Salgado volta sua lente militante às feridas abertas da terra brasileira, numa homenagem comovente à gente que nela vive, e por ela morre. Acompanha um CD com quatro canções de Chico Buarque.
Salgado volta sua lente militante às feridas abertas da terra brasileira, numa homenagem comovente à gente que nela vive, e por ela morre. Acompanha um CD com quatro canções de Chico Buarque.
Se existe alguém que merece o título de Cidadão do Mundo, essa pessoa é o fotógrafo Sebastião Salgado. Cidadão porque seu talento tem a marca da generosidade, da luta incansável por uma melhor compreensão do homem; do Mundo porque sua lente solidária ignora preconceitos e fronteiras. "Fotografia militante": essa definição do próprio Salgado sobre seu trabalho - simples, precisa - está em Terra, assim como estava em Trabalhadores, também lançado pela Companhia das Letras. Em ambos, um profundo senso ético alimenta uma estética requintada. Mas enquanto naquele retratava-se o trabalho braçal em mais de vinte países, as cem fotos deste, todas em preto e branco, foram feitas no Brasil, entre 1980 e 1996. São imagens de pessoas de algum modo desterradas: trabalhadores rurais, mendigos urbanos, presos, garimpeiros, crianças de rua - gente vagando entre o sonho e o desespero, como escreve José Saramago no prefácio. Nessas fotos, a luminosidade bicromática reflete paisagens humanas onde pode faltar tudo, a começar pelo espaço mínimo para assentar a vida. Um CD com quatro canções de Chico Buarque (uma delas em parceria com Milton Nascimento) acompanha o livro, que teve lançamento simultâneo em quatro países: Brasil, França, Inglaterra e Portugal.Prêmio Jabuti 1998 de Melhor Reportagem