Publicado pela primeira vez em 1976, quando Amós Oz se preparava para vivenciar um momento de intensa militância política, O monte do Mau Conselho disseca a infância daqueles que, como o próprio autor, estiveram entre os filhos dos pioneiros que desembarcaram na Palestina antes da fundação do Estado de Israel.
Publicado pela primeira vez em 1976, quando Amós Oz se preparava para vivenciar um momento de intensa militância política, O monte do Mau Conselho disseca a infância daqueles que, como o próprio autor, estiveram entre os filhos dos pioneiros que desembarcaram na Palestina antes da fundação do Estado de Israel.
Entrecruzando dados autobiográficos, personagens da "grande" história e as vidas de pessoas comuns, Amós Oz recria, em O monte do Mau Conselho, a sua infância em Jerusalém, entre tantos outros filhos de imigrantes asquenazes. Flagrados entre os anos de 1946 e 1947, meninos de nomes hebraicos convivem com as feridas mal curadas de seus pais, que têm de assimilar o desligamento das raízes europeias.
Se uma das vertentes do sionismo agudizou nos judeus a recusa de seu passado, os cheiros, as cores e as línguas ouvidas nos bairros judaicos expõem à luz do sol o fato de que a Europa não tem como ser uma página virada, o que aliás é enunciado, lapidarmente e em alemão, por uma mulher árabe: "Vocês estão, há quarenta anos, saindo da Europa em direção à Palestina. Não chegarão jamais. Durante esse mesmo tempo nós estamos indo do deserto para a Europa, e nós tampouco chegaremos".
A madame Josette al-Bishari frisa, categórica, que árabes e judeus não poderão se encontrar em algum ponto no meio do caminho, ao passo que Amós Oz parece escrever para afirmar a possibilidade desse encontro.