Neste livro, a premiada autora de Persépolis faz uma defesa radical da criação artística através de um episódio da vida de seu tio. Frango com ameixas pertence ao mesmo ciclo autobiográfico que consagrou a iraniana Marjane Satrapi como um dos maiores nomes dos quadrinhos da atualidade.
Neste livro, a premiada autora de Persépolis faz uma defesa radical da criação artística através de um episódio da vida de seu tio. Frango com ameixas pertence ao mesmo ciclo autobiográfico que consagrou a iraniana Marjane Satrapi como um dos maiores nomes dos quadrinhos da atualidade.
Se em Persépolis Marjane Satrapi empreendeu um relato autobiográfico, em Frango com ameixas não é sua própria vida que está em foco, mas a de seu tio. Artista como ela, Nasser Ali começa a narrativa com uma tragédia pessoal: durante uma briga, sua mulher destruiu o antigo e precioso tar (um instrumento de cordas da tradição persa) que o celebrizara como um dos maiores músicos do país. Nasser Ali sai em busca de um novo instrumento, mas parece impossível encontrar um que tenha o som tão perfeito como o que ele herdara na juventude, durante seus anos de formação. A procura pelo tar o leva a conflitos com a família, com os amigos e com sua própria identidade de artista - é como se ela tivesse se rompido junto com o instrumento. Começam a vir à tona, então, as escolhas que ele poderia ter feito e as conseqüências das escolhas que fez, como a de se casar com a mulher que viria a destruir o seu maior bem.
A narrativa traz as grandes marcas que fizeram a fama de Persépolis correr mundo: a combinação da simplicidade dos desenhos com uma notável capacidade para contar histórias, em que um humor peculiar, o misticismo persa, as complicadas relações com a cultura ocidental e a singularidade da família de Marjane. O que pode parecer uma história bastante específica se mostra universal. Sobreposta à biografia de Marjane - uma artista que só encontrou seu meio de expressão ao enfrentar os conflitos políticos e culturais de seu país -, a história pode ser lida como um belo manifesto pela liberdade de criação artística e pela arte como sinônimo máximo da individualidade. O tom predominante, marcadamente triste, não impede que o humor se infiltre, o que nos dá prova de que Marjane Satrapi está entre as grandes contadoras de histórias dos nossos dias.