Tecnologia para libertar

08/05/2018

 

Dominar a tecnologia ou ser dominado por ela? Esse é o dilema das novas gerações de internautas e de seus pais, que muitas vezes questionam-se sobre como propiciar o encontro entre a criança e a tecnologia. É nesse dilema também que reside o trabalho do artista Caleb Mascarenhas, que desenvolve para o público infantil oficinas de criação de música eletrônica, animações digitais e programas de computador.

 

Ilustração Marcelo Tolentino

 

Defensor do movimento da cultura livre, aliado ao uso de software livre e da licença creative commons, ele acredita na importância de universalizar o acesso ao conhecimento a partir dos meios digitais, de proteger os dados das pessoas e exigir transparência de empresas e do governo, de promover a internet não só como um espaço de comércio, mas também como lugar para desenvolver políticas públicas com impacto social.

Daí vem o desejo de introduzir as crianças em noções básicas de programação, linguagem que possibilita com que os pequenos criem, com um pouco de estudo, aplicativos, games e até programas. Sem tratar a programação como “linguagem do futuro” e “importante para o mercado de trabalho”, Caleb busca fazer com que as crianças tornem-se futuros adultos alfabetizados na linguagem dos meios eletrônicos – e não apenas meros receptores do que se produz. 

"A tecnologia tem esse lado que nos prende. Com a programação você pode se libertar, desmistificar, não ser controlado pela tecnologia, mas você mesmo controlá-la", conta. Na escola, o ambiente pode ser explorado de forma interdisciplinar, transformando a teoria em prática. "A eletrônica e a programação nos permitem misturar tudo. Por exemplo: é preciso usar conceitos de matemática, como seno e cosseno, raiz quadrada e potenciação, para criar uma animação. É uma forma de aprender assuntos que às vezes a pessoa acha que nunca vai usar, mas que podem ser utilizados de forma criativa."

Nas oficinas que ministra, o comum é que crianças a partir de sete anos já consigam aprender conceitos básicos de programação. "Vou apresentando os componentes de uma forma simples, como se fosse um lego de montar, um circuito simples." É uma nova linguagem que permite a criação de infinitas possibilidades.  Na arte, por exemplo, uma canção pode ser criada com algumas poucas linhas de código ou com um gráfico. "Você pode aplicar a teoria da física para criar arte. No final, você pode gerar um resultado artesanal, quase tanto quanto fazer a mão.”

Caleb aponta como um avanço a criação dos FabLabs em São Paulo, a partir de 2013. Os espaços de criação de projetos de forma colaborativa já incluem máquinas que podem ser usadas para essas questões. Dentro das salas de aula, entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Exceções são os casos como o do professor de matemática que frequentou um curso de Caleb no Sesc Campo Limpo. "Chegou falando que os próprios alunos falavam de arduino, robótica, batalha de robôs", relata, ressaltando que a presença da tecnologia é mais marcada em escolas técnicas da rede estadual de São Paulo, em contraposição às escolas públicas e até em algumas particulares.

 

 

 

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