O romance de estréia de Daniel Galera, reeditado pela Companhia das Letras, traz um jovem protagonista em busca da própria identidade. Seu impasse vem da dificuldade de escolher entre um cotidiano tedioso e sem riscos e as possibilidades infinitas dos afetos.
O romance de estréia de Daniel Galera, reeditado pela Companhia das Letras, traz um jovem protagonista em busca da própria identidade. Seu impasse vem da dificuldade de escolher entre um cotidiano tedioso e sem riscos e as possibilidades infinitas dos afetos.
Depois de alugar um apartamento vazio no centro de Porto Alegre, um homem de cerca de 25 anos gasta os dias olhando a cidade pela janela, bebendo cerveja e caminhando pela vizinhança. Até que um cachorro aparece em sua porta, e uma modelo chamada Marcela entra em sua vida.
O impasse do narrador também tem um caráter particular: a dificuldade de escolher entre um cotidiano cheio de privações, mas sem riscos emocionais, e as possibilidades infinitas dos afetos. É aí que o mundo se torna mais complexo e interessante. É aí, também, que as paixões cobram seu preço.
Com um estilo minimalista e em algumas passagens virtuosístico, Galera conduz o leitor com um vagar nada gratuito: em suas pequenas acelerações e grandes pausas, é como se Até o dia em que o cão morreu reproduzisse o tempo interno do seu personagem - a lenta evolução, quase despida de acidentes, até que suas certezas iniciais comecem a esmorecer. As últimas páginas, narradas por Marcela, iluminam com sutileza o instante em que tudo pode estar prestes a mudar. É então que, numa história tão marcada pelo signo da morte, a vida enfim dá o ar de sua graça.
Até o dia em que o cão morreu foi adaptado para o cinema por Beto Brant e Renato Ciasca, com o título de Cão sem dono.