Uma seleção feita pelo próprio Millôr com poemas, pastiches, quadrinhos e contos publicados no "Pif Paf" mostra os diferentes estilos que só um "autor sem estilo" seria capaz de criar.
Uma seleção feita pelo próprio Millôr com poemas, pastiches, quadrinhos e contos publicados no "Pif Paf" mostra os diferentes estilos que só um "autor sem estilo" seria capaz de criar.
Dos anos 1940 a meados da década de 1960, o semanário O Cruzeiro foi a revista mais vendida e influente do Brasil, com tiragens que chegavam a cerca de 700 mil exemplares, e um número de leitores estimado em 4 milhões por edição. Uma das seções mais populares era uma página dupla de humor intitulada "Pif Paf", assinada por um certo Emmanuel Vão Gôgo, cujo nome verdadeiro era Millôr Fernandes, um jovem precoce de vinte e poucos anos que trabalhava na imprensa desde os quinze. Primeiro livro do autor, publicado em 1949, Tempo e contratempo é uma seleção de poemas, contos, crônicas, sátiras, pastiches e piadas visuais dos onze anos de Millôr em "Pif Paf", que já na época alternava diferentes estilos com a naturalidade que só um "escritor sem estilo" - como ele costumava se autodenominar - é capaz de ter. A respeito do interesse que o nosso filósofo maior da vida cotidiana tinha sobre os mais variados assuntos, Luis Fernando Verissimo diz, na apresentação deste volume, que Millôr "andava (ou corria, ipanemamente, de sunga) entre as coisas deste mundo, amando tudo e acreditando em nada. Já tinha nos dito que a morte é hereditária, mas isso não era razão para nos resignarmos a ela. Tudo que fez na vida foi em desrespeito à morte".