Alguns dizem que ele morreu de amor. Pode ser. Porque além de compositor, cronista, jornalista, Antônio Maria era um grande sedutor. Mulato, gordo, tratou de desenvolver habilidosa malícia com as palavras - "preciso de duas horas de papo para que as mulheres se esqueçam da minha cara". E foi assim que encantou, no Rio glamouroso dos anos 50, um elenco admirável de belas mulheres, como Danuza Leão - que deixou o marido Samuel Wainer, dono da Última Hora, para ficar com Maria, então cronista daquele jornal. Um dos melhores papos da cidade, colega de copo de grandes músicos brasileiros, como Dorival Caymmi e Vinícius de Moraes, Antônio Maria atravessava as noites de Copacabana em boates famosas como Vogue e Sacha´s, onde circulavam políticos, playboys e estrelas do cinema internacional. Brigão e boêmio, vivia se metendo em confusões e delas saía sempre docemente. Depois de prometer, com Vinícius, nunca fazer nenhum exercício físico que não fosse absolutamente necessário - era o primeiro a se dizer cardisplicente - morreu do coração numa calçada na madrugada de Copacabana, meses depois da separação de Danuza Leão, com quem viveu quase três anos. Um homem chamado Maria nos convida a conhecer este personagem através de um dos textos mais refinados da imprensa brasileira. Escrito inicialmente para a coleção "Perfis do Rio" (Relume Dumará) e esgotado há cinco anos, o livro foi totalmente revisto e atualizado pelo também cronista e jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que acrescentou mais 50 páginas às 130 do primeiro. Nesta nova edição da Objetiva foi incluído ainda o capítulo "Danuza", em que o leitor ganha a versão de Antônio Maria e dos amigos mais íntimos para a paixão que uniu o cronista a Danuza Leão. Paixão sobre a qual ele nunca deixou nenhum relato explícito e de que Danuza trata agora pela primeira vez em sua autobiografia, Quase Tudo. Um homem chamado Maria traz ainda um inédito caderno de fotos nunca antes reunidas, que mostra Maria ao lado da família e de amigos como Carmen Miranda e Edith Piaf.