A Companhia das Letras vem a púbico manifestar sua indignação diante da repercussão do vídeo feito pela diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul, RS, que acusa o livro O avesso da pele, de Jeferson Tenório, de conter palavras de “baixo calão”. Como consequência, a 6° Corregedoria Regional de Educação mandou recolher a obra das escolas até uma resposta do governo federal.
A obra em questão é vencedora do prêmio Jabuti na categoria melhor romance, e foi inscrita e avaliada pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD 2021) para ser trabalhada no Ensino Médio. O avesso da pele foi aprovado por uma banca de educadores, especialistas e mestres em literatura e língua portuguesa juntamente com outros 530 títulos.
O avesso da pele venceu o prêmio Jabut na categoria melhor romance, e foi inscrita e avaliada pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD 2021) para ser trabalhada no Ensino Médio.
Para chegar ao colégio em questão, ainda precisou passar por aprovação da própria diretora, que assinou o documento de "ata de escolha" da obra e agora contesta o conteúdo do livro. Esses dados são transparentes e públicos.
A retirada de exemplares de um livro, baseada em uma interpretação distorcida e descontextualizada de trechos isolados, é um ato que viola os princípios fundamentais da educação e da democracia, empobrece o debate cultural e mina a capacidade dos estudantes de desenvolverem pensamento crítico e reflexivo.
Repudiamos veementemente qualquer ato de censura que limite o acesso dos estudantes a obras literárias sob pretexto de protegê-los de conteúdos considerados "inadequados" por opiniões pessoais e leituras de trechos fora de contexto. O que se destaca em O avesso da pele não é uma cena, tampouco a linguagem, mas sim a contundente denúncia do racismo que se imiscui em todas as nossas relações, até as mais íntimas.