O primeiro prêmio a gente nunca esquece

27/09/2018

 

Por Renato Moriconi

Com esses dois desenhos, um do Bozo e outro do Lion, o líder dos Thundercats, dois personagens que marcaram minha infância, ganhei o primeiro prêmio da minha vida, o XVII Prêmio do Salão de Festas da Tia Lourdes. Na verdade não sei qual era a edição daquele prêmio, talvez fosse o XXV, o IV ou o I. E na verdade verdadeira, tia Lourdes era minha prima, casada com o tio Marinho, meu primo também. Os chamava de tios porque todo mundo que tinha uns 15 anos a mais do que eu recebia esse pronome de tratamento. No vocabulário infantil da época era uma forma de demonstrar respeito, reverência, equivalente ao Vossa Excelência entre juízes e políticos.

 

 

Bom, voltando ao prêmio, foi uma grande alegria receber o troféu, um carrinho de plástico, com um bote de plástico em cima, mais uma moto de plástico atrás, tudo embalado com saquinho de plástico. Preciso dizer que plastifiquei meus desenhos, assim como a fotografia que vocês veem aqui. 

Recebi o carrinho das mãos dessa senhora que eu não me recordo quem é – provavelmente uma vizinha da minha tia. Eu me senti a grande estrela daquela noite no bairro da Mooca, em São Paulo. O flash da máquina fotográfica, que marca sua presença na fotografia pela luz branca refletida no vidro escuro do salão de festas e na conversão da cor dos meus olhos para vermelho, ajudou a registrar com maior precisão os desenhos que fiz naquele dia, mas também jogou luz sobre minha vestimenta, que não era de gala.

Uma cerimônia como essa pedia algo mais elegante, um traje fino, mas não tive tempo de trocar minha roupa de jogar futebol com bola de meia, algo que fazia quase todo final de semana na casa da tia Guiomar (essa, sim, minha tia de verdade, que cuidou de mim e do meu irmão como uma mãe), que era vizinha da tia Lourdes. Mas creio que meu shortinho estilo Diego Maradona e minha camiseta curta de boleiro de apartamento não estragaram o registro desse momento tão feliz para mim.

Depois, celebramos esse prêmio com as coxinhas e os sanduíches de carne louca que estavam servindo no salão. Com nossas mãos besuntadas pelo molho dos sanduíches e pelo óleo dos salgadinhos, ficou difícil abrir o saquinho de plástico do carrinho. Por isso fui brincar com ele somente quando cheguei em casa.

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