No ano 2000, o historiador Daniel Aarão Reis escreveu para a Zahar um pequeno livro para a coleção Descobrindo o Brasil, Ditadura Militar, esquerdas e sociedade. Nele, Aarão defende a tese de que, ao contrário do que pensamos, a ditadura no Brasil não foi imposta de cima para baixo, pelas elites, mas seriam, sim, construções históricas de sociedades concretas, apesar e para além das oposições e resistências. A partir desse fio condutor, convidava o leitor a uma viagem crítica pela ditadura militar que a sociedade brasileira construiu.
Hoje, cinquenta anos depois do golpe de 1964, o autor revisita o tema, amplia o conteúdo estudado e traz novas luzes à sua pesquisa. Segundo ele, diferentes versões da história ainda não explicam nem conseguem compreender as raízes, as bases e os fundamentos históricos da ditadura, as complexas relações que se estabeleceram entre ela e a sociedade e, em contraponto, o papel desempenhado pelas esquerdas no período. Também não explicam, nem conseguem compreender, a ditadura no contexto das relações internacionais e na história mais ampla deste país - as tradições em que se apoiou e o legado de seus feitos e realizações que perdura até hoje. Esse então é o desafio que o livro pretende enfrentar.