A Scholastic, editora original do Capitão Cueca, lançou neste ano uma campanha para descobrir os superpoderes que a leitura pode dar a todos nós, pobres mortais. Por isso percorremos alguns cantos da cidade em busca de depoimentos de meninas e meninos a respeito desse tal poder que só a leitura dá. Depois de feitas as perguntas, as respostas, com a supervelocidade da imaginação, voam longe. Coisa que parece produzida em laboratório, por radiação, algo fora do normal mesmo. Mas, na verdade, é só coisa que surge em cabeça de criança.
Quando se está com os pés sujos de areia no parquinho à tarde, interromper a brincadeira para dar entrevista não parece uma das ideias mais interessantes. Mas, para Isabela, de 7 anos, sim. A menina, empolgada, responde com convicção qual é o superpoder da leitura: sabedoria. E logo chama a melhor amiga para participar da conversa. Maria, por sua vez, também de 7 anos, tem um pensamento que articula corpo e mente. Os livros, alimento para o cérebro, como que em um passe de mágica, energizam as pernas. Ler, para ela, dá o superpoder de pular.
Ilustração Marcelo Tolentino
Outra Maria, esta de 10 anos, em uma biblioteca, comenta acreditar que são três os superpoderes que podem ser adquiridos pela leitura: inteligência, criatividade e liberdade. Liberdade para imaginar as coisas, ela explica. E já pensou em algo mais permissivo do que imaginação livre? Parece se tratar de um daqueles buracos negros no espaço onde tudo cabe. Já que adentramos o assunto do cosmos e dessa questão do buraco negro que até pouco tempo parecia insolucionável, podemos falar de outros mistérios do universo.
Como o Sr. Krupp, diretor reclamão da Escola Primária Jerome Horwitz, que em um estalo de dedos virou Capitão Cueca. Esse é o livro favorito de José, de 8 anos. Na verdade, ele ama a coleção toda, pois os livros são “engraçados e legais”. Para ele, o superpoder da leitura é algo como o que menina Maria, aquela que conhecemos na biblioteca, falou: “superimaginação”. O super-herói da leitura teria: cabeça de livro e uma capa especial, feita de página cheia de histórias.
O super-herói da leitura da menina Alice, de 9 anos, seria diferente: teria a roupa laranja, botas e máscara azuis e capa vermelha. Seria um “fazedor de mágicas”, capaz de realizar transformações e “criar coisas com a criatividade”. “Ele pensa a coisa e puf”, detalha. “Puf eaparece?”, você deve estar se perguntando. “Se ele quiser que apareça sim, senão, não precisa”, ela completa. A onomatopeia talvez tenha origem nos gibis que a menina diz gostar de ler; soa como natural. Já o menino Rafael, de 8 anos, que compartilha desse amor pelas histórias em quadrinhos, diz que o aprendizado é o superpoder que se conquista com a leitura.
Assim como a maioria das crianças que encontramos, Juliana, de 11 anos, tem a sua predileção pelos livros de aventura, considera-os mais interessantes. Mas, veja só, seu livro favorito é uma biografia – Diferente como Chanel (Cosac Naify). Em uma rápida visita ao passado, uma tentativa de justificar: “Acho que é por conta da história dele... é um livro que minha mãe lia bastante pra mim quando eu era pequena”. O super-herói literário que vem à sua cabeça é inteligente, tem muito o que dizer, ensinar e mostrar. Acredita que seus professores se pareçam com esse herói, “porque eles ensinam muita coisa e ajudam quando precisa”.
Sabedoria, inteligência, aprendizado, criatividade: são diversos os superpoderes indicados pelas crianças. Mas há um consenso entre elas: tal poder não se se adquire por uma mutação genética ou por picada de inseto, não. É adquirido por treino, prática, dedicação. E também por incentivo de outros superleitores.