A história da revolta dos negros muçulmanos que, na Bahia do século XIX, pretendiam abolir a escravidão africana. A imbricação entre religião e identidade étnica é o argumento central do livro, um clássico sobre os estudos da história dos negros no Brasil, publicado originalmente em 1986. Reedição revista e ampliada, com cerca de oitenta imagens de época.
Companhia das Letras
Liberdade por um fio
João José Reis (Org.) e Flávio dos Santos Gomes (Org.)R$ 109,90
A história da revolta dos negros muçulmanos que, na Bahia do século XIX, pretendiam abolir a escravidão africana. A imbricação entre religião e identidade étnica é o argumento central do livro, um clássico sobre os estudos da história dos negros no Brasil, publicado originalmente em 1986. Reedição revista e ampliada, com cerca de oitenta imagens de época.
Na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, em Salvador, enquanto os católicos comemoravam, na igreja do Bonfim, a festa de Nossa Senhora da Guia, negros africanos celebravam o Ramadã em suas senzalas. A celebração evoluiu para uma revolta, da qual não participaram exclusivamente muçulmanos, mas que foi por eles concebida e liderada.
O levante envolveu cerca de seiscentas pessoas, o equivalente a 20 mil pessoas na Salvador de hoje. A revolta terminou com muitos feridos, centenas de presos, além de mais de setenta rebeldes e dez de seus adversários mortos. A maioria dos rebelados era de membros da nação nagô, em cuja língua, o iorubá, muçulmano é imale. Daí malês, o vocábulo iorubá aportuguesado.
Os objetivos dos rebelados não foram totalmente esclarecidos: queriam o fim da escravidão dos africanos, mas não é certo que almejassem extinguir a escravidão como sistema de trabalho na sociedade brasileira. Há depoimentos que os acusam de terem planejado a escravização de mulatos e o massacre de brancos e negros nascidos na Europa e no Brasil.
O autor discute a religião, os escritos, a dieta, o vestuário e as formas de organização dos malês. O livro analisa ainda o contexto histórico da rebelião: expõe as estruturas sociais e econômicas da época, a rebeldia dos homens livres, a série de revoltas escravas acontecidas na Bahia desde o início do século XIX e a natureza específica da escravidão urbana.
Rebelião escrava no Brasil foi publicado originalmente em 1986 pela editora Brasiliense.