Depois de um período em que o significado da palavra “férias” ficou um pouco distante da realidade, com a pandemia, isolamento social e até fechamento de fronteiras, em alguns casos, finalmente, é possível voltar a sonhar com as viagens. Viajar com crianças requer um bom planejamento, mas a diversão vem em dobro, já que é incrível descobrir o mundo também pelo olhar delas. Os passeios podem ficar para lá de interessantes, se você conseguir aguçar (ainda mais) a curiosidade dos pequenos pela região escolhida. E os livros ajudam - e muito - nisso! Mas também permitem que as crianças viajem para muitos e muitos destinos mesmo quando a família não vai viajar para lugar nenhum.

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Ilustração da série Diário de Pilar, de Flávia Lins e Silva e Joana Penna

 

As histórias, com personagens e narrativas, podem instigar as crianças a querer saber o que esperar do local que vão conhecer em breve (ou a despertar o planejamento para uma viagem futura). Fica ainda mais legal conhecer aquele monumento que o seu protagonista favorito visitou ou brincar em um parque onde aconteceu uma aventura inesquecível do herói daquelas páginas que vocês leram juntos, antes de dormir. 

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A estratégia também é interessante para quem não vai viajar por agora. O lado  bom é que você não precisa nem arrumar as malas. Basta escolher suas histórias favoritas e começar a jornada aí mesmo, do conforto do seu sofá. 

Selecionamos 10 livros para você viajar pela leitura, com destinos para todos os gostos, que você pode conhecer por meio de histórias divertidas. Prontos? Apertem os cintos e decolem com a gente! 

 

1. O diário de Pilar na Índia (também na Grécia, Amazônia, África, Machu Picchu, China, Egito), de Flávia Lins e Silva e Joana Penna (Pequena Zahar)

Pilar é uma menina que viaja por vários lugares do mundo, por meio de uma rede mágica. Com seu amigo Breno e o gato Simba, ela conhece Grécia, Egito, Machu Picchu, África, China, Amazônia, cada destino em um livro diferente e superdivertido. Ela faz um mergulho profundo em cada local que visita, mostrando ao leitor, por meio de suas aventuras, os pontos turísticos, as histórias, as tradições, a cultura, as lendas e mitos. Flávia Lins e Silva, a autora da série, esteve em alguns lugares sobre os quais escreveu na coleção. Para outros, viajou por meio de pesquisas extensas e trouxe o que há de mais interessante em cada um.

O diário de Pilar na Índia, por exemplo, foi criado durante o auge da pandemia de covid-19, quando as saídas de casa eram muito restritas. Mas é uma obra riquíssima, com várias informações e detalhes sobre o Taj Mahal, o Rio Ganges e até o Dalai Lama. A turma viaja de trem, riquixá (uma cadeira sobre rodas puxada por uma pessoa) ou bicicleta, faz aulas de yoga e meditação, fica maravilhada com os ensinamentos de Buda e a história de Gandhi e é convidada até para um casamento indiano. Nos outros títulos da coleção, a autora faz a mesma imersão, mostrando cada lugar.

O da Amazônia é especialmente interessante porque desperta nas crianças a vontade de conhecer essa parte muito importante do Brasil. “Quando comecei a escrever a Pilar foi porque as crianças só falavam em ir pra Disney, e tudo bem ir pra Disney, mas tem tanto lugar bacana no mundo para conhecer, e no Brasil tem a Amazônia. Não é possível que as crianças não tenham o desejo de conhecer a Amazônia! Então, foi para também colocar esse desejozinho de ampliar os horizontes, conhecer o mundo, amar o diferente e se interessar pelas outras culturas, ver que a diferença é que é a riqueza”, disse Flávia, em entrevista ao Blog em 2021. 

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2. Viagem pelas histórias da América Latina (e também do Brasil e do Norte), de Silvana Salerno, Companhia das Letrinhas

Com tantas riquezas bem ao lado do Brasil, nem é preciso ir tão longe para ficar fascinado com belas paisagens, encantos naturais, construções incríveis e históricas e culturas cheias de detalhes, alguns muitos parecidos com os nossos e outros completamente diferentes. A partir de lendas famosas de cada região, Silvana Salerno convida os leitores a uma viagem por 22 países diferentes da América Latina. Além das histórias marcantes de cada nação, narradas de uma maneira envolvente, as páginas trazem ilustrações de Biry Sarkis que representam os personagens e também fotografias e informações da geografia e cultura dos países correspondentes.

As crianças vão navegar por Argentina,  Chile, Peru, Cuba e todos os outros países irmãos, que compõem este vasto e rico território chamado América Latina.“É um continente muito rico e diverso, em termos de natureza e de cultura. Muita gente viaja para outros lugares, até mais distantes, como Europa, Estados Unidos e acaba não conhecendo tudo isso que está aqui ao lado”, explicou Silvana Salerno em entrevista ao Blog. 

Além deste, o leitor pode viajar pelo Brasil em outros livros de Silvana Salerno: Viagem pelo Brasil em 52 histórias, Qual é o seu norte? e São Paulo

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3. Vamos dar a volta ao mundo?, de Marina Klink, Companhia das Letrinhas

Uma expedição de barco, ao lado de uma das famílias de navegadores mais famosas do mundo. Essa é a proposta de Vamos dar a volta ao mundo?, escrito por Marina Klink, que, ao lado do marido Amyr Klink, e das filhas Laura, Tamara e Marininha, desbravou diferentes partes do globo terrestre. No livro, a mãe conta cada detalhe de todas as aventuras e fala dos bichos, das plantas, das estrelas e, claro, do mar.

Já pensou como seria a sensação de escorregar na neve na Antártica? Ou reconhecer os habitantes de um deserto? Ou ainda entender as diferenças entre auroras austrais e boreais? Além das histórias sobre as passagens por vários lugares curiosos do planeta, como os gelados extremos Polo Sul e Polo Norte, as páginas trazem fotos das expedições dos Klink, ajudando a transportar os leitores para os locais visitados. 

 

4. A carta de Moussa, de Roser Rimbau e Rocío Araya, Brinque-Book

Como é que se desenha um som? Ou vários deles? Moussa é um menino que vive no distrito de Thille Boubacar, no Senegal, África. Com muita poesia, o livro de Roser Rimbau, ilustrado por Rocío Araya, transporta o leitor para a aldeia. Moussa, o personagem principal, recebe uma folha de papel de “presente” do vento e decide usá-la para desenhar o local em que vive para o seu pai, que mora longe.

Enquanto ele observa as diferentes características do espaço, os lugares, os formatos, as pessoas, as atividades e os sons, ele tenta decidir como resumir, com traços de um desenho, a melhor definição da aldeia. A intenção é que quem está de fora possa compreender todo o lugar, em uma folha. Enquanto ele decide e procura uma ideia, o leitor o acompanha e vai entendendo cada pedacinho do que Moussa quer mostrar. O projeto visual e gráfico ganha ainda mais vida porque o livro conta também com desenhos reais de crianças que vivem no povoado. 

 

5. Abrapracabra no mundo, de Fernando Vilela, Brinque-Book

Com uma palavra mágica, pluft! Um portal se abre e você chega em Kyoto, no Japão. Repete e, num piscar de olhos, em Nova York. Fala de novo e aparece ao lado dos jacarés no Pantanal. Em Abrapracabra no mundo, a cabra Euzébia usa uma lâmpada encantada para aparecer em diferentes lugares do planeta - basta dizer “abrapracabra”. Em cada um deles, ela aprende um pouco sobre as principais atrações, pontos turísticos, habitantes e até os idiomas. Isso mesmo! Nas conversas de Euzébia com os amigos (e inimigos também) que vai fazendo por onde passa, aparecem expressões comuns desses outros países. Assim, além de ler sobre as características e costumes, dá para aprender um pouquinho de como se comunicar em outras línguas. Um bom começo para não passar aperto em viagem nenhuma, seja ela real ou imaginária, não é mesmo? 

A cabra Euzébia também viaja para outros lugares em Abrapracabra! e Abrapracabrabrasil. O autor Fernando Vilela tem ainda outros livros que nos fazem viajar por aí, como Tapajós e Contêiner.

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6. Vovó veio do Japão, de Janaina Tokitaka, Mika Takahashi, Raquel Matsushita e Talita Nozomi, Companhia das Letrinhas

Um passeio lá do outro lado do mundo, de mãos dadas com vovós cheias de carinho e sabedoria. E tem jeito melhor de passar as férias? Em Vovó veio do Japão, as crianças podem conhecer um pouco melhor esse país, tão distante e com uma cultura fascinante. Tem brincadeiras, histórias, culinária, roupas, costumes… No livro, quatro meninas se divertem com suas avós, lá chamadas de obaatians, que vieram do país oriental apelidado de Terra do Sol Nascente e mostram, em pequenas aventuras, como é a vida por lá.

 

7. Prisioneiros da geografia para jovens leitores, Tim Marshall, Pequena Zahar

Quando se pensa em viagem, uma das primeiras coisas que vêm à mente são os mapas. Os tradicionais mesmo, ainda em papel, continuam fazendo sucesso. Quem nunca pegou em um destino de viagem um daqueles panfletinhos com os pontos turísticos das cidades ou até o mapa que mostra as linhas de metrô? Hoje, tem também os mapas digitais, que ficam na palma da mão, pelo celular. Mas este livro de Tim Marshall usa doze incríveis mapas ilustrados para contar, de um jeito divertido, como a geografia influencia a situação política e econômica de diferentes países.

A obra informativa vai muito além do aprendizado e cativa os jovens leitores, que entenderão muito sobre o mundo, enquanto viajam e se divertem com os mapas. Pelas páginas, dá para compreender por que algumas guerras acontecem, por que alguns países são muito ricos, enquanto outros são muito pobres, e qual a importância de montanhas, rios, mares, etc para a escolha dos líderes mundiais. É uma verdadeira viagem - de onde o leitor, certamente, vai sair com muito mais conhecimento sobre o mundo em que vivemos e a forma como as sociedades se organizam hoje. 

 

8. A viagem de Mao-Mi, Lisa Bresner, Companhia das Letrinhas

País mais populoso do mundo e também uma das maiores potências econômicas do globo, a China é um lugar que desperta o interesse de muita gente. Além disso, muitos dos hábitos, pratos e produtos que temos hoje, no mundo todo, surgiram lá. Foi lá que inventaram o macarrão, a pizza, o guarda-chuva, a pipa, o fósforo… Dá para imaginar? Dá, sim. E com a ajuda de Flor Selvagem e seu amigo, Tang, fica ainda mais divertido.

Em A viagem de Mao-Mi, a dupla viaja no tempo e descobre essas e outras invenções do país oriental. A aventura começa quando Mao-Mi, o gato de Flor Selvagem, se perde no passado. Então, os dois amigos vão em busca do animal e acabam encontrando muito mais. O livro traz curiosidades sobre a história, a cultura, as características e o vocabulário da China. No fim, tem até uma listinha, com alguns ideogramas (símbolos usados para escrever em chinês), junto com a pronúncia e o significado. 

 

9. Nas águas do Rio Negro, Drauzio Varella, Companhia das Letrinhas

Ao percorrer a região da Amazônia para pesquisar plantas que poderiam funcionar como medicamentos, o médico e escritor Drauzio Varella ouviu várias histórias, contadas pela população ribeirinha e povos indígenas que ali habitam. Contou todas elas aos seus netos, que adoraram e pediram mais, de novo e outra vez. Por isso, decidiu colocar tudo em um livro e, com as belíssimas ilustrações de Odilon Moraes, nasceu Nas águas do Rio Negro.

O rio que dá nome à obra percorre a região da Amazônia e é o terceiro maior do mundo! No livro, os leitores são apresentados a algumas das lendas mais famosas do folclore brasileiro, como a do boto cor de rosa e do Curupira, assim como animais da floresta, como a onça-pintada. A fantasia se mistura com a realidade, quase mágica, do lugar e tudo vira uma coleção de histórias fascinantes, para ler quantas vezes quiser. 

 

10. A queda dos moais, de Blandina Franco, Lollo e Patricia Auerbach, Escarlate

Moais são aquelas estátuas enormes erguidas na Ilha de Páscoa, no Chile. E é para lá que esse livro segue. Em A queda dos moais, o leitor acompanha a viagem de férias do pré-adolescente  Joaquim e sua família para a ilha. De acordo com o menino, não tem nada ali, apenas as grandes estátuas, que são a atração principal - só que elas parecem ter caído de cara no chão. A partir daí, começa a narrativa divertida, que é um passeio pelo mundo dos moais e, ao mesmo tempo, apresenta diferentes formas de texto: panfletos, jornais, receitas, e-mails, mensagens… Todos esses formatos ajudam a entender a história e a desvendar o mistério das estátuas caídas.