“Tudo que nunca dissemos”: Confira trecho exclusivo do thriller psicológico de Sloan Harlow

18/06/2024

Um romance sombrio, luto e reviravoltas se misturam na trama de Tudo que nunca dissemos, um thriller chocante e comovente perfeito para fãs de Laura Nowlin e Colleen Hoover. Leia abaixo uma prévia exclusiva e garanta a sua pré-venda aqui!

***

Caminhando pelos corredores da North Davis, sinto que não sou mais Ella, mas sim sua sombra, um fantasma vivo. A ideia corta meu coração como papel. Bem que eu queria ser um fantasma. Em outra dimensão, voltaria a falar de verdade com Hayley. Contaria coisas importantes.

Por exemplo, o fato de que Albert Wonsky ficou com o armário dela. Hayley resmungaria: Por favor, salva as fotos do Pedro Pascal, antes que o meu marido seja soterrado por pornô de anime. Depois de dar risada, eu responderia: Foi mal, mas já era.

E diria que o amassado continua lá. Da vez que dei um chute num armário porque tirei B em latim. E ela também, no armário vizinho.

— Tô no estágio da negação — ela disse.

— Acho que você não sabe o que isso significa — retruquei.

Faria questão de que ela soubesse que os restos de cera cor-de-rosa nunca saíram do pequeno vão perto da sala de música. Foi onde Sawyer Hawkins e eu ficamos agachados, com sorrisos maníacos, e pulamos segurando bexigas e um cupcake com uma vela acesa.

— Parabéns! — nós gritamos.

Sawyer.

O nome é como um soco no estômago. Mal consigo pensar nele. Já é demais. Se eu pensar, as minhas costelas vão quebrar de novo.

Então é claro que ele surge no meu campo de visão neste exato momento. No fim do corredor, muito mais alto que Mike Lim, Sawyer está com um sorriso torto por causa do que os dois discutem.

O golpe é tão certeiro que fico paralisada. Apoio na parede e seguro os livros de tal forma que Cálculo I vai ficar gravado no meu peito por dias.

Como se sentisse a minha presença, Sawyer olha de repente. Paro de respirar. Pela primeira vez desde o funeral, cruzo com aqueles olhos castanhos e gentis.

Só que não sobrou nada de gentileza ali.

Sawyer, o único cara que conheço que comemorava mesversários com presentinhos perfeitos, que ficava feliz em providenciar pipoca e Sprite durante as nossas maratonas de Crepúsculo quando Hayley não estava se sentindo bem, que amava minha melhor amiga tanto quanto eu…

Este Sawyer me encara com tanta fúria que dá vontade de vomitar.

Eu já sabia. Ele me culpa.

Eu deveria deixar o julgamento me dilacerar. É o que mereço, pelo que roubei dele. E dela.

Em vez disso, dou meia-volta, reprimindo um soluço de choro, pronta para fugir correndo da escola, talvez para sempre. E acabo dando de cara com o sr. Wilkens.

Opa! Devagar aí!

O psicólogo da escola cambaleia para trás, mas consegue me segurar pelos ombros para eu não cair.

— Nossa. Desculpa mesmo — digo, horrorizada.

— Ah, não, Ella, não tem problema. Você tá bem. Eu tô bem. — Ele abaixa o queixo, tentando olhar nos meus olhos. — Ei. Ei. Foi até bom ter esbarrado com você. Comovocê está?

Dou de ombros, porque não confio na minha voz.

— Tão bem assim? — ele brinca.

Em geral, o sr. Wilkens não usa barba, mas noto uns pelinhos ao longo do maxilar. Os olhos azuis, em vez de brilhantes, parecem manchados como hematomas. Vai ver ele é um desses psicólogos que se preocupam de verdade com os alunos. Talvez também esteja triste.

Tomara que sim.

— Ella, sei que é um dia difícil. Espero que acredite que estou aqui se precisar. — O sr. Wilkens é interrompido pelo sinal. — Ah, salvo pelo gongo. — Ele dá risada. — Não vá se atrasar. Conversamos depois, pode ser?

Ele fica me analisando enquanto me afasto, com a testa franzida de preocupação. Que fofo esse cuidado. E a vontade de ajudar. Nem se dê ao trabalho, sr. Wilkens, eu deveria dizer. Guarde o tempo e o esforço pra quem não é uma causa perdida. Alunos que merecem.

E que não mataram a melhor amiga.

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog