Depois de satirizar o mundo da repartição pública em A utopia burocrática de Máximo Modesto, Dionisio Jacob volta sua ironia para o universo da TV. Num romance que alia inteligência e humor, utiliza diversas técnicas narrativas para retratar o pequeno mundo das celebridades, do sucesso fácil e das veleidades da sociedade brasileira.
Depois de satirizar o mundo da repartição pública em A utopia burocrática de Máximo Modesto, Dionisio Jacob volta sua ironia para o universo da TV. Num romance que alia inteligência e humor, utiliza diversas técnicas narrativas para retratar o pequeno mundo das celebridades, do sucesso fácil e das veleidades da sociedade brasileira.
O personagem central do segundo romance de Dionisio Jacob, é um sujeito indeciso, sem vocação para o sucesso. Lima, o protagonista de Assombros urbanos, define-se como aquele que sempre chega depois que a festa acabou. Foi ator de teatro de vanguarda na década de 70 - quando levava "duas horas para atravessar, completamente nu, um pequeno palco de seis metros" -, fez terapia do grito primal, morou em comunidade hippie, foi ator de comerciais e acabou como apresentador de Assombros na madrugada, programa de TV que vai ao ar às duas da manhã - e que ninguém assiste.
Ele se sente à vontade por apresentar, com muito mau humor, um programa ignorado pelo público. Lima entrevista indivíduos "peculiares", como o dono de uma planta carnívora que pretende ensiná-la a ser vegetariana, um alfaiate que se considera o rei do mundo e procura desesperadamente uma mulher para dar continuidade à sua dinastia, um sujeito cujo amigo se transformou num perigoso sapato tumultuador e um fiscal sanitário que denuncia um sanduíche que ataca freqüentadores de lanchonete.
Para o azar de Lima, porém, o programa que ele apresenta começa a fazer sucesso e se torna um fenômeno de audiência, causando uma série de transtornos em sua vida. Num texto marcado pelo humor, Dionisio Jacob satiriza a desorientação da sociedade brasileira pós-ditadura.