Nesta sátira de costumes em que a linguagem erudita convive com a de baixo calão, Moacyr Scliar oferece novas e irreverentes versões para conhecidos episódios das Escrituras, em uma narrativa ao mesmo tempo profana e apaixonada.
Nesta sátira de costumes em que a linguagem erudita convive com a de baixo calão, Moacyr Scliar oferece novas e irreverentes versões para conhecidos episódios das Escrituras, em uma narrativa ao mesmo tempo profana e apaixonada.
* Prêmio Jabuti 2000 de Melhor Romance.
Uma mulher de nosso tempo, empregada de uma loja de louças, submete-se a uma terapia de vidas passadas e conclui que numa encarnação anterior, há três mil anos, foi ela que escreveu a primeira versão da Bíblia.
Por meio de um relato em primeira pessoa, conhecemos a trajetória dessa personagem anônima, filha de um pastor de cabras do deserto, que vai a Jerusalém e torna-se uma das setecentas esposas do rei Salomão, apesar de sua notável feiura. Por ser a única letrada do harém, o soberano a encarrega de escrever a história do povo judeu, ainda que para isso ela entre em conflito com os sisudos escribas oficiais da corte.
É pelos olhos dessa mulher feiíssima e intelectualmente brilhante que percorremos os bastidores da corte de Salomão e a vida cotidiana da Jerusalém de seu tempo. Por essa via oblíqua, Moacyr Scliar constrói uma narrativa fascinante, que é ao mesmo tempo sátira e romance de aventura. Como costuma acontecer nos livros do autor, o humor irreverente anda de braços com um profundo humanismo, cujo traço mais evidente é a simpatia pelos deserdados e excluídos.