Os autores mostram que, entre a passividade e a agressividade que os historiadores costumam atribuir ao comportamento escravo, havia uma posição intermediária: a da negociação engenhosa para conquistar, em meio às adversidades, um modo de vida próprio.
Os autores mostram que, entre a passividade e a agressividade que os historiadores costumam atribuir ao comportamento escravo, havia uma posição intermediária: a da negociação engenhosa para conquistar, em meio às adversidades, um modo de vida próprio.
A historiografia brasileira por muito tempo encarou a escravidão de forma bastante rígida. O escravo foi visto alternadamente como herói ou vítima e, sempre, como objeto, fosse de seus senhores, de seus próprios impulsos ou mesmo da História que se propunha a estudá-lo. Negociação e conflito propõe uma nova e iluminadora abordagem do tema, resgatando as pequenas e grandes conquistas do dia-a-dia daqueles que, inversamente ao que até hoje se supôs, resistiam a se tornar meras engrenagens do sistema que os escravizara. Eduardo Silva e João José Reis mostram que, entre a passividade absoluta e a agressividade cega que os historiadores acostumaram-se a atribuir ao escravo, havia uma posição intermediária: a da negociação, a do compromisso com o sistema, a da engenhosidade no sentido de conquistar, em meio a todas as adversidades, um espaço onde se pudesse construir o próprio viver.