
"É benção e maldição": a fórmula do sucesso de Susanne Strasser
A autora conversou com o Blog Letrinhas sobre os contos acumulativos que viraram sua assinatura, seus últimos lançamentos e sua passagem pelo Brasil
Um livro para bebês vai muito além de poder oferecer estímulo cognitivo - para apresentar cores, números, nomes de bichos - ou de ser uma semente na formação de um novo leitor. Ler para bebês é uma experiência afetiva. É um momento de conexão entre a criança e o mediador; uma oportunidade de vivenciar o carinho e a brincadeira com ou sem palavras.
Alguns livros para leitores nesse começo da vida vão ainda além. E acabam dando voz à própria infância. Apresentam perspectivas inusitadas, territórios mágicos, plantam sementes de afeto que nos fazem pisar de novo no chão dos primeiros anos, quando o sentir é mais forte e nem tudo precisa ser explicado para ser entendido.
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Os livros para bebês vêm ganhando mais notoriedade nos últimos tempos e há cada vez um leque mais amplo de experiências. Para inspirar essas leituras, selecionamos alguns títulos que conversam com esses pequenos leitores, trazendo um olhar de encanto para a própria infância:
Texto e imagem se juntam para contar o cotidiano do bebê com poesia. Sob o ponto de vista da criança pequena, o dia ganha novos contornos aliando o que se vê ao que se sente, em uma narrativa de palavras poucas, mas sutilmente ritmadas. A experiência do cuidado, feita com amor, é também percebida e recebida com amor pelo bebê, em uma síntese do laço que é possível de se estabelecer.
“Pipo e a vovó vão passear”. É assim que começa o percurso de uma avó e seu neto em direção ao desejo. Nas perguntas dela sobre o que é que o menino gostaria, as frases interrompidas ganham sentido em um jogo envolvente entre texto e imagem. No final, a presença, o estar junto, é que se revela como o máximo objeto de desejo do neto, nos lembrando como o sentimento de completude na infância pode ser realmente simples, mas tão, tão profundo.
O bebê se prepara para fazer uma grande viagem. A mala é o primeiro passo, é claro! Afinal, quem pode embarcar em uma aventura sem a naninha, a mamadeira e o livro preferido? Nesta obra delicada que enxerga a poesia na rotina, a hora de dormir ganha a metáfora da viagem, adquirindo um novo significado - mais onírico e mais afetivo - para o bebê e para os pais.
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O pequeno mágico entra em cena solene, com toda a pompa: de gravata, terno e cartola. Cumprimenta a plateia e dá início ao show. Toca na cartola e - plim! - um coelho aparece. Toca de novo e… já são dois. Mais um toque… e três! A mágica avança em contagem crescente até que a coisa sai do controle. Que confusão arrumou o pequeno mágico! Uma obra póstuma de um dos maiores autores da literatura infantil mundial que traz um toque extra de magia para os livros de contar.
Aonde foi que se meteu o bebê jacaré? E qual dos mamutes comeu o bolo? Com ilustrações delicadas e cheias de detalhes, este livro-brincadeira convida os leitores a exercitarem um olhar atento, buscando nas imagens o bicho que se pretende encontrar. Ao adulto, cabe perguntar: achou?
Uma grande caixa abriga nove livrinhos - feitos sob medida para pequenas mãozinhas - que funcionam como pequenos catálogos afetivos do cotidiano. A cada volume, um tema: manhã, noite, brinquedos, família… A cada página, uma imagem ilustrativa e uma palavra. Mas longe de se acomodar no óbvio, os detalhes contam pequenos acontecimentos e podem até despertar a graça.
Contos acumulativos cheios de onomatopeias e com finais surpreendentes são a marca da autora, que está entre as preferidas dos leitores da primeiríssima infância. Neste livro, tudo começa na hora do banho. A baleia está plena na banheira, mas a alegria dela não dura muito. A cada página, um novo bicho aparece pedindo para entrar na banheira também e o que era para ser relaxante acaba se tornando um baita aperto! Mas, calma, a baleia dá um jeito de retomar seu sossego…
Os bebês de bichos silvestres, como a anta, a borboleta 88, o tracajá e a onça pintada, não contam com a segurança de um bercinho. Alguns já nascem com futuros ameaçados pelas queimadas, pela caça, pela escassez de recursos naturais. Nesta obra, que é o segundo volume da Coleção Brasileirinhos, os bichos bebês ganham belas ilustrações e poeminhas, que podem plantar o amor pela nossa fauna desde bem cedo.
O coelhinho Bibo faz os bem pequeninos se identificarem com suas aventuras, dando graça a acontecimentos banais. Em Bibo na praia, ele brinca na areia, se assusta com o tamanho de uma onda, tem um encontro inusitado com um siri e termina tirando um cochilinho ao pôr do sol - um dia típico perto do mar. Vale conferir as outras obras da coleção como Bibo na escola, Bibo no sítio, Bibo no mercado.
(Texto: Naíma Saleh)
A autora conversou com o Blog Letrinhas sobre os contos acumulativos que viraram sua assinatura, seus últimos lançamentos e sua passagem pelo Brasil
O mercado de livros para bebês é recente no Brasil, mas tem crescido com a entrada cada vez mais cedo nas creches e o maior interesse pela primeira infância. Mas o que de um livro próprio para bebês?
Roberta Asse fala sobre o crescimento da oferta de livros para bebês nos últimos anos e o que isso representa para a literatura infantil