Rosinha dá cara nova ao caipira Chico Bento

11/10/2016

Ninguém melhor do que Rosinha para dar uma cara nova para Chico Bento. Não, não falamos da Rosinha namorada do personagem, o adorável caipira dos gibis de Mauricio de Sousa. É a Rosinha ilustradora, dona de uma palheta de cores sempre bem brasileiras.

Ao receber o convite para ilustrar a história de Chico Bento, a artista fez uma viagem de volta à infância, quando colecionava os gibis do pai da Turma da Mônica e guardava com carinho um autógrafo do já famoso cartunista. Depois, já bem crescida, presenteou os filhos com as revistinhas de seu tempo de menina.

“Cada livro que ilustro busco referências em minhas memórias e não foi diferente com esse livro. Naveguei pelos meus sete anos, pela minha infância, pela minha experiência leitora de gibi”, conta a ilustradora, que também resgatou os momentos de leitura do universo criado por Mauricio de Sousa com seus filhos.

Ao mergulhar na infância pernambucana e depois de percorrer um meticuloso processo de criação, nasceu uma versão bem abrasileirada de Chico Bento, sete anos, cuja história foi publicada pelo cartunista pela primeira vez em 1982. Na releitura de Rosinha, o menino caipira tem traços mestiços e habita um universo de cores quentes, clima tropical. “Nós, brasileiros, somos um povo mestiço. E acho esse colorido das peles lindo demais! Diversidade é fundamental na minha vida.”

“Simples, generoso, curioso e amigo.” É assim que a artista define o personagem de pés descalços e chapéu de palha na cabeça, inspirado num tio-avô do artista. “A vida simples do Chico é o que mais me cativa. Moro num lugar um pouquinho parecido com ele. Não tem o tanto de animais que ele tem, só os silvestres, mas é rodeado de árvores”, descreve Rosinha, que já ilustrou dezenas de livros, entre eles, Histórias do Xingu, dos irmãos Cláudio e Orlando Villas Bôas.

A seguir, conheça as referências, o estudo de cores e os primeiros esboços compartilhados pela artista para recriar Chico Bento.

 

Pesquisa

Na história do aniversário de sete anos de Chico, ele visita a gruta onde costumava brincar quando era menor. Para compor a paisagem desse ambiente em que o personagem viveu suas fantasias, Rosinha buscou diversas referências de imagens de grutas. “Fiquei surpresa com os ambientes internos dessas formações e me imaginei percorrendo cavernas, grutas e lagos. Também fiquei muito encantada com as cores.”

 

Palheta de cores

Inspirada nos tons das cavernas, Rosinha foi criando uma palheta de cores para compor o universo da história. É uma palheta de cores predominantemente quentes. “Isso é uma marca forte da minha infância pernambucana”, complementa a ilustradora.

Esboço e estudo dos personagens

Rosinha conta que se preocupou em manter as características principais do caipirinha – o dente, o chapéu, o cabelo assanhado e a roupa. “Busquei também manter as características que precisava preservar em cada personagem e em seguida fui somando o meu desenho a elas.”

 

Storyboard

O storyboard é um recurso em que o artista esboça as ações dos personagens da história, definindo a sequência que irá compor o livro. “É como conseguimos ter uma ideia geral da narrativa do livro. Como eu já tinha definido a palheta de cores, comecei a fazer os primeiros experimentos de cor no próprio storyboard.”

“Em seguida, parti para os esboços mais definitivos e comecei a pensar com mais detalhe a composição, procurando o ritmo da narrativa, criando contrastes que enfatizassem os sentimentos que o texto tinha me passado.” 

“Como praticamente toda a história se passa dentro da gruta, eu me preocupei em criar movimento e dinamismo modificando a cor dos ambientes e compondo cada página dupla com diferentes pontos de vista”, explica a artista.

 

Estudos de técnica

Para definir qual técnica usar no livro, Rosinha fez vários experimentos com texturas e monotipia (pintar uma imagem sobre uma lâmina plana de metal ou vidro e, então, “carimbar” em uma folha). Mas sentia a necessidade física da textura para transmitir os sentimentos que identificava na história.

A solução foi usar gesso para reproduzir a textura das grutas e aplicar pintura a guache sobre a tinta acrílica. “É uma técnica muito trabalhosa, mas que valia a pena, pois a tinta guache confere um calor e uma luz à pintura que realçariam a textura e trariam um sentimento afetuoso à imagem.”

 

Capa

Finalmente, chegou o momento de produzir a capa, que tem a missão de representar todas as riquezas daquilo que o livro traz em seu miolo. Abaixo, alguns esboços de capa feitos por Rosinha.

 

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