Com enredos e personagens aparentemente simples, as onze histórias deste volume de contos revelam um mundo onde a ficção surge de pequenas lembranças e do confronto da memória com a imaginação.
Com enredos e personagens aparentemente simples, as onze histórias deste volume de contos revelam um mundo onde a ficção surge de pequenas lembranças e do confronto da memória com a imaginação.
Um menino imagina prever os movimentos da rua que observa de uma janela no sétimo andar. Uma garota deseja conhecer os prédios de luxo dos folhetos que distribui no semáforo. Uma arrumadeira de hotel faz "esculturas frágeis" nas toalhas que prepara para os hóspedes. Em enredos aparentemente simples, em que a ação está mais na cabeça dos personagens do que no mundo exterior, Luiz Schwarcz compõe um delicado panorama sobre lembranças e sonhos de pessoas comuns.
Discurso sobre o capim é a estréia do autor na ficção adulta. O título de alguma forma resume o espírito dessa literatura sempre atenta ao detalhe e à sutileza. No conto "Livro de memórias", um empresário e colecionador de arte emociona-se ao descrever o primeiro quadro que comprou - uma "marinha singela, com poucos elementos". Sua atenção se detém no tufo de capim que brota da areia, e subitamente esse traço ganha mais importância do que suas realizações no trabalho e na vida pessoal.
Os fatos podem ser as aventuras de Tarzan ou o cotidiano claustrofóbico de quem tem medo de sair de casa: para o autor, o que importa é recriá-los pela memória e pelo registro afetivo. E é no decorrer desse processo que se insinua o mistério.