Em romance recheado de reflexões instigantes e acessíveis sobre filosofia e neurociência, o economista Eduardo Giannetti, autor de Autoengano e O valor do amanhã, apresenta um personagem aturdido por uma ideia fixa: desvendar as relações entre mente e cérebro.
Em romance recheado de reflexões instigantes e acessíveis sobre filosofia e neurociência, o economista Eduardo Giannetti, autor de Autoengano e O valor do amanhã, apresenta um personagem aturdido por uma ideia fixa: desvendar as relações entre mente e cérebro.
A ilusão da alma é o relato em primeira pessoa de uma perturbadora conversão filosófica. Após a retirada de um tumor cerebral que o deixa parcialmente surdo, um jovem professor de literatura, especialista em Machado de Assis, isola-se do mundo e passa a viver, entre livros e livros, absorvido por uma paixão intelectual: o estudo da relação entre o cérebro e a mente.
Do embate entre Sócrates e Demócrito no iluminismo grego do século V a.C. aos achados e espantos da moderna neurociência, a trama do livro descreve passo a passo, com detalhe e precisão, mas sem perder a visão de conjunto, a viagem de descoberta do narrador pela história das ideias.
A aventura, contudo, tem um desfecho inesperado, pois à medida que avança nos estudos o protagonista se descobre nas malhas de um credo obsessivo e aterrador: a ideia de que tudo que lhe passa pela consciência - suas alegrias e tristezas, suas memórias, temores e esperanças, seu senso de identidade e sua sensação de liberdade ao agir no mundo - nada mais é senão o produto da atividade de bilhões de células nervosas situadas em seu cérebro. A paixão de conhecimento que nele desperta após a cura do tumor físico dá lugar a um tumor metafísico - uma crença despótica alojada no cerne da consciência anfitriã.
Urdindo com engenho ficção e ensaio, relato confessional e argumento filosófico, A ilusão da alma é uma meditação corajosa sobre a condição humana - uma sinfonia contrapontística sobre a incerteza e a fragilidade do que estamos habituados a crer e pensar sobre nós mesmos. Um livro, em suma, endereçado a todos aqueles que, independentemente de formação acadêmica ou ocupação profissional, mantêm viva a chama de uma irrefreável curiosidade em torno daquilo que o enigma humano, desvendado, possa abrigar.
"Para encontrar a alma", dizia o neuropsicólogo russo Alexander Luria, "é necessário perdê-la". O risco, entretanto, como atesta o drama do narrador deste livro, é fazer da ciência uma religião; é perder a alma para não mais encontrá-la. E se a busca da verdade científica sobre o Homo sapiens resultar na descoberta do nosso autoengano cósmico? E se a retidão cognitiva desaguar, por fim, na loucura? O que prevalece: a verdade a todo custo ou a sanidade mental?