Publicado pela primeira vez em 1977, Tia Julia e o escrevinhador é uma das obras mais criativas de Mario Vargas Llosa. Neste romance de cunho autobiográfico, o autor conta a história de Varguitas, um jovem peruano de 18 anos, que vive com os avós na Lima dos anos 50. Varguitas, que trabalha para uma rádio popular na capital e nas horas vagas escreve alguns contos, tem sua vida afetada por dois acontecimentos, que, ironicamente, envolvem a Bolívia, país historicamente rival do Peru, terra natal de Vargas Llosa. Primeiramente, surge, no local de trabalho, o contato com Pedro Camacho (o escrevinhador do título), um veterano e excêntrico escritor de radionovelas boliviano, mestre do melodrama e autor de obras de sucesso no país. E, dentro de sua casa, sofre os efeitos de sua paixão por Tia Julia, que, após se divorciar na Bolívia, decide passar uns tempos em Lima, em busca de um bom partido. Com o desenrolar do livro, as obras de Pedro alcançam um sucesso assustador e Varguitas tem sua relação amorosa descoberta e condenada por sua família. Quando estes dois caminhos se entrecruzam, a vida do rapaz se transforma de uma forma que ele jamais conseguirá esquecer. Mario Vargas Llosa consegue em Tia Julia e o escrevinhador entrelaçar memórias autobiográficas e criação ficcional de forma magistral. O autor desvela sua primeira experiência de casamento com um pano de fundo marcante em sua vida: o dramalhão oriundo dos filmes mexicanos dos anos 50. Humor e ironia dosados perfeitamente, que fazem desta obra um clássico da literatura contemporânea.