Honesto e até impiedoso consigo mesmo, Otto Lara Resende enfileira cartas em que relata ao amigo Fernando Sabino seu cotidiano em lugares como Bruxelas e Lisboa. A insônia, a literatura, os amigos (como Vinicius de Moraes, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos) e as mudanças culturais no Brasil e na Europa aparecem na prosa inteligente desse carteador incurável.
Honesto e até impiedoso consigo mesmo, Otto Lara Resende enfileira cartas em que relata ao amigo Fernando Sabino seu cotidiano em lugares como Bruxelas e Lisboa. A insônia, a literatura, os amigos (como Vinicius de Moraes, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos) e as mudanças culturais no Brasil e na Europa aparecem na prosa inteligente desse carteador incurável.
Amigos desde a juventude em Belo Horizonte, Otto e o escritor, cronista e editor Fernando Sabino (1923-2004) mantiveram uma ligação epistolar como poucas em nossa literatura. É sob todos os aspectos uma proeza em um tempo em que não havia computadores pessoais (mas máquinas de escrever) nem e-mail (era preciso bater perna até o correio) nesse vasto intercâmbio entre os dois autores ao longo do tempo e de diversas cidades.
Este volume inédito traz as cartas de Otto a Sabino ao longo de mais de trinta anos de uma sólida amizade - que perduraria até a morte do primeiro, no início dos anos 1990. Enviadas de lugares como Rio de Janeiro, Bruxelas e Lisboa (nestas duas últimas cidades Otto viveria como adido cultural), as cartas trazem o ponto de vista singularíssimo de um autor sobre os mais diversos aspectos da vida: dos amores à literatura, das transformações nos costumes à política do Brasil.
Nestas cartas escritas com mão levíssima e dicção altamente literária, comparece um elenco de personagens que iriam decidir os rumos do Brasil nos mais diversos campos, da literatura à política, da música popular às finanças. Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Jânio Quadros, San Thiago Dantas, Chico Buarque e João Goulart, entre muitos outros, aparecem como protagonistas, interlocutores ou mesmo em sublimes (humorísticas ou amorosas) evocações de um autor que assim definiu seu gosto por escrever tantas cartas: "Não é grafomania. É civilidade".