Um pesquisador inglês está escrevendo a biografia do escritor John Coetzee, já falecido, concentrando-se no início de sua carreira. Para tanto, consulta os Cadernos do autor e entrevista quatro mulheres e um homem que teriam convivido com ele.
Um pesquisador inglês está escrevendo a biografia do escritor John Coetzee, já falecido, concentrando-se no início de sua carreira. Para tanto, consulta os Cadernos do autor e entrevista quatro mulheres e um homem que teriam convivido com ele.
Novo lançamento do premiado autor sul-africano J. M. Coetzee (Nobel de 2003), Verão é o terceiro livro da trilogia Cenas da vida na província, composta também por Infância e Juventude. Coetzee lança mão de artifícios narrativos refinados para compor um relato de ficção autobiográfica, construído de maneira múltipla e indireta.
Quem estrutura a história é um pesquisador inglês, Vincent, interessado na vida de John Coetzee, autor que já morreu. Para escrever a biografia de Coetzee, Vincent recorre a outras fontes: os Cadernos do autor, com anotações autobiográficas, e entrevistas com pessoas que o conheceram.
O biógrafo concentra-se nos anos 1970, período que precede o reconhecimento literário do jovem John Coetzee, então nos seus trinta anos.
Nesse momento de maturação do jovem, vivia-se a plena vigência do apartheid, e John Coetzee retornava de uma temporada nos Estados Unidos.
John tem de se readaptar a um país em estado social convulsivo, ao convívio com a família tradicional, de ascendência africânder, e às desconfianças com relação ao seu comportamento excêntrico.
Os limites entre ficção e autobiografia se esgarçam nesta obra e permitem que o autor sul-africano componha um retrato admirável de si próprio, em que fala sobre suas limitações e seus desejos, sobre suas posições políticas, filosóficas, pedagógicas e estéticas. Neste excepcional Verão, não há espaço para vaidade ou autocomiseração. Ao contrário, imperam o senso crítico, a autoironia e a inventividade literária.