Em obra póstuma publicada em 2009, o austríaco Thomas Bernhard, um dos maiores escritores em língua alemã do século XX, comenta com sua acidez característica e fina ironia os prêmios literários que recebeu, tanto na Áustria como na Alemanha.
Em obra póstuma publicada em 2009, o austríaco Thomas Bernhard, um dos maiores escritores em língua alemã do século XX, comenta com sua acidez característica e fina ironia os prêmios literários que recebeu, tanto na Áustria como na Alemanha.
Não foram muitos: nove, no total, desde Frost, o romance de estreia (1963), ainda inédito no Brasil, a Extinção, de 1986. E um deles é considerado o maior prêmio literário da Alemanha: o Büchner.
Alguns, pelo menos, foram dotados de uma soma - decerto bem-vinda, ainda que insuficiente - em dinheiro. Mas estamos falando de Thomas Bernhard. E o que ele tem a dizer sobre prêmios literários, em especial sobre aqueles que lhe foram outorgados ao longo da carreira, nem sempre é muito lisonjeiro.
Meus prêmios, obra que Bernhard preparava para publicação pouco antes de morrer, em 1989, reúne nove relatos, três discursos e a carta em que o autor explica seu desligamento da ilustre Academia de Língua e Literatura de Darmstadt, a instituição que concede o cobiçado prêmio Büchner. No livro, Bernhard relata a rotina muitas vezes hilária da concessão e da outorga de prêmios literários, muitos dos quais o escritor foi receber em companhia da tia septuagenária. Ainda que não se trate de obra de ficção, a escrita de Meus prêmios revela o Bernhard afiado de sempre, revisitando aqui e ali algumas das passagens mais brilhantes de sua obra ficcional, como O sobrinho de Wittgenstein (Rocco, 1992), ou autobiográfica, como Origem.