Nem sempre as fronteiras entre as artes são evidentes. 

Literatura, música, teatro, artes visuais - todas têm intersecções que podem ser mais ou  menos óbvias, inspirando e alimentando umas às outras. Texto, som, cores, formas, ritmo - tudo isso se mistura em infinitas possibilidades. Palavras são escritas no compasso de  melodias. Imagens ganham representações na cena, nos sons, em movimentos. 

Uma ode à estação mais vibrante do ano em Verão (Companhia das Letrinhas, 2024), de Suzy Lee

No caso da literatura infantil, há muitas obras que traduzem música em narrativas. Que dão formas gráficas e textuais a melodias ou que pensam em adicionar uma camada à experiência leitora, que passa a ser acompanhada por música. Selecionamos alguns títulos que fazem isso, trazendo tons inusitados às histórias e nos fazendo vibrar - e cantar! Confira: 

Verão, de Suzy Lee (Companhia das Letrinhas, 2024)

Em uma experiência literária sinestésica, a consagrada autora transforma em narrativa o espírito da estação mais quente do ano, inspirando-se no concerto As Quatro Estações de Vivaldi - um QR code no final do livro direciona o leitor para um vídeo que toca a sinfonia. Em uma atmosfera fluida e experimental, a artista usa diferentes técnicas gráficas para transformar melodia em imagens, ilustrando a energia e as brincadeiras que marcam o verão - sem esquecer das tempestades súbitas que também fazem parte da estação. A obra, dedicada à própria mãe da autora, ganhou o prêmio Bolonha Ragazzi, da Feira Internacional do Livro Infantojuvenil de Bolonha, destacando-se como um dos melhores lançamentos de 2022. Em edição especial, o livro lançado por aqui tem capa dura, sobrecapa que se transforma em pôster e impressão em dois tipos de papel diferentes (um brilhante e um fosco). 

Neguinha, sim! (Companhia das Letrinhas, 2023) de Renato Gama com ilustrações de Bárbara Quintino

Um dos maiores sucessos da Coleção Canoa, que oferece literatura de qualidade a preços acessíveis, esta história celebra a identidade e a ancestralidade negras, com versos que exaltam a beleza dos olhos de jabuticaba, do cabelo brilhante como o sol… A canção transformada em livro é do autor, Renato Gama, mas ficou conhecida na voz de Izzy Gordon.

Amoras, de Emicida (Companhia das Letrinhas, 2018)

Na obra de estreia de Emicida na literatura infantil, vemos a canção Amoras ser interpretada em forma de livro: “Entre amoras e a pequenina eu digo: As pretinhas são o melhor que há”. Em uma narrativa empoderadora, mergulhamos nos pensamentos tão profundos que habitam a cabeça das crianças, capazes de nos revelar verdades profundas em uma simples visita ao pomar. 

O baiacu que adorava fantasias, da Banda Fera Neném com ilustrações de Rômolo d’Hipólito (Brinque-Book, 2024)

Era uma vez um baiacu que adorava fantasias. Se vestia de pirarucu, de tucunaré, guaiamum… sempre cheio de cores e brilhos e lantejoulas e tules. Mas ao ser constrangido, o bichinho ficava nervoso e… inflava!  O baiacu virava bola. E sua fantasia rasgava-se todinha. Um livro nascido a partir da canção de mesmo título da banda Fera Neném, que tem composições autorais para crianças, e que fala sobre a beleza de ser livre para ser quem se deseja ser.

Guarda-chuva amarelo, de  Ryu Jae-soo e Shin Dong-il (Companhia das Letrinhas, 2022)

Contemplação. Olhos e ouvidos atentos. O que acontece ao observarmos e ouvirmos o que nos cerca? Somos apresentados à jornada de um guarda-chuva amarelo que cruza a cidade em um dia chuvoso, em uma narrativa que combina imagens e sons. A história vem acompanhada de uma playlist elaborada pelo compositor Shin Dong-il, que criou canções especialmente para acompanhar as imagens intensas que compõem este livro-ilustrado.

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