A pesquisadora argentina faz um belo estudo sobre as imagens fotográficas produzidas no Brasil do século XIX, analisando a relação entre a fotografia e a formação da identidade nacional na época do Segundo Império.
A pesquisadora argentina faz um belo estudo sobre as imagens fotográficas produzidas no Brasil do século XIX, analisando a relação entre a fotografia e a formação da identidade nacional na época do Segundo Império.
A íntima relação entre o Império brasileiro e a mídia fotográfica é o ponto de partida deste estudo sobre a história das representações - obra que se torna ainda mais interessante quando consideramos que sua autora é argentina. Natalia Brizuela contempla, analisa e interpreta uma série de imagens produzidas no Brasil por fotógrafos (em sua maioria) europeus ao longo do século XIX - desvelando a oscilante relação entre as representações da realidade, os mecanismos do desejo e a construção de geografias imaginárias. Mais que uma ferramenta para registrar e racionalizar o mundo, a fotografia surge aqui como uma forma de construir identidades compartilhadas e de
reencantar a natureza.
Ao longo dessas páginas, desfilam personagens fascinantes, como Hercule Florence, aventureiro, naturalista, inventor e fotógrafo; Revert Henrique Klumb, alemão que foi um dos primeiros fotógrafos a retratar as paisagens do Rio de Janeiro; e Marc Ferrez, contratado para desbravar e registrar as vastas terras do Império. Ao mesmo tempo, encontramos revelações surpreendentes sobre personagens que já nos são bem conhecidos - o profundo interesse de dom Pedro II e Euclides da Cunha
pela fotografia, por exemplo, aparece nos belos ensaios da autora. Contudo, o verdadeiro protagonista nesse mosaico de relatos é o próprio Brasil - esse espaço ao mesmo tempo familiar e desconhecido, atraente e perturbador, contemplado por tantos ângulos distintos, e jamais decifrado.