviver? “A maneira como os pais se comportam com os filhos faz toda a diferença”, afirma a professora Samarah. Uma dica importante é tentar observar como os próprios pais estabeleceram o relacionamento com seus irmãos, na família de origem. Vale se questionar se essas relações são boas e se projetam isso nos filhos. “Além disso, deve-se evitar comparações, porque é algo que pode aflorar a rivalidade, que já existe, mas pode ser potencializada em famílias cujos pais não sabem ou têm dificuldade de lidar com conflitos”, exemplifica. 

Para Rita, entender que cada filho tem uma individualidade, que deve ser respeitada, é primordial. “Mesmo quando são gêmeos, cada criança é única e, portanto, aprende e se desenvolve no seu ritmo”, explica. “Comparar um filho com o outro é passar por cima dessas particularidades de forma até desrespeitosa. Por isso, é muito importante que haja esse cuidado de valorizar o que cada um tem de melhor”, ressalta a especialista.

A influência dos pais é tão sensível que existem diversos estudos que atribuem aos filhos certas características de personalidade de acordo com a posição de nascimento. Não é coincidência o fato de irmãos mais velhos terem uma tendência a serem mais preocupados ou mais responsáveis, irmãos do meio serem mais relaxados e integrativos e os caçulas, mais tranquilos. “O que, na verdade, se modifica não é a posição da criança, mas o fato de os pais acabarem adquirindo habilidades, experiências e conhecimentos entre o primeiro e o último filho”, explica Rita. “Se você nasce depois de um irmão, você não é educado só pelos pais, mas você tem outras influências, informações, outros níveis de energia”, completa. Faz sentido, mas ela também ressalta que isso é uma tendência e não uma regra engessada, já que há muitos casos de irmãos mais velhos relaxados e menos maduros do que os mais novos. “Há um contexto familiar, o momento da vida em que a criança nasce, tudo isso impacta”, acrescenta. 

 

Amor não se divide, atenção, sim

Outra pergunta que todo filho faz em algum ponto da vida é: será que meus pais gostam mais do meu irmão do que de mim? Acredite: isso acontece até nas famílias mais cuidadosas, que tentam, ao máximo, evitar comparações e injustiças. Em geral, aponta Samarah, os pais amam os filhos da mesma forma. O que pode mudar são as afinidades, que também são voláteis e se transformam com o tempo. Haverá momentos em que os gostos do filho mais velho, por exemplo, podem combinar mais com os da mãe e, assim eles terão alguns bons momentos ou conversas juntos, enquanto o caçula curte as brincadeiras do pai. Mais tarde, isso pode ser transformar: o mais velho começa a curtir atividades de que o pai também gosta e o caçula aprende a gostar de algo que é preferência da mãe - e assim vai. 

Também existem momentos ou situações em que um irmão exige mais cuidado e atenção do que o outro. Isso ocorre, por exemplo, quando um irmão é maior e já tem mais autonomia e o pequeno precisa de ajuda para atividades básicas, como se alimentar, dormir e tomar banho. Ou mesmo em casos de alguma situação de saúde, deficiência física ou condição atípica. “O amor e a atenção se confundem no dia a dia”, lembra Rita. “Eu posso amar de forma igual, mas, muitas vezes, a atenção que eu tenho que destinar a um filho, em certos momentos, precisa ser maior. No entanto, a percepção para quem recebe menos atenção é de desamor, é de menos bem-querer - o que pode impactar a construção da autoestima”, explica.

Por isso, é sempre bom explicar e reforçar, mesmo quando pareça óbvio, que você ama seu filho e os motivos pelos quais o outro precisa de mais ajuda naquele momento, de uma forma em que a criança consiga entender. “Muitas vezes, achamos que não é preciso dizer que amamos porque é muito claro, mas isso é mentira. Não podemos deixar de falar o óbvio, especialmente para crianças, porque, emocionalmente, elas podem ser mais imaturas ou até mesmo estar mais fragilizadas e, por conta disso, terem mais dificuldade de perceber o que, para nós, parece tão claro”, orienta.

Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak

Ilustração de Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak 

 

Um é pouco, dois é bom... mas e para os pais, não é demais?

 “Quando você vai ter mais um?". É muito comum famílias ouvirem esse tipo de pergunta - que pode servir uma certa pressão. Por mais que ter um irmão possa ser incrível e traga várias vantagens em termos de relacionamento e de desenvolvimento, e que os pais desejem que o filho vivencie esse vínculo,  há muitos fatores que pesam na hora de decidir aumentar a família. “Já vi casais que dizem que o primeiro filho pedia muito um irmãozinho e que, por isso, acabaram dando. Mas não estamos falando de um videogame ou de um peixinho dourado. É uma vida. É preciso ter muita responsabilidade no planejamento familiar”, lembra Rita.

Se você ponderou e decidiu que, sim, é o momento de ter mais um filho, quanto antes você começar a preparar o mais velho, melhor. Se a gestação for planejada, segundo Rita, os pais podem incluir a criança nos planos, mesmo antes de engravidarem, de fato. Você pode trazer o assunto à tona, por meio de perguntas, de diálogo, de brincadeiras e, claro, de livros. “Sempre respeitando a idade da criança sua capacidade cogntiva”, ressalta. 

Quando a mãe já está grávida - ou na fila de adoção ou qualquer outra maneira pela qual esse irmão vai chegar -, uma ideia é planejar um anúncio. “Muitas vezes, as mães contam para o pai com uma surpresa, um sapatinho, algo que remeta ao bebê. Por que não pensar em algo parecido para dar a notícia ao irmão também?”, sugere a psicóloga. Mas, nesse caso, ela lembra que é importante também alinhar as expectativas, ou melhor, tentar não criar nenhuma, se possível. “A criança pode não dar bola e pode até ter uma reação de não gostar, o que é normal também”, explica. Aos poucos, ela vai compreendendo a ideia e processando as mudanças. Tudo a seu tempo. 

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Detalhe importante: não é apenas o irmão que precisa se preparar para a chegada do bebê, mas a família inteira. “Todo mundo está em um processo de mudança”, diz Samarah. “O filho mais velho não é mais o único, vira o mais velho. A mãe também não é a mesma mãe do primeiro filho; ela já passou por outras situações, o pai também. É uma reconfiguração familiar, então, todos ficam mais sensíveis e o cuidado é para que cada um fique bem consigo mesmo nesse momento e também com o filho mais velho”, reforça. É difícil estar 100% preparado para uma transformação de tanto impacto, mas quando conversamos e entendemos, pelo menos, os contornos do que está para acontecer, a adaptação fica mais tranquila e aceitamos com mais facilidade que, por algum tempo, o tempo ficará nublado, mas vai passar. Para a professora, é preciso lidar com os sentimentos que acabam ficando confusos, emoções afloradas e ciúmes. “Pode ser o que primogênito regrida, volte a querer a chupeta, a engatinhar, a fazer xixi na cama, porque, talvez seja uma forma de chamar atenção dos pais novamente. O que minimiza esse comportamento é muita conversa, honesta, sincera e de maneira que a criança entenda, além de ter o cuidado de valorizar esse filho mais velho, separar um tempo de qualidade dos pais só com ele”. Aos poucos, a criança vai entendendo que não vai perder seu espaço e, mais importante, o amor dos pais. 

Ilustração de Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak

Ilustração de Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak

“O amor dos pais não se divide, se multiplica. Mas a atenção é dividida, porque eles terão de dividir o tempo entre os cuidados com todos os filhos”, aponta Rita. É isso que é delicado explicar para o mais velho, sobretudo dependendo da fase e da idade. Mas com muito amor,  carinho e paciência. dentro das possibilidades da família, tudo vai se encaixando. Quando você menos esperar, vai flagar seu mais velho em um momento de chamego com o mais novo, que vai fazer você esquecer de todo e qualquer perrengue… Pelo menos até a próxima disputa! 

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Ler para criar memórias e fortalecer o laço entre irmãos

Além de leituras que tragam a temática de relacionamentos entre irmãos, para preparar o mais velho para a chegada do bebê, inspirar conversas e gerar empatia, os livros, mais adiante, poderão ser verdadeiras formas de criar vínculos. “Ao ler um livro junto do irmão, ambos podem se beneficiar da história, gostar, ter impressões e reações diferentes… E tudo isso fica na memória”, diz a psicóloga Rita. “Cada criança tem uma percepção de arte, uma percepção do que ouve, do que vê e do que sente. Então, quando os irmãos compartilham essa experiência de ouvir uma história, emoções são compartilhadas”, afirma. 

Além de Lá fora, logo ali, de Maurice Sendak, selecionamos alguns outros títulos que têm tudo a ver com as dores e as delícias de ganhar um irmão. Confira: 

 

Eu também, Patrícia Auerbach (Companhia das Letrinhas)

Os irmãos Tuca e Lipe têm muitas coisas em comum - e também muitas diferentes. Mas o que acontece quando os dois querem tudo ao mesmo tempo? Como vão expressar o que estão sentindo? Em uma narrativa divertida e delicada, Patricia Auerbach e Isabela Santos cativam os leitores ao mostrar como o poder dos gestos pode ser tão forte quanto o das palavras na hora de demonstrarmos afeto.

Eu também, Patricia Auerbach

 

A irmã do Gildo, Silvana Rando (Brinque-Book)

Certo dia, no café da manhã, Gildo olha a barriga da mãe e pensa: "Ela exagerou na comida!". Mas na verdade... ali havia um bebê! Laurinha, a caçula da família, veio ao mundo, e trouxe uma série de mudanças para a vida de Gildo: foi preciso dividir o quarto, os brinquedos e... a mãe! Esta é uma história que faz parte da vida de tantas crianças, contada por Silvana Rando com leveza e sensibilidade.

A irmã do Gildo

 

Zeca conhece Nina, Robert Starling (Brinque-Book)

Zeca está feliz e tranquilo com seus pais, curtindo passeios e aventuras. Até que um ovo chega em sua casa. O que será que tem dentro dele? Então, Zeca conhece Nina, sua irmã mais nova. Primeiro, ele se sente furioso porque ninguém mais tem tempo para ele. Cadê os passeios agora? Depois, ele fica com ciúmes, com raiva e triste. Mas não conta os sentimentos a ninguém. Será que Zeca vai conseguir expressar também o imenso amor que já sente pela irmã?

Zeca conhece Nina

 

Tudo muda, Anthony Browne (Pequena Zahar)

Gregório está em casa, curioso e cheio de expectativa. Seu pai foi buscar sua mãe e avisou que as coisas iam mudar. Mas não disse o quê. Então, o pequeno Gregório começa a imaginar as mudanças mais incríveis ao seu redor - a chaleira se transformando em gato, a poltrona-gorila, a bola que vira pássaro e sai voando. Mas seus pais chegam trazendo uma surpresa completamente diferente do que ele imaginava!

Tudo muda, Anthony Browne

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