Nem manual acadêmico, nem obra de divulgação, A arte da narrativa bíblica é sem dúvida um dos grandes ensaios literários das últimas décadas. Publicado em 1980, tornou-se um clássico, tal a força, a erudição e a criatividade de suas leituras da Bíblia hebraica.
Nem manual acadêmico, nem obra de divulgação, A arte da narrativa bíblica é sem dúvida um dos grandes ensaios literários das últimas décadas. Publicado em 1980, tornou-se um clássico, tal a força, a erudição e a criatividade de suas leituras da Bíblia hebraica.
À maneira de seu mestre Erich Auerbach, o ponto de partida de Alter, ao analisar a Bíblia, é tão simples quanto ambicioso: longe de servir de adorno a uma obra que seria fundamentalmente teológica, moral e dogmática, os elementos artísticos e narrativos dão forma ao cerne dos livros bíblicos. Afinal, a Bíblia hebraica apresenta-se como uma seqüência de relatos que vão da cosmogonia do Gênese aos tempos históricos dos reinos israelitas. Para o autor, a leitura voltada para a composição literária desse material torna-se a via de acesso privilegiado ao sentido dos relatos bíblicos, em sua trama complexa de ficção, história nacional e teologia.
Dessa perspectiva, Alter examina todas as questões centrais que a narrativa bíblica suscita. Por que esses textos são escritos em prosa, e não em verso? Por que o diálogo é tão onipresente? Quais convenções regem a caracterização dos personagens e das cenas? Os livros bíblicos são obras coesas ou apenas colchas de retalhos contraditórias e compostos a séculos de distância? Sem abstrações ou anacronismos, Alter responde a essas questões por meio de análises surpreendentes de histórias e passagens bíblicas, que assim recobram toda sua vibração e convidam o leitor contemporâneo a revisitar esses textos fundamentais da imaginação ocidental.