Sem nunca se ater a um gênero específico - Istambul é parte autobiografia, parte ensaio e parte elegia - Pamuk traça uma história afetiva de sua cidade e revela, "com os olhos da memória" - nas palavras do escritor Alberto Manguel -, os personagens, as ruas e becos, os grandes e os pequenos acontecimentos que definiram sua vida.
Sem nunca se ater a um gênero específico - Istambul é parte autobiografia, parte ensaio e parte elegia - Pamuk traça uma história afetiva de sua cidade e revela, "com os olhos da memória" - nas palavras do escritor Alberto Manguel -, os personagens, as ruas e becos, os grandes e os pequenos acontecimentos que definiram sua vida.
Istambul - antiga Constantinopla, sede do Império Bizantino - é uma cidade encravada no meio do grande dilema que se apresenta para a humanidade neste início de século: o encontro entre Ocidente e Oriente. A secularização promovida por Atatürk - herói nacional e fundador da Turquia moderna, em 1923 - baniu as roupas típicas, coibiu costumes milenares e transformou progressivamente o panorama local. Para Orhan Pamuk, que nasceu e passou toda a sua vida na cidade, embora os habitantes tenham cumprido as novas regras, no espírito do povo turco essa operação nunca se completou. Entre a modernização crescente e o apego ao passado, entre ter sido um império e conhecer a decadência, criou-se nos habitantes um sentimento de melancolia que permeia toda a cidade, e também este livro.
O centro de tudo é o Edifício Pamuk, construção que no início da década de 50 abrigava, espalhada em seus andares, toda a família do autor. Circulando pelos corredores do edifício, o pequeno Orhan tenta dar sentido a coisas que vê mas não entende por completo: as ausências do pai, as fotografias espalhadas pela avó, o indefectível piano que todos seus parentes têm nas casas, mas que nunca tocam.
Conforme cresce, ele ganha as ruas, em longos e solitários passeios, e começa a se impregnar dessa tristeza coletiva que assombra a cidade. Mas, ao mesmo tempo em que de certo modo o oprime, Istambul fornece a ele um repertório de imagens - as casas na beira do Bósforo, os incêndios das mansões dos paxás, as enciclopédias de curiosidades compradas em sebos - que para ele ganham enorme força simbólica, e que estarão sempre presentes em sua obra. Como a Dublin de Joyce e a Buenos Aires de Jorge Luis Borges, Pamuk tira da cidade a experiência que o conduziu à arte.
"Encantador, profundo, maravilhosamente original." - Alberto Manguel
"A história de uma melancolia invisível e de como ela age na mente de um jovem cheio de imaginação." - The New York Times
"Uma leitura fascinante para todos que se interessam por essa ponte imaginária que separa o Ocidente do Oriente" - The Economist